USP: Modelos 3D das esculturas de Brecheret poderão ser usados em estudos e restaurações

Modelos tridimensionais poderão ser vistos na internet e em plataformas multimídia

qua, 20/09/2006 - 10h17 | Do Portal do Governo

Algumas das esculturas de Victor Brecheret estão ganhando o mundo virtual. Um estudo de pós-doutorado realizado no Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), da Escola Politécnica da USP, está criando modelos dos trabalhos do escultor italiano na Caverna Digital, estrutura que permite a imersão em ambientes tridimensionais.

O arquiteto Aurélio Antônio Mendes Nogueira, autor da pesquisa, explica que uma das possíveis aplicações de seu trabalho é o uso dos modelos 3D das esculturas em museus e aulas, substituindo as tradicionais projeções bidimensionais e pouco interativas.

“Será possível girar em 360º a imagem tridimensional, afastá-la ou aproximá-la para mostrar um detalhe ou um determinado ângulo”, explica o pesquisador. Na Caverna Digital, as esculturas podem ser reproduzidas em tamanho original e com um modelo do ambiente original ao seu redor. Também é possível adicionar som e odor e permitir que o usuário toque as esculturas, utilizando luvas especiais.

Nogueira está criando modelos tridimensionais de seis obras públicas de Brecheret, localizadas na cidade de São Paulo: o Monumento às Bandeiras, o Monumento a Caxias, e as esculturas Depois do Banho, Eva, Fauno e Portadora de Perfumes.

Além da aplicação em museus e escolas, os modelos tridimensionais podem auxiliar em trabalhos futuros de restauração – já que reproduzem as características originais das esculturas – e, no caso de obras de colecionadores, apresentar trabalhos que não podem ser expostos. “Os modelos virtuais também são uma forma de se preservar as obras, caso os originais sejam danificados”, diz Nogueira.

O trabalho do arquiteto se baseia em pesquisas e aplicações do sistema Virtual Heritage, expressão que define o uso da realidade virtual para auxiliar na preservação do patrimônio histórico.

Métodos

Nogueira também está desenvolvendo protótipos tridimensionais das esculturas que possam ser visualizados na internet e em plataformas multimídias (CD-Roms). Para exibição na web, ele utilizou a técnica de panorâmica, na qual várias fotografias são tiradas do objeto, de diversos ângulos, e em seguida são “montadas” para reconstituir a escultura em várias das suas dimensões.

O CD-Rom, que poderá ser utilizado em escolas de ensino fundamental e médio, será desenvolvido com apoio do Instituto Victor Brecheret (IVB).

Para criar os modelos para a Caverna Digital, o arquiteto utilizou a técnica de modelagem computacional. Por meio de programas específicos, como Maya ou 3D Max, Nogueira monta as reproduções tridimensionais das esculturas. Para cada uma delas ele leva, em média, dois meses. Nos modelos para a Web, o tempo médio é de 15 dias.

Nogueira está finalizando o site http://acd.ufrj.br/~aurelionogueira/aberturavirtualheritage/index.htm# com a exposição virtual de Brecheret, montada a partir da técnica de panorâmica. A previsão é de que os modelos para visualização na Caverna Digital fiquem prontos em novembro deste ano e o CD-Rom, em janeiro do ano que vem.

Brecheret

Victor Brecheret nasceu em Viterbo, na Itália, em dezembro de 1894, e veio para São Paulo ainda criança. Teve contato com diversos artistas europeus e participou ativamente do movimento modernista no Brasil. Sua obra mais conhecida dos paulistanos, o Monumento às Bandeiras, fica no Parque do Ibirapuera.

A pesquisa de Aurélio Nogueira, docente da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está sendo orientada na USP pelo professor Marcelo Knorich Zuffo.

Da Agência USP de Notícias

C.C.