USP testa novo diagnóstico para a doença de Parkinson

Um dos objetivos do estudo é entender como a doença afeta o coração; cerca de 30% dos pacientes morrem de problemas cardíacos

qui, 03/02/2011 - 8h00 | Do Portal do Governo

Um experimento realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) com modelos genéticos traz novos indícios de que a doença de Parkinson pode ter origem periférica, no sistema nervoso autônomo – isto é, na parte do sistema nervoso situada nos diversos órgãos do indivíduo – e não exclusivamente no cérebro, como acredita a maior parte dos neurologistas e neurocientistas.

De acordo com o coordenador do estudo, Antonio Augusto Coppi, esteorologista e professor associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, a identificação de uma nova rota de origem do Parkinson é um passo importante para que os cientistas possam desenvolver uma técnica de diagnóstico precoce.

“Até o momento a doença é incurável e o foco do tratamento é melhorar a qualidade de vida do paciente. Para isso, é fundamental que o diagnóstico seja feito o quanto antes. Começando o tratamento precocemente, poderemos retardar o aparecimento da doença ou suavizar seus sintomas”, disse Coppi.

O estudo, financiado pela Fapesp, foi realizado com 20 camundongos geneticamente modificados. “Esses camundongos são alterados geneticamente para expressar o gene da alfa-sinucleína, um dos principais genes implicados na doença de Parkinson, assim como ocorre em humanos. Adquirimos animais com um mês de idade e os analisamos com três e seis meses, para observar o surgimento e a cronologia de evolução da doença. Em todos os 20 camundongos confirmamos que a doença teve origem em órgãos periféricos e só depois atingiu o cérebro”, explicou.

Ao investigar o local de origem da doença, um dos objetivos do estudo é entender o mecanismo pelo qual a doença afeta o coração. Cerca de 30% dos pacientes com Parkinson morrem de problemas cardíacos.

“Uma das perguntas que ainda permanecem é: se a doença afetaria primeiro as células nervosas do coração e só depois acometeria o músculo do miocárdio, ou se ocorreria o contrário. Estimamos que até o fim de 2011, quando se encerra o projeto, possamos nos aproximar de uma resposta”, afirmou Coppi.

Da Fapesp