Conhecido como bone china, a cerâmica que utiliza ossos de boi como parte de matérias-primas é menos porosa, de aparência translúcida e apresenta maior resistência à flexão e ao impacto. A técnica de fabricação desse produto é dominada atualmente apenas pela Inglaterra, mas o Brasil acaba de dar importante passo para ingressar nesse mercado. Desde 2004, Douglas Gouvêa, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), vem decifrando esse processo produtivo.
Com o nome Desenvolvimento do processo nacional para a fabricação de porcelana de ossos, o projeto tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Diferentemente da técnica inglesa, que utiliza cerca de 50% de osso bovino calcinado na composição da peça, na versão brasileira o teor desse material ficou em torno de 2%. Além da aparência mais translúcida que é valorizada comercialmente, a qualidade da cerâmica adicionada de osso é superior à das similares tradicionais.
Bone china
A queima do bone china é mais rápida, com temperatura menor (de 50ºC a 70ºC), o que diminui os custos de energia para a indústria de porcelana. Outra vantagem: matéria-prima abundante no Brasil, já que o País tem rebanho estimado em 200 milhões de cabeças de gado. Subproduto da indústria de corte, o osso bovino deixou de ser utilizado como aditivo de ração animal desde a descoberta da doença da vaca louca. Com isso, aumentou a sua disponibilidade. Atualmente, o osso tem servido basicamente para fabricar fertilizantes vegetais. Segundo o pesquisador, a utilização pela indústria cerâmica empregaria essa matéria-prima em produtos de maior valor agregado.
A equipe de Gouvêa já fez ensaios de impacto cujos resultados mostraram considerável aumento na resistência mecânica. Agora, o grupo efetuará mais testes de flexão e de alvura do material. A próxima etapa é desenvolver o processo de esmaltação, que será aplicado no revestimento das peças. “Como a bone china dilata mais do que a cerâmica comum, temos de encontrar um esmalte que se adapte a esse processo”, explica Gouvêa.
Da Agência Imprensa Oficial