USP: Laboratório de Vídeo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo completa 20 anos

Laboratório atua também nas áreas de pesquisa e ensino

seg, 24/04/2006 - 10h36 | Do Portal do Governo

Desde 1986 o Vídeo FAU (Laboratório de Vídeo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) produz documentários sobre questões fundamentais relacionadas à arquitetura, urbanismo, arte e meio ambiente. Os vídeos, produzidos incessantemente – foram mais de 30 até hoje – têm duração média de 25 minutos e circulam não só na Universidade, mas em associações, centros culturais, comunidades de bairros, congressos e no circuito de documentários existente no país.

Luiz Bargmann Netto, supervisor-geral do laboratório, destaca que a produção audiovisual é um instrumento importante de divulgação científica. “Os vídeos são fundamentados em pesquisas da FAU. Com eles, conseguimos socializar o que se produz na Universidade. É uma forma de prestar contas à sociedade, que financia esta estrutura toda”. Ao mesmo tempo, diz Bargmann, a produção do Vídeo FAU tem o papel de ampliar os horizontes do público, estimulando o desenvolvimento de uma noção de cidadania. “Procuramos dar aos vídeos um tratamento que permita que ele tenha vida fora da Universidade, em outros contextos e outros Estados”.

Divulgação

Cenas: Taipa de mão – casa de cabloco; Rua do Ouvidor, 63; Velhas paredes de pedra e cal…Ruínas no tempo; e Heliópolis

Arquitetura popular e Cidadania O último lançamento do laboratório, o vídeo “Edifício Copan”, dirigido por Bargmann, foi produzido a partir da pesquisa realizada pela professora Sheila Walbe Ornstein (Departamento de Tecnologia da FAU), que coordenou o trabalho. O documentário apresenta uma breve introdução da história do edifício, comentada pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueira Lemos. Demonstra, com fotos da época, as etapas da construção e expõe depoimentos de moradores dos diversos tipos de apartamentos que existem no mais famoso edifício da capital paulista.

Bargmann explica que o Vídeo FAU desenvolve duas linhas principais de trabalho. Uma é a arquitetura popular. “Procuramos fugir do que é mais focado em publicações e pesquisas: o aspecto monumental e artístico da arquitetura. Fugimos disso para abordar as manifestações da arquitetura popular”.

A outra vertente é definida por Bargmann como “Cidade e Cidadania”, em que são propostos temas que não são abordados do ponto de vista da pesquisa, ou de especialistas, mas do ponto de vista da população. “O primeiro vídeo nesta linha foi ‘No meio do caminho’. Nele, acompanhamos o cotidiano de quatro pessoas com deficiência física. No percurso se vai percebendo barreiras que a cidade coloca na vida delas. A série se baseia em ir para a rua e escolher personagens”.

Outro trabalho da série “Cidade e Cidadania” foi o documentário “Monte Verde”, lançado em 2005. O vídeo mostra os problemas da ocupação urbana às margens do maior reservatório de água da Zona Sul da cidade de São Paulo. No cenário da busca pela moradia, da ausência do poder público e da violência, o documentário enfoca o impacto das ações humanas sobre o ambiente.

Fotos: cecília bastos/jornal da uspPesquisa, ensino e extensão Embora esteja ligado mais diretamente à área da Cultura e Extensão da Universidade o laboratório atua também nas áreas de pesquisa – como acontece com o documentário “Edifício Copan” – e ensino. Uma disciplina, ministrada pela professora Ângela Rocha, trata da relação da arquitetura com a linguagem do vídeo, possibilitando que os alunos produzam vídeos de curta duração, aprendam o processo de produção e elementos da linguagem audiovisual. “O fazer do audiovisual é muito rico, e ele integra a extensão, a pesquisa e o ensino. A vertente do ensino está ligada à origem do Vídeo FAU, com o acesso dos alunos à área de produção”, diz.

Para Bargmann, a produção de documentários traz um recorte diferente daquele da pesquisa acadêmica, com uma metodologia própria. “O que produzimos é um saber distinto do saber da pesquisa acadêmcia. Não estamos necessariamente preocupados com algumas das questões da metodologia de pesquisa, como amostragem, análise e verificação de dados. Queremos passar um conceito, uma idéia, e para isso os recursos são outros”.

Próximos vídeos: Burle Marx e Milly Teperman

O laboratório está finalizando atualmente um trabalho sobre a obra do paisagista Burle Marx e outro sobre Milly Teperman – uma figura importante para a área de desenho industrial no Brasil. “Trabalhamos simultaneamente diferentes fases das produções. Mas nossa estrutura não permite, por exemplo, editar dois vídeos ao mesmo tempo”. O laboratório produz num ritmo de dois a três vídeos anuais, com média de 25 minutos de duração cada um.

O Vídeo FAU não tem orçamento próprio, segundo Bargamnn. A FAU mantém a infra-estrutura de funcionamento (assistência técnica, espaço físico, parte de material de consumo, luz, telefone). Mas a cada produção é preciso buscar recursos específicos – da pró-Reitoria de Extensão, ou da Fapesp, por exemplo.

Do Portal USP Notícias

J.C.