USP: Três teses de doutorado da Faculdade de Medicina concorrem ao Prêmio Capes

O prazo de inscrições termina no dia 30 de abril

seg, 24/04/2006 - 15h40 | Do Portal do Governo

Três teses de doutorado defendidas na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) concorrerão ao Prêmio Capes de Tese e ao Grande Prêmio Capes de Tese. Os trabalhos foram selecionados pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP, que inscreveu ao todo 34 teses da USP.

O prazo de inscrições termina no dia 30 de abril. O prêmio, que está em sua primeira edição e foi criado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC), tem como objetivo destacar as melhores teses de doutorado do País, premiando seus autores com bolsas de estudo.

O Prêmio Capes será concedido em cada uma das áreas do conhecimento que têm um representante de área nomeado pela Capes. As teses premiadas nessa modalidade serão automaticamente inscritas para o Grande Prêmio Capes, que escolherá três ganhadores, um de cada conjunto de grandes áreas: 1) ciências biológicas, ciências da saúde e ciências agrárias; 2) engenharia e ciências exatas e da terra; e 3) ciências humanas, ciências sociais aplicadas e lingüística, letras e artes.

Uma das teses da FMUSP selecionadas é a do médico hemoterapeuta Silvano Wendel Neto. Com o tema “Risco residual da transmissão da infecção por Trypanosoma cruzi por via transfusional no Brasil”, a tese teve como orientadora a Profa. Dra. Maria Aparecida Shikanai Yasuda, do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Wendel analisou soros de 13.383 doadores, em 147 serviços responsáveis por coleta de sangue no país (representando cerca de 1,5 milhão de unidades colhidas anualmente) em 25 Estados, de um total de 601 serviços identificados na tese (totalizando cerca de 4 milhões de coletas anuais). Os resultados demonstraram que o risco residual de Trypanosoma cruzi (doença de Chagas) por via transfusional nos receptores é baixo (0,44 a 2,75  para cada 100.000 bolsas colhidas de sangue) distribuídos em quatro conglomerados regionais e um possível novo conglomerado se instalando na Amazônia.

O médico cirurgião cardiovascular Carlos Alberto Cordeiro de Abreu Filho também concorrerá ao prêmio com a tese “Avaliação dos resultados a médio prazo da ablação cirúrgica por radiofreqüência da fibrilaçao atrial permanente em pacientes portadores de valvopatia mitral reumática”, orientada pelo Prof. Dr. Luís Alberto Oliveira Dallan, da Disciplina de Cirurgia Torácica e Cardiovascular. O estudo concluiu que a ablação cirúrgica da fibrilação atrial permanente por radiofreqüência é um método seguro e eficaz, com baixos índices de complicações operatórias e de mortalidade hospitalar. O segmento a médio prazo dos pacientes em que se associou radiofreqüência ao tratamento cirúrgico da valva mitral mostrou maior reversão ao ritmo sinusal e restabelecimento mais significativo da contratilidade atrial, quando comparados ao grupo submetido a tratamento isolado da valva mitral. A fibrilação atrial é a arritmia sustentada mais comum e está presente em 0,4% da população em geral e em 60% dos pacientes portadores de valvopatia mitral com indicação de tratamento cirúrgico. A febre reumática atinge de 3% a 5% das crianças e adolescentes no Brasil e representa a principal causa de cardiopatia adquirida. 

     A terceira tese de doutorado da FMUSP inscrita no Prêmio Capes é de autoria da médica psiquiátrica Lílian Ribeiro Caldas Ratto e tem como tema “Transtornos mentais graves na comunidade: um estudo em São Paulo”. Sob orientação do Prof. Dr. Paulo Rossi Menezes, do Departamento de Medicina Preventiva, o estudo objetivou investigar características da população com transtornos mentais graves em três regiões da cidade de São Paulo e sua evolução no período de um ano.  Foram avaliados sintomas psiquiátricos, ajustamento social, violência, uso de serviços e uso de álcool, tabaco e substâncias psicoativas. Participaram do estudo na primeira fase 192 pacientes, entre 18 e 65 anos, e posteriormente reavaliados 149. O estudo concluiu que o diagnóstico mais freqüente foi o de esquizofrenia (59,7%), a prevalência do uso de álcool e drogas foi de 10,4%, e o índice de violência foi baixo – apenas 19,4% os pacientes referiram pelo menos 1 episódio de agressividade nos últimos 12 meses, sendo que a maioria considerados leves. 

  C.A.