Voluntários da Polícia Militar desenvolvem programas sociais em São Paulo

Os programas atendem crianças, adolescentes e pessoas carentes, proporcionando qualidade de vida e espírito de cidadania

seg, 18/06/2001 - 16h12 | Do Portal do Governo

Os programas atendem crianças, adolescentes e pessoas carentes, proporcionando qualidade de vida e espírito de cidadania

No Ano Internacional do Voluntariado, vêm à tona inúmeras atividades, desenvolvidas há muitos anos, por iniciativa dos policiais militares do Estado de São Paulo. A necessidade de dar amparo aos mais necessitados, sejam eles portadores de deficiência ou moradores de rua, está cada vez mais explícita, principalmente quando a exclusão e a carência em que vivem interferem no convívio social e no desenvolvimento de sua cidadania.

Decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o ano dedicado ao trabalho voluntário estimula o espírito de cooperação. Um exemplo disso é a vasta lista de ações sociais desenvolvidas por policiais militares durante o período de folgas, com a intenção de contribuir na reinserção dos excluídos sociais. Entre tantas opções, foram selecionados alguns programas que têm trazido resultados bastante satisfatórios.

Bombeiro Mirim Juvenil Voluntário

O sargento Roberto José Caetano coordena a ONG BMJV – Associação Bombeiro Mirim Juvenil Voluntário, que, desde 1991, promove cursos de bombeiro para crianças a partir de nove anos de idade. Em 1989, após socorrer 70 crianças em um incêndio, o sargento Caetano começou a ministrar palestras sobre prevenção de incêndios e, em 1991, deu início às aulas. Hoje, vários policiais militares doam parte de suas horas de folga ministrando cursos de Bombeiro Mirim para crianças de 9 a 13 anos, Bombeiro Juvenil, para crianças de 14 a 17 anos, e Bombeiro Voluntário, para adolescentes a partir de 17 anos.

As aulas são dadas aos domingos de manhã em uma escola estadual e em duas favelas da Capital. Em 1993 essas aulas eram dadas também em um núcleo da Febem. Nessa época, Paulo Roberto, detento da Fundação, participou do curso e hoje, com 26 anos, é instrutor da BMJV. Outra história interessante é a da bombeira Karen Fernandes. Quando tinha 17 anos, inscreveu seu irmão mais novo no curso Bombeiro Mirim e se interessou em participar. Hoje, aos 23 anos, Karen é PM e trabalha no quartel da Ponte da Casa Verde.

Segundo o sargento, o projeto é ainda mais antigo. Em 1970 já havia cursos de Bombeiro Mirim em um quartel no município de Sorocaba, que continuam acontecendo hoje em muitas cidades do Interior. ‘Eu tomei conhecimento disso anos depois de iniciar as atividades em São Paulo’, explicou.

Clube da Turma

O tenente da Polícia Militar, Josafá Bispo de Lima, hoje na reserva, coordena o Programa Clube da Turma, que existe desde 1999 e atende crianças do bairro de Ermelino Matarazzo e região, no Parque Ecológico do Tietê. Todos os dias, quatro ônibus da Sociedade Amigos de Ermelino Matarazzo transportam cerca de 400 crianças até o parque para participarem de aulas sobre primeiros socorros, prevenção de incêndio, higiene e saúde e prevenção ao uso de drogas. Além disso, existe a escolinha de futebol, aulas de digitação, taekwondo e reforço escolar.

No último dia 21 de abril, o Clube da Turma levou um grupo de 90 crianças para escalar o Pico do Jaraguá. Segundo o tenente Bispo, foi um passeio ecológico e educativo no qual as crianças levaram um saquinho para recolher o lixo deixado pelos turistas. ‘O Clube é uma forma de tirar a criança das ruas no período em que ela não está na escola. Tem mãe que vê que o filho da vizinha não está mais na rua e inscreve o seu filho para participar do Clube’, explica. O tenente realiza trabalhos voluntários desde 1968, quando educava crianças para serem guardas-mirins. Seu principal lema é : ‘Se educarmos as crianças de hoje, não será preciso punir o adulto de amanhã’.

Movimento Unificado de Defesa da Criança e Adolescente de Rua

O Mudar – Movimento Unificado de Defesa da Criança e Adolescente de Rua – é uma entidade beneficente que tem como principal objetivo melhorar as condições de vida das crianças de rua e inseri-las na sociedade, com todos os direitos e deveres de cidadão. Criado em 1993 com a intenção de centralizar o trabalho realizado por instituições voltadas ao menor abandonado, aproximando entidades e otimizando o trabalho por elas realizado, o Mudar estendeu suas atividades e atende hoje necessitados de todas as idades e circunstâncias. Todos os sábados pela manhã, voluntários se encontram em um galpão na avenida Cantareira, na Zona Norte da Capital, para atender as pessoas que chegam em busca de ajuda.

