Visita noturna ao Zoólogico vira aventura infantil

Crianças conhecem hábitos no período em que estas espécies estão mais ativas

ter, 29/01/2008 - 15h28 | Do Portal do Governo

A preparação começa enquanto ainda está claro, bem antes da chegada do público. É dia de Passeio Noturno do Zôo, programa criado em 2003 para dar ao público a oportunidade de observar os hábitos dos animais nesse período da noite. É também a ocasião em que a instituição elegeu para aplicar o Programa de Enriquecimento Comportamental Animal (Peca) nas espécies de hábitos noturnos, já que elas são a atração da atividade que ocorre normalmente em duas sextas-feiras do mês, a partir das 19 horas.

O Peca tem como objetivo o bem-estar físico e emocional dos animais por meio de sua estimulação. Treina-os para ficarem mais ativos e explorarem seus recintos. Por isso, casa bem com a visitação programada para o horário excepcional. “Esse enriquecimento a gente faz especialmente para o passeio noturno”, conta a veterinária Paloma Lucin Bosso. “Mas aplicamos o método em quase todas as espécies do Zôo, rotineiramente”, completa.

A idéia é simular, no cativeiro, um ambiente parecido com o habitat natural de cada animal. O conceito surgiu ao redor do mundo na década de 1920, começou a ser praticado nos Estados Unidos nos anos 1970, em 1980 na Europa e chegou por aqui em 2000. Apenas três zôos do País o praticam. Além do paulista (desde 2002), os de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.  

Instintos animais – A veterinária explica que são introduzidos aparatos nos recintos para que fiquem imprevisíveis e despertem os instintos dos animais. A intenção é de que os estimulem para que tenham comportamento semelhante ao que teriam na natureza. Essa elaboração é feita nos mínimos detalhes. A equipe do Peca estipula o que será colocado para cada um e o material é separado. São galhos secos, pinhas, cipós, pedaços de troncos, folhas de palmeiras, de bananeiras, ervas aromáticas diversas (pimenta-do-reino, cravo, açafrão e canela), essências de odores da natureza, a exemplo do eucalipto e da citronela, sorvetes de sangue (feitos de gelo do sangue da carne da alimentação), alimentos escondidos em garrafas pets, em melancias, no interior de ovos de avestruz, entre outros itens.

Tudo é acondicionado num furgão que, com o grupo de funcionários do Peca a postos, percorre a trilha do passeio noturno, com paradas para as decorações. Nessa etapa, os preparadores tomam o lugar dos animais, que estão no chamado cambiamento (jaulas localizadas nos bastidores do Parque, onde passam a noite). Os projetos baseiam-se nos hábitos de cada um deles na natureza. Se costumam saltar para caçar o alimento, a montagem segue essa lógica e dá origem a comidas suspensas, muitas vezes introduzidas no interior de algo, a fim de dar algum trabalho para ser encontrado. Os instintos olfativos também são aguçados, com novos odores espalhados em cada local.

Além disso, há outros métodos para mexer com o comportamento dos habitantes do Zôo: sons com vocalizações semelhantes às ouvidas na natureza, vegetação estruturada para se balançar ao ser usada, espelhos para possibilitar a visão da própria imagem (reconhecida por alguns e identificada como um outro membro da espécie por outros). “O enriquecimento é direcionado aos quatro sentidos, ao convívio social e à alimentação dos animais, além de ajudar na preparação para o atendimento veterinário”, informa a veterinária. Segundo ela, o efeito psicológico é muito bom.  

Começa a escurecer – Quando o grupo termina de preparar os 14 recintos, é porque está quase na hora de o público chegar. O biólogo Guilherme Domenichelli, responsável pelo Passeio Noturno, explica que a proposta é permitir ao público ver, ouvir e sentir os mistérios da noite do Zoológico e da Mata Atlântica. “As pessoas têm a oportunidade de observar em ação os animais notívagos, que durante o dia normalmente estão quietos ou dormindo”, explica. Também é comum a visão de corujas e morcegos voando e de vaga-lumes piscando.

A atividade começou a ser realizada uma vez por mês. “Primeiro fizemos um piloto e, como deu certo, inserimos a atração na programação”, explica Domenichelli. Rapidamente, o passeio se tornou disputado e passou a ser quinzenal. “A procura é tanta que, muitas vezes, a agenda do ano fica logo cheia”, avisa o biólogo. Isso porque os grupos, de 70 pessoas, são formados antecipadamente. Segundo Guilherme, o público é diversificado, com pessoas de várias idades. Elas ingressam no mundo animal numa apresentação sobre répteis, no anfiteatro, onde podem ver de perto cobras e lagartos, além de acariciar espécies como a píton albina, não-venenosa, e matar a curiosidade sobre esses animais.

Finalizada essa etapa, é hora de caminhar ao ar livre. Os visitantes são separados em dois grupos para serem conduzidos pelos biólogos-guias, que apresentam informações científicas e curiosidades sobre cada animal visitado e complementam a iluminação, feita por tochas, com lanternas de luz vermelha. O objetivo é não incomodar os moradores do local e não “quebrar o clima”. Também por isso, as fotos só são permitidas sem flash, e os celulares devem ser desligados.

O trajeto abrange cerca de 40% do Parque, estimados três quilômetros de caminhada, e inclui área restrita aos tratadores. Nesse local, onde os grandes felinos passam a noite, a proximidade com eles é maior, o que garante emoção dobrada. 

SERVIÇO

Fundação Parque Zoológico de São Paulo

Avenida Miguel Stéfano, 4.241

Água Funda – São Paulo

Horário: das 19 às 22h30

Preço: R$ 60,00 por pessoa

Crianças de 5 a 10 anos pagam R$ 40,00

Incluso estacionamento e buffet no final do passeio

Datas são preestabelecidas e ocorrem

às sextas-feiras, a partir das 18h45

Inscrição pelo telefone (11) 5073-0811

Ramais 2128 ou 2141

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial