Viola, minha viola completa 28 anos com muitas novidades e público fiel

Todas as gravações do programa que a TV Cultura leva ao ar, o auditório fica lotado

sex, 16/05/2008 - 14h29 | Do Portal do Governo

“Madrinha, eu te amo”, grita alguém na platéia quando a apresentadora Inezita Barroso pisa no palco para dar início ao programa Viola, minha viola. O motivo desse sucesso é simples: nesses 28 anos, o palco do Teatro Franco Zampari tornou-se um altar da tradicional música de raiz e já formou público cativo, que não perde um programa, e sempre aplaude com entusiasmo.

“A simplicidade é a receita do sucesso do Viola. As pessoas gostam de música de raiz. Em 28 anos, trouxemos para o nosso palco velhos e novos talentos. Estamos sempre renovando e com qualidade”, diz Inezita, aos 83 anos. A apresentadora, titular de uma carreira de mais de 50 anos de sucesso, consegue enorme empatia com esse público, como cantora, atriz e professora de folclore.

É o caso de Santo Portela, 80 anos, que acompanha a trajetória do programa há mais de duas décadas. “Assisti ao primeiro programa quando era apresentado por Moraes Sarmento, lá na Fundação Padre Anchieta. Quando a Inezita tornou-se apresentadora, tornei-me o seu maior fã. Fui até homenageado pelo programa”, diz, satisfeito.

A homenagem é mais do que justa. Ele nunca perdeu um programa em 28 anos. “Marquei até uma cirurgia para um final de semana para estar aqui na quarta-feira seguinte. Meus amigos duvidavam, mas eu vim e assisti ao programa inteiro”, confessa emocionado. O ardor do fã é tamanho que ele consegue carregar a família, menos a mulher. “Hoje, eu trouxe meu genro”.

Apesar de a platéia ser formada em sua maioria por pessoas da terceira idade, muitos jovens também se encantam com a voz potente da ‘madrinha Inezita’ e as atrações apresentadas no Viola, minha viola. Rafael Rizzato, de 18 anos, vai às gravações toda semana. “Freqüento o Viola desde os 12 anos. Eu acompanhava minha mãe, mas quando ela não vinha, eu cabulava aulas para assistir ao programa. Agora, trabalho no período da manhã e, assim que saio do serviço, corro para o Franco Zampari”.

O programa é gravado às quartas-feiras, às 16 horas, mas a legião de fãs chega à porta do teatro bem cedo. “Abrimos o agendamento para as gravações às segundas-feiras, às 9h30. O telefone toca sem parar e, até o meio-dia, as vagas estão esgotadas. Muitas caravanas vêm do interior para assistir ao programa e, assim, os 210 lugares são ocupados rapidamente”, explica Aloisio Milani, roteirista do Viola, minha viola.Herança – A admiração dos fãs pela apresentadora e pelo programa é compartilhada pelos convidados. “O Viola, minha viola é uma vitória da música regional brasileira. Nós temos certeza que a Inezita conseguiu, com esse programa, revelar novos talentos e ainda resgatar a cultura popular. Acho uma injustiça as outras emissoras não homenagearem a Inezita Barroso como ela merece”, fala Dominguinhos, que completou 50 anos de carreira. O pernambucano de Garanhuns orgulha-se: “Já perdi as contas de quantas vezes eu me apresentei aqui, mas é sempre uma honra cantar neste palco”.

A dupla Tostão e Guarany, de Mato Grosso do Sul, há 25 anos na estrada, chama a apresentadora carinhosamente de madrinha e faz sempre um gesto de reverência para ela, enquanto o duo Sandra e Moacyr canta a música preferida de Inezita: “Abismos de Rosas”, de Américo Jacobino.

Além de comandar o programa, Inezita sempre canta e leva seus admiradores ao delírio. O segredo para manter o vozeirão é simples: “Beber cerveja quente”, brinca a apresentadora.Novo formato – O novo cenário, criado por Gert Seewald, é inspirado em festas populares e traz elementos do Brasil rural, como fitas coloridas usadas nas folias e festas santas, e uma cortina de 2 mil fuxicos feitos artesanalmente. “Uma das muitas novidades são as gravações externas que o programa passou a realizar, para mostrar festas folclóricas e apresentações caipiras. “Gravamos um programa que foi ao ar, no dia 17 de maio, com a Dança de Santa Cruz, em Carapicuíba. A dança é um folguedo que nasceu da mistura das danças indígenas e dos elementos da catequização jesuítica, nos arredores de Piratininga, povoação que deu origem à cidade de São Paulo”, explica Milani.

Outra novidade é a trilha de abertura do programa, feita ao som de três violas e composta pelo violeiro Paulo Freire.

O arquivo em vídeo e áudio do programa será digitalizado e utilizado para as edições de 2008, com homenagens a compositores e intérpretes que fizeram a história do gênero musical e artístico. O arquivo da TV Cultura guarda, em diferentes formatos, mais de mil edições do programa. E com participações de muitos artistas, profissionais ou amadores, Adauto Santos e João Pacífico serão os primeiros da lista a serem lembrados. O impressionante arquivo do Viola, minha viola mostrará um retrato da evolução da música carinhosamente chamada “caipira”.

Platéia é um show à parte

Salgadinhos, bolo e muita animação. Durante o intervalo das gravações, sempre há uma senhora correndo de um lado para o outro com uma vasilha plástica distribuindo, para a platéia, comidinhas que preparou. “Eles tornaram-se uma grande família; aqui eles encontram os amigos e colocam a prosa em dia”, diz Inezita.

Além de trocarem informações, alguns aproveitam para, também, formar uma extensa rede de relacionamento profissional. O apresentador sertanejo Amadeu Paulistano, de Piraju, é um deles. “Além de ser um fã incondicional de Inezita, eu venho ao programa para descobrir novos talentos e apresentá-los para meus ouvintes”.

Os espectadores vão a caráter, roupas com muito brilho e, é claro, o famoso chapéu de abas largas. E quem pensa que eles ficam paradinhos, sentados em suas cadeiras, está enganado. Dependendo do convidado, o arrasta-pé pega fogo e quando os seguranças e a produção dão uma folga, sempre um fã sobe ao palco para pedir um autógrafo para a apresentadora.SERVIÇO

Agendamento para o programa Viola, minha viola

Telefone (11) 2182-3462 – às segundas-feiras, a partir das 9h30

Endereço e horário das gravações: Teatro Franco Zampari – Avenida Tiradentes, 451- ao lado do Metrô Tiradentes

O programa vai ao ar pela TV Cultura, aos sábados, às 21 horas, com segunda exibição no domingo, às 9 horas.

Da Agência Imprensa Oficial