O Programa não tem vínculo com nenhuma entidade e aceita doações de todas as partes. As pessoas que querem ajudar o Mudar se mobilizam para prover uma família de alimentos, providenciar documentos, completar o dinheiro da passagem de um senhor que precisa voltar para sua cidade no Nordeste do País. O Tenente Coronel Gilson Lopes da Silva, presidente do Programa, costuma dizer que as coisas no Mudar acontecem naturalmente. ‘Um belo dia nós tentamos entregar uma cesta básica para moradores de rua, mas para eles não interessava a cesta, pois não tinham onde fazer a comida. Então nós nos propusemos a buscar um almoço para eles. Isso criou um vínculo, a gente começou a levar comida aos domingos’, conta.

Assim como estas, outras histórias comoventes foram acontecendo no Mudar e pelo menos cinco mil pessoas já foram e ajudadas pelos voluntários. O Programa também montou um abrigo que funciona como um lar para oito crianças que não tinham onde morar e hoje, além de casa, têm estudo.

Grupo Reviver

Há dois anos, o sargento Edson Henrique dos Santos e a soldado Adriana Ruiz coordenam o Grupo Reviver em Taubaté. Reconhecido pelo Conselho Municipal de Taubaté, tem como objetivo orientar familiares e dependentes químicos (drogas e álcool), visando a reintegração na sociedade. Todas as quintas-feiras são realizadas reuniões com a participação de médicos, psicólogos e assistentes sociais. Os casos mais graves são encaminhados para internação em instituições sem fins lucrativos. ‘Nós utilizamos o método ‘Os 12 Passos’ do Grupo Narcóticos Anônimos, além de dinâmicas de grupo que visam resgatar a auto-estima do dependente e da família’, explicou Santos.

Semanalmente, entre 30 e 35 pessoas comparecem às reuniões e é permitida a participação não só de dependentes como também de familiares e amigos. Paralelamente é realizado um trabalho de palestras em escolas e igrejas da comunidade. Segundo o sargento, alguns veículos de comunicação também apóiam e divulgam o trabalho cada vez mais conhecido na região e no Estado. ‘Outro dia recebi a ligação de uma senhora do Pará que tem problemas com um irmão dependente. Ela esteve aqui nos visitando’, contou o sargento Santos, lembrando que o Grupo Reviver já recuperou 25 dependentes, 24 usuários de drogas e uma pessoa dependente do álcool, muitos continuam no grupo como voluntários.

Clube de Férias

Desde 1986, a 4ª Companhia do 21° Batalhão da Polícia Militar do Interior, sediada em Cubatão, desenvolve o Clube de Férias, uma atividade para as crianças durante as férias escolares de julho e janeiro. Coordenado pelo soldado Lorivaldo Salomé, o clubinho tem como objetivo tirar as crianças das ruas durante as férias, ‘evitando que fiquem à mercê de pessoas de má índole, como marginais e traficantes’, esclareceo soldado Lorivaldo Salomé.

O Clube promove passeios ao Jardim Zoológico, na Capital, visitas a parques ecológicos, quartéis da PM e outras atividades que proporcionam noções de civismo, sociabilidade e recreação. ‘Nós esperamos que esses momentos juntos possam contribuir na formação do caráter das crianças’, destaca o soldado, que atendeu em janeiro deste ano sua 29ª turma, completando 18 mil crianças.

Doação de Sangue

A Polícia Militar de São Paulo é tradicionalmente conhecida pela solicitação constante por parte de hospitais e instituições de saúde para a doação de sangue. A participação dos policiais é intensa e, segundo o capitão Terra, os oficiais exercem suas funções quase sempre no limite da segurança exigida para os doadores de sangue, ou seja, prazo de 60 dias entre uma doação e outra para homens e 90 dias para as mulheres.

Programas Sociais desenvolvidos pelo Governo por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública

O Governo do Estado de São Paulo também desenvolve uma série de programas sociais, muitos deles, por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Programa Educacional de Resistência às Drogas

O Proerd é desenvolvido há sete anos em São Paulo e tem como objetivo a prevenção às drogas nas escolas. Originário de Los Angeles, o Programa existe há 18 anos e é aplicado em mais de 40 países. As aulas são dadas em escolas públicas e particulares, a pedido da própria entidade. O cursos duram 17 semanas e são aplicados a crianças de 9 a 12 anos. Na 17ª semana, o aluno participa de uma formatura com os pais e recebe um certificado. Apoiado por uma cartilha, o Proerd desenvolve assuntos como auto-estima, os meios de comunicação, comerciais de cigarro e bebidas alcoólicas e pressão do grupo (jovens que experimentam a droga para se enturmar).

Segundo o tenente Carlos Eduardo Righi, coordenador do centro de treinamento da PM, os policiais se reúnem com os pais, no início do curso, para explicar em que consiste o trabalho que será feito com as crianças. ‘Nós utilizamos uma estratégia lúdica e não acadêmica, realizamos dinâmica de grupo e teatralização. As crianças adoram’, conta.

