USP quer expandir projeto de reciclagem de lixo eletrônico

Até o início de abril, o centro deverá receber equipamentos de fora da USP

seg, 01/02/2010 - 18h00 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) visitaram a Universidade de São Paulo (USP) entre os dias 4 e 23 de janeiro para auxiliar os pesquisadores do Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) na definição de parcerias com empresas de reciclagem e projetos sociais. O grupo também ajudou na elaboração da expansão do projeto para outros campi da Universidade.

Até o início de abril, o centro deverá receber equipamentos de fora da USP. O objetivo do Cedir é receber computadores e outros materiais eletrônicos descartados pela USP, avaliá-los e, caso possam ser reaproveitados, encaminhá-los para entidades sociais. Quando o equipamento não puder ser recuperado, ele será desmontado, descaracterizado (por exemplo, destruição do disco rígido para evitar a disseminação de informações contidas) e as suas peças serão separadas por tipo de material (metal ferroso e não-ferroso, alumínio, plásticos, etc.). Cada tipo material será vendido para um tipo diferente de empresa de reciclagem especializada neste material.

Os quatro pesquisadores – um japonês e três americanos – visitaram os campi de São Carlos, Ribeirão Preto e Piracicaba, além do campus da Cidade Universitária. A professora Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP e coordenadora do Cedir, destaca que entre os direcionamentos propostos pelo grupo está a necessidade de escolher empresas de reciclagem que não gerem lixo em nenhuma etapa do processo. Isso evita que resíduos eletrônicos acabem em um aterro sanitário. No caso dos projetos sociais, eles não podem ter fins lucrativos e devem visar exclusivamente à cidadania ou promoção social.

Ainda, em relação aos projetos sociais que irão receber empréstimos de computadores montados pelo Cedir a partir do reaproveitamento de peças das máquinas descartadas, – como já tinha sido definido anteriormente pelo CCE – essas entidades deverão, necessariamente, ter o compromisso formal de devolver o micro ao Centro de Descarte ao final da vida útil do equipamento.

Expansão

Cada um dos campi visitados tem as suas características próprias, devido à predominância de algumas áreas de atuação: Tecnologia da Informação, em São Carlos; Biomédicas em Ribeirão Preto, e Ciências Agrárias, em Piracicaba. Nesses campi, os equipamentos que puderem ser reaproveitados serão encaminhados para projetos sociais. O que não puder, será enviado ao Cedir para o descarte adequado. Os campi de Bauru, Pirassununga e Lorena deverão ser visitados na próxima etapa.

Segundo a diretora, o próprio MIT não possui um centro para descarte de resíduos eletrônicos como o Cedir. “Os pesquisadores que estiveram na USP estão envolvidos com projetos ligados à sustentabilidade e podem nos ajudar a partir desse conhecimento. Entretanto, as decisões sobre o que e como as coisas serão feitas cabe à equipe da USP”, destaca. No início deste mês, o grupo do MIT vai apresentar o relatório final com todos os direcionamentos propostos. Foram visitados quatro projetos sociais, quatro empresas de reciclagem e dois produtores nacionais de microcomputadores. Outras instituições ainda serão visitadas.

Dificuldades

No processo de separação de componentes dos computadores desmontados, uma das principais dificuldades, segundo a professora, é a identificação dos diversos tipos de plástico e metais. Para serem reciclados, eles precisam ser separados de acordo com sua composição. No caso dos cabos e fios, as empresas de reciclagem irão até o Cedir para orientar a equipe em como fazer a sua separação e classificação.

Outra dificuldade é desmontar os computadores. “Uma das nossas intenções é utilizar o prédio vizinho ao Cedir para montar um Laboratório de Sustentabilidade, vinculado à Escola Politécnica em parceria com CCE, para a realização de pesquisas multidisciplinares”, informa. “Poderemos fazer, por exemplo, pesquisas para desenvolver micros a partir de conceitos de ecodesign, que sejam mais fáceis de desmontar e levem em conta questões ligadas à sustentabilidade”, completa.

O Cedir foi inaugurado em dezembro, na Cidade Universitária. “O primeiro lote interno já foi recebido: dez computadores da Reitoria para reciclagem”, informa Tereza. Por enquanto, o Centro atende apenas a comunidade USP. A previsão é que até o início de abril eles possam atender ao público externo.

Da USP