USP: Novos materiais vão agilizar transporte de minérios

Pesquisadores pretendem ampliar o número de vagões em cada composição de 205 para 307

sáb, 22/07/2006 - 15h07 | Do Portal do Governo

Novos materiais e sistemas de operação para trens de transporte de minérios serão desenvolvidos em um dos projetos de pesquisa do convênio entre a USP e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), assinado em 30 de junho. Em parceria, pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da Universidade e a empresa pretendem ampliar o número de vagões em cada composição de 205 para 307 e a capacidade individual de 120 para 132 toneladas, fazendo com que possam ser transportadas 40 mil toneladas de minério por vez.

O professor Roberto Spinola Barbosa, do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli, conta que “a CVRD tem interesse que a Poli desenvolva rodas bainíticas, feitas com um tipo de aço mais resistente ao desgaste, para locomotivas e vagões.”

Também serão pesquisados novos materiais e o tratamento térmico para os trilhos. “As pesquisas buscam reduzir o consumo de combustível e o desgaste de componentes, tanto dos trens quanto dos caminhões de mineração”, ressalta Spinola.

Segundo o professor, o convênio irá apoiar o plano de expansão das operações ferroviárias da empresa, nos sistemas Norte (Carajás a São Luís) e Sul (Vitória-Minas). Outra meta da pesquisa é reduzir o headway – intervalo de saída das composições, aumentando sua velocidade de operação, que varia hoje entre 60 e 80 quilômetros por hora.

“A redução depende de estudos sobre o sistema de operações e a sinalização das linhas, a serem realizados pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Poli”, aponta Spinola. “Deste modo será possível aumentar a segurança e a eficiência no transporte de minérios.”

Logística

O convênio da USP com a CVRD terá duração de cinco anos. “A empresa investe US$ 500 milhões em pesquisas por ano e com o acordo será possível desenvolver projetos temáticos de longo prazo em pesquisa básica, com aporte de recursos maior”, diz Spinola.

O professor da Poli ressalta que pesquisadores da USP já desenvolvem estudos pontuais em cooperação com a Vale desde 1987. “Na área de engenharia naval é estudada a mobilidade das embarcações usada para exportar os minérios, em especial no porto de São Luís (Maranhão), onde as marés são muito intensas”, diz. “Também há estudos de logística, envolvendo o armazenamento e o fluxo de cargas, e sobre a própria exploração e o tratamento de minerais.”

O acordo se estenderá à cooperação para novos campos de estudo, planeja Spinola “O levantamento sobre prospecção tecnológica e o diagnóstico de problemas da empresa será feito pela equipe do Departamento de Engenharia de Produção da Poli”, afirma. “Pesquisadores da área de Biociências medirão o impacto ambiental da atividade portuária nas águas marítimas e especialistas em medicina do trabalho farão estudos sobre saúde ocupacional.”

Júlio Bernardes

Da Agência USP