USP: Pesquisas da Poli buscam melhoria de transportes na Vale do Rio Doce

Companhia está empenhada em aumentar a capacidade de cargas de minérios dos sistemas ferroviários da companhia

ter, 08/08/2006 - 14h04 | Do Portal do Governo

Pesquisa sobre novos tipos de aço e sistemas de operação para trens de transporte de minérios é a missão do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli), como parte de amplo convênio firmado no final de junho entre a USP e a mineradora Companhia Vale do Rio Doce.

O acordo, celebrado no Rio de Janeiro e válido por cinco anos, abrange os demais departamentos da Poli, como os das engenharias naval, civil, de produção, ferroviária e a de minas.

Futuramente, outras faculdades da USP poderão também participar. Uma das principais medidas do convênio, na área da engenharia mecânica, é a ampliação do número de vagões em cada composição férrea da Vale, de 205 para 307, e da capacidade individual de 120 toneladas para 132 toneladas. Assim, a companhia transportará 40 mil toneladas de minério por viagem. Esses trens de carga estão entre os maiores do mundo.

O professor Roberto Spínola Barbosa, da mecânica, viajou em julho a São Luís (MA) para conversar com técnicos da Vale sobre os trabalhos envolvidos no convênio. A primeira ação de Spínola foi o trabalho denominado Processo de Medições da Geometria da Linha Férrea, para estudar subidas, descidas, curvas e desníveis dos trilhos e determinar, futuramente, a expansão desejada pela Vale.

O engenheiro conta que a mineradora tem interesse no desenvolvimento de rodas bainíticas para os trens, feitas de um tipo de aço mais resistente ao desgaste. Outra pesquisa refere-se ao tratamento térmico para os trilhos. “Os estudos buscam reduzir consumo de combustível e deterioração de componentes das composições, tanto dos trens como dos caminhões que trabalham na mineração”, ressalta Spínola.

Outra meta é diminuir o headway (intervalo entre as viagens), para aumentar a velocidade de operação dos trens, que varia entre 60 e 80 quilômetros por hora. “A medida depende de estudos sobre a sinalização das linhas”, aponta o professor. “Desse modo será possível ampliar a segurança e a eficiência no transporte de minérios.”

Tecnologia

A intenção da Vale é elevar sua capacidade de cargas em dois de seus três sistemas ferroviários: o Norte (Carajás a São Luís) e o Sul (Vitória – Minas Gerais). De acordo com informações do site da companhia, a Estrada de Ferro Vitória a Minas tem 905 quilômetros de extensão e é uma das mais modernas e produtivas do Brasil. A Carajás percorre 892 quilômetros, do interior do Pará ao principal porto marítimo da Região Norte, em São Luís. Transporta minérios, carga geral e passageiros.

Spínola afirma que a Poli realiza trabalhos com a mineradora desde 1987. “A relevância do convênio reside no fato de a USP repassar à Vale a tecnologia que não é obtida de imediato na indústria. Tudo isso é necessário para vencer os futuros desafios do exigente mercado competitivo globalizado.”

Eficiência global

O acordo, na área de engenharia mecânica, abrange vários projetos. No segmento ferroviário está previsto aumento da eficiência global do sistema de transporte (tamanho dos trens, carga por eixo, tração múltipla, velocidade, pesquisa do comportamento dinâmico, adoção de métodos de segurança nos trens e veículos ferroviários, confiança nos sistemas elétricos de sinalização e controle e tratamento do lastro de ferrovia contaminado com óleo).

Nas demais áreas da mecânica, haverá desenvolvimento e gestão de sistemas de monitoramento, telemetria e diagnóstico de falhas em equipamentos mecânicos, veículos de mineração e ferroviários, tecnologia da informação, automação e sistemas inteligentes, eficiência de processos energéticos e térmicos e combustíveis alternativos (biodiesel e gás natural liquefeito).

Otávio Nunes – Da Agência Imprensa Oficial

 

(AM)