USP São Carlos recebe centro de pesquisa em eletrônica orgânica

O novo centro vai pesquisar e produzir novos materiais e componentes a partir da eletrônica orgânica

qua, 14/01/2009 - 16h07 | Do Portal do Governo

Desde o início do ano, o Instituto de Física da USP São Carlos (IFSC) passou a abrigar o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Eletrônica Orgânica (Ineo). O novo centro vai pesquisar e produzir novos materiais e componentes a partir da eletrônica orgânica, área promissora para o avanço tecnológico.

A principal matéria-prima das pesquisas são as moléculas orgânicas, compostas principalmente de carbono e hidrogênio. O Ineo trabalhará com as naturais (desenvolvidas a partir de moléculas encontradas na natureza como as proteínas e até mesmo o DNA) e com as sintéticas (produzidas em laboratório).

Uma das aplicações mais conhecidas da eletrônica orgânica são os diodos orgânicos emissores de luz. Chamados de OLEDs (Organic Light-Emitting Diodes), moléculas que emitem luz ao serem atravessadas por uma corrente elétrica e compõem dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos semicondutores.

Os OLEDs são usados em painéis luminosos e equipam televisores e monitores de computador. As telas fabricadas com este material são mais leves e consomem menos energia.

O Ineo pesquisará também conversores de energia para serem usados em células solares orgânicas. Estes dispositivos usam um princípio de aproveitamento da luz solar parecido com o da fotossíntese. Outra área promissora são os sensores de biossistemas (cadeias naturais de moléculas orgânicas), com usos na medicina, agricultura e meio ambiente.

Divulgação científica – O professor Roberto Mendonça Faria, coordenador do Ineo, explica que o instituto prioriza três linhas de atuação: Dispositivos Eletrônicos e Optoeletrônicos de Materiais Sintéticos; Biossistemas e Biossensores; e Difusão Científica.

A primeira linha investe em novas técnicas e aprimoramento das atuais para a utilização da eletrônica orgânica em aparelhos eletrônicos, ou seja, displays. A segunda pesquisa os biopolímeros, um tipo de plástico natural encontrado nos seres vivos, com aplicações nos setores de sensores de gás, líquidos e de luz.

Com relação à difusão científica, a proposta é divulgar conceitos de eletrônica orgânica a partir de palestras para o ensino médio e fundamental proferidas pelos pesquisadores e criar uma área específica sobre o assunto no futuro site do Ineo. O serviço será dividido entre dois núcleos já formados: um no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP São Carlos e outro na Pontifícia Universitária Católica de São Paulo (PUC-SP).

Recursos humanos – Outra proposta é formar novos profissionais para ampliar a pesquisa e trabalhar em empresas de eletrônica orgânica. Assim, o Ineo criará disciplinas de pós-graduação na área. As novas serão somadas às atuais, já oferecidas na pós do IFSC e no curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica (Poli) da USP.

Na USP, o Ineo terá o apoio do Instituto de Física, da Escola Politécnica, do Instituto de Estudos Avançados e do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE). Receberá também auxílio de 32 grupos e laboratórios ligados a 16 universidades de nove Estados brasileiros.

Terá, ainda, a colaboração do Centro de Dispositivos Orgânicos (Cedo), vinculado ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). O objetivo é o desenvolvimento de pesquisas na área de certificação de dispositivos para facilitar a criação de projetos industriais na área de Eletrônica Orgânica.

A estrutura física está quase concluída. As instalações agregarão o Instituto Multidisciplinar de Materiais Poliméricos (IMMP), um dos extintos Institutos do Milênio. Dessa forma, o Ineo “já conta com laboratórios consolidados, além de laboratórios e grupos de pesquisa emergentes deste novo projeto”, informa Faria.

Da Agência Imprensa Oficial e da Agência USP de Notícias