Zoológico de São Paulo realiza trabalho para salvar espécie de felino da extinção

nd

ter, 26/12/2000 - 12h05 | Do Portal do Governo

O Zoológico de São Paulo está realizando um trabalho para evitar extinção de espécies de felinos. O Setor de Mamíferos do Zoo possui uma ‘creche’ onde são criados animais cujas ‘mães’ não têm leite suficiente para amamentá-los. É o caso de dois filhotinhos de ‘Leopardus tigrinus’ – espécie popularmente conhecida como gato-do-mato-pequeno e que está ameaçada de extinção no Brasil, pesando pouco mais de cem gramas cada, que estão sendo criados com mamadeira, na ‘creche’ do Setor de Mamíferos.

Separados da mãe, que não tinha leite suficiente para criá-los, os filhotinhos estão recebendo 10 gramas de leite a cada quatro horas, ministradas numa mamadeira especial. ‘Como os animais não podem passar muito tempo sem se alimentar, uma bióloga cuida deles também no período noturno’, explica a chefe do Setor, Kátia Cassaro.

Para evitar a extinção de espécies de felinos, o Zoológico paulista construiu há alguns anos mais de uma dúzia de recintos especiais para filhotes de felinos onde, com recursos fornecidos também por entidades internacionais, foram alojados pequenos animais silvestres ameaçados como o gato-maracajá, gato-palheiro, gato-do-mato-pequeno e gato-mourisco.

Com cuidados especiais e domínio de técnicas de manejo, acasalamento e alimentação, o Zoológico já conseguiu reproduzir mais de 20 desses animais. ‘Nossa equipe já domina de tal forma o trabalho, que rapidamente percebemos quando alguma coisa não vai bem, como no caso desses felinos, que não recebiam leite suficiente’, explica a bióloga Kátia Cassaro. Por isso mesmo os animaizinhos foram deixados por apenas uma semana com a mãe, explica a bióloga Mara Cristina Marques, e depois que receberam o primeiro leite, o colostro, importante porque fornece anticorpos essenciais, foram levados para a ‘creche’, onde estão recebendo um leite especial para felinos, importado.

O diretor do Zoológico, Professor André Luiz Paranhos Perondini, conta que a reprodução em cativeiro deve garantir, a médio prazo, que haja disponibilidade de felinos silvestres para envio a outras instituições científicas, onde os animais continuarão a se multiplicar, evitando assim a extinção.

O ‘Leopardus tigrinus’ é um gato de olhos amarelos, pelagem de fundo creme, sobre a qual há rosetas arredondadas de duas cores, quase negro na parte de fora e cor de ouro-velho no interior. Justamente por causa da beleza de sua pele, esse animal foi muito caçado e hoje tem sua distribuição reduzida.

Originariamente o ‘tigrinus’ podia ser encontrado da Costa Rica, dfs Andes até a Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas, Brasil, Paraguai e Norte da Argentina. Ele se alimenta de ovos, pequenos mamíferos e pássaros. Sua gestação é de 70 dias, nascendo um ou dois filhotes por cria e seu crescimento é rápido. Aos 10 dias, os gatinhos abrem os olhos, apresentam os primeiros dentes com duas semanas de idade e com pouco mais de um mês já estão experimentando comida sólida. Aos 11 meses os filhotes são tão grandes quanto os adultos e a partir dos dois anos chegam à maturidade sexual.