Uva niágara: pico da oferta poderá mudar para o mês de agosto em SP

A região de Campinas, tradicional produtora, vem perdendo área cultivada

qua, 04/02/2009 - 9h34 | Do Portal do Governo

A sazonalidade da uva niágara no Estado de São Paulo poderá sofrer uma inversão nos próximos anos, com o seu pico de oferta passando do final do ano para o mês de agosto. Isso porque a região de Campinas, tradicional produtora, vem perdendo área cultivada, enquanto na região de Jales a atividade cresce e se torna alternativa interessante para a diversificação das atividades rurais.

É o que mostra estudo desenvolvido no por pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e do Instituto Agronômico (IAC), ambos ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Apta/SAA). Um dos pontos de destaque é que a niágara tem perdido espaço na região de Campinas principalmente devido à valorização da terra. Já na região de Jales, especializada no cultivo de uva fina de mesa, a variedade ganha importância econômica.

A partir de levantamentos qualitativos e quantitativos (mediante questionário), os pesquisadores Priscilla Rocha Silva, Maria Lucia Maia, Antonio Ambrosio Amaro, Marli Dias Mascarenhas Oliveira e Maurilo Monteiro Terra analisaram a produção de uva niagara nas duas regiões, os canais de comercialização e o relacionamento entre produtores e agentes comerciais, além de identificar formas organizacionais na produção.

Perfil da produção – A principal diferença apontada pelos pesquisadores é a tradição do viticultor da região de Campinas em contraponto à adaptação do viticultor da região de Jales, que está introduzindo a niágara em seus parreirais. Dos produtores entrevistados na região de Campinas, 79% residem na propriedade (a maioria, médios), 42% não recebem assistência técnica (a maioria, famílias tradicionais) e 42% não fazem parte de organização (sindicalismo é a forma mais freqüente). A mão de obra familiar é importante na região, com a família do produtor participando em todas as propriedades.

Já na região de Jales, a cultura é recente e ainda ocupa pequenas áreas. Dos entrevistados, 60% não residem na propriedade (percentual que sobe para 67% no caso dos produtores médios). Como a niágara é menos exigente em mão de obra e o custo de produção é menor (em relação à uva fina de mesa), tornou-se alternativa para os agricultores se manterem na atividade. Outro atrativo é o preço na comercialização nos meses de colheita dessa região, que ocorre na entressafra das demais. Dos entrevistados, 60% não recebem assistência técnica e 50% não fazem parte de nenhuma organização. As famílias estão em 100% das propriedades visitadas.

Na região de Campinas, a produtividade média é de 2,3 quilos por pé e a colheita se estende de novembro a fevereiro. “A maioria dos produtores entrevistados, para conseguir maior renda na produção, realiza poda fora de época, o que resulta em outra colheita de abril a junho no mesmo ano safra”, dizem os pesquisadores.

Em 62% das propriedades, a participação do plantio de niágara é superior a 60% da área total das propriedades, o que mostra relativa especialização do produtor, independentemente de seu tamanho. Apesar da urbanização dessa região, existem 8,3% de pés novos (191,58 mil, para 2,1 milhões de pés em produção), o que demonstra que os produtores continuam investindo na atividade. Porém, os produtores médios são os mais receosos em implantar novos parreirais.

Já na região de Jales, a produtividade média da uva niágara alcançou 13,6 quilos por pé. O cultivo vem se expandindo com participação significativa de pés novos (30,2% do total, 21,28 mil pés novos). “O investimento e o interesse pela cultura na região tem demonstrado crescimento”, dizem os pesquisadores.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento