USP: Pólen de Pindamonhangaba pode ser fonte de vitamina C e betacaroteno dependendo da floração

Vitaminas presentes no pólen das abelhas da espécie Apis Mellifera podem ser fonte dessas vitaminas anti-oxidantes

sex, 19/05/2006 - 19h30 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP deverão apresentar à comunidade científica internacional o primeiro trabalho brasileiro que quantifica as vitaminas presentes no pólen de abelhas da espécie Apis mellifera da região de Pindamonhangaba. “Considerando a flora apícola regional e os locais onde o produto é coletado, o pólen pode ser fonte de betacaroteno e vitamina C, ambas anti-oxidantes”, explica a farmacêutica-bioquímica Karla Cristina Lima da Silva Oliveira. Em setembro, os resultados do estudo serão apresentados na reunião anual da Internacional Honey Comission (IHC), em Praga, na Tchecoslováquia. A IHC é uma comissão internacional que estuda os produtos apícolas com ênfase nos métodos analíticos.

Em seu mestrado na FCF, Karla acompanhou o processo de coleta e secagem do pólen e quantificou as vitaminas anti-oxidantes (que neutralizam os radicais-livres, resíduos do metabolismo celular agressivos às moléculas biológicas), conferindo as perdas dessas substâncias ao longo dessas etapas.

A pesquisadora percebeu que as amostras analisadas na região podiam ser consideradas fonte de betacaroteno e vitamina C, “visto que uma porção de 25 gramas fornece 15% da ingestão diária recomendada”. E também eram ricas em vitamina E. “Dependendo da época da coleta, há a predominância de uma das vitaminas. Em abril de 2005 observou-se maior quantidade de betacaroteno. Em outubro deste mesmo ano houve predominância da vitamina C”, diz Karla. Essas variações se devem à diferença de floração em épocas distintas. O pólen apícola é uma mistura do pólen das flores, colhido pelas abelhas operárias, com néctar e substâncias salivares.

Estudos realizados no exterior já haviam identificado algumas vitaminas, que variam de acordo com a floração do local onde o produto é produzido. A pesquisa foi realizada em parceria com o apiário experimental da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (APTA) – órgão ligado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

Menos perdas de vitaminas

Para medir as perdas de vitaminas após a secagem, a pesquisadora comparou dois processos diferentes de desidratação. Uma estufa a 42 graus centígrados (ºC) – comumente usada – e o protótipo de um desumidificador a 35º C. “Além de causar menor degradação das vitaminas do pólen, o tempo de secagem no desumidificador foi menor”, conta.

Segundo a pesquisadora, no desumidificador as perdas de vitamina E foram de 30,6%; vitamina C, 4%; e betacaroteno, 49,3%. Na estufa, as perdas foram de 39,4% de vitamina E, e 8,1% e 58,8% nas outras substâncias, respectivamente. O princípio do funcionamento do desumidificador é diferente: enquanto a estufa é aquecida por meio de uma resistência localizada na parte posterior, neste aparelho não há aquecimento. De acordo com Karla, o que retira água do pólen não é o calor, mas a atmosfera dentro do equipamento, que mantém a umidade relativa do ar próxima a 0%.

“Mais pesquisas devem ser feitas com relação ao tempo de secagem, custo do processamento e a quantidade de pólen a ser processado de cada vez no novo equipamento”, informa a pesquisadora. Mas o fato é que existe a possibilidade de desenvolvimento de alternativas de secagem que causem menos perdas. “No entanto, atualmente os apicultores utilizam-se de estufas com aquecimento até 42º C e muitos ainda fazem a secagem mais rudimentar, ao sol ou com auxílio de um secador de cabelo”, diz.

O trabalho, realizado no Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF, será apresentado pela professora Ligia Bicudo de Almeida Muradian, orientadora da pesquisa e representante brasileira na International Honey Commission.

Renata Moraes

Da Agência USP