Durante as aulas, os policiais falam bem da vida, criando um ambiente positivo em sala de aula e um meio saudável de aprender. ‘Essa é uma idade na qual a criança precisa ter modelos de vida. Ela gosta do policial e vê nele um modelo positivo’, argumenta o tenente, explicando que esse é um trabalho muito gratificante. Segundo Righi, trabalhar com a criança que é uma pessoa receptiva, podendo ver os resultados positivos, é importante até para a auto-estima do policial.

Em 1999, o Proerd esteve em 1.955 escolas do Estado, atendendo 211 mil crianças. No ano passado, 262 mil crianças participaram do projeto em 2.531 escolas. Atualmente, 914 policiais ministram as aulas em 24 Estados do Brasil.

Programa Jovens Contra o Crime

O JCC foi criado para assistir escolas e comunidades, implantando ou mantendo métodos de prevenção contra o abuso de drogas, a ação de gangues, violência, roubos, alunos desistentes e outras condutas negativas. As atividades do Programa são definidas pelos próprios estudantes, que são os principais beneficiados.

O projeto começou em Miami, no ano de 1979 e foi apresentado pela primeira vez no Brasil pelo tenente Gerald Rudoff do ‘Miami-Dade Police Department’, na cidade de Bauru/SP, em 1999, durante um Seminário sobre Polícia Comunitária. A partir de então, o Brasil adotou o JCC na busca pela reversão do alarmante problema de drogas e violência em várias escolas, sendo pioneiro na América Latina. Em Bauru e região, onde o JCC do Brasil atua, houve uma queda nos casos de violência nas escolas em poucos meses de implantação.

A PM visita as escolas e, detectando a existência de problemas, propõe a formação da ‘Gangue do Bem’, que consiste em um grupo de alunos voluntários entre 12 e 18 anos, com a participação de pais e um policial que trabalha como orientador. O papel da gangue é buscar soluções para os problemas existentes na escola ou ligados a ela. ‘Em Pirajuí tínhamos uma infinidade de problemas. Os alunos das três escolas públicas saíam no mesmo horário e se encontravam na mesma praça. Sempre havia briga entre os alunos. A Gangue de uma das escolas sugeriu que alternassem os horários de saída e acabou o problema’, contou o capitão Benedito Roberto Meira, coordenador do JCC. Outra história aconteceu há dois anos com uma menina de 15 anos, usuária de drogas, ‘normalmente, essas pessoas são isoladas pelo grupo,e, no caso dela, a solução encontrada foi a de trazer a menina para um grupo de convívio saudável. Ela deixou as drogas’, explicou o capitão.

Projeto Beija-Flor

Uma iniciativa do Comando do 4º Batalhão de Polícia Florestal e de Mananciais, que tem por finalidade levar os adolescentes a experimentar um estudo mais aprofundado da natureza. Em 1996, após a realização do projeto piloto, teve início o Programa nas escolas de São José do Rio Preto.

Os policiais militares tornam-se professores e discutem diversos assuntos, dentre os quais o problema do lixo, a poluição geral, os animais, os peixes e as florestas, de forma clara e atraente. O Beija-Flor é realizado por meio de um estágio de dez horas/aula para alunos de 7ª série. Com metodologia inédita e recursos avançados, o curso inclui 70% de atividades, jogos ecológicos, músicas, filmes, apresentação em transparências e 30% de teoria.

Segundo o coordenador do Programa, tenente-coronel Décio, ensinando os adolescentes, a família é influenciada por eles e também aprende a preservar a natureza. ‘Nós deveríamos olhar em volta hoje, evitando que amanhã, num futuro próximo, não sejamos acusados de omissos’, disse o coronel.

Desde 1998, uma média de 55 mil alunos por ano têm participado do Projeto, que, segundo o comandante geral da Polícia Florestal de São Paulo, coronel Clodomir Marcondes, deve se estender para todo o Estado o mais rápido possível.

Para saber mais sobre os Programas Sociais da Secretaria, clique no tema de seu interesse:

* Projeto Equoterapia – Reabilitação de pessoas com comprometimento físico e/ou mental com a utilização de cavalos

* Programa Estação Especial da Lapa – Educação Física adaptada para crianças portadoras de deficiência física e/ou mental

* Programa Bombeiros nas Escolas – Programa educacional de proteção contra incêndios e primeiros socorros

* Programa Clube do Bem-te-Vi – Programa educativo de trânsito

* Escolinha de Ciclismo Buscapé – Programa de segurança e técnicas ciclísticas

* Programa Segurança e Saúde – Programa de avaliação física e segurança em parques

* Jovem Cidadão/SOS Bombeiros & Recicle Vidas– Programa de educação, cultura e campanha de reciclagem

Gláucia Basile