USP: IAG inaugura estação de observação remota do telescópio SOAR

Telescópio está localizado no Chile

qua, 09/08/2006 - 19h35 | Do Portal do Governo

A partir de agora, os pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP podem utilizar o telescópio SOAR (Southern Astrophysical Research Telescope), localizado no Chile, sem sair do Brasil. Nesta terça (8), foi inaugurada a primeira estação remota do equipamento.

Esta é a primeira de sete estações previstas para serem instaladas no Brasil ainda este ano. “Provavelmente, teremos outras no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Itajubá, Natal, São José dos Campos e Florianópolis. Mas isso deve se expandir ainda mais”, conta o professor Augusto Damineli, chefe do Departamento de Astronomia do IAG.

Em funcionamento desde 2005, o telescópio SOAR foi construído por meio de uma parceria entre universidades americanas e o Brasil. Está localizado no Cerro Pachón, montanha dos Andes chilenos, a 2.700 metros acima do nível do mar. “É o melhor lugar do mundo para ver o céu: as noites são limpas e secas”, explica Damineli.

“O telescópio tem um espelho de 4,1m: é equipado com ótica ativa, todo o controle mecânico é extremamente sofisticado. O prédio em que está localizado também é próprio para minimizar perturbações atmosféricas”, afirma o professor João Steiner, que participou tanto do projeto do SOAR quando da idealização da estação remota. Segundo o docente, vários equipamentos de ponta utilizados no telescópio foram construídos no Brasil, numa parceria entre o IAG e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LAN), do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Pesquisas

O Brasil é o sócio majoritário do projeto do SOAR, tendo arcado com 34% do custo total de sua construção e montagem, que foi de cerca de 30 milhões de dólares. O financiamento partiu do Ministério de Ciência e Tecnologia, através do LNA, que entrou com 12 milhões de dólares, e dois milhões de dólares da Fapesp.

Esses 34% de participação também refletem no tempo que o Brasil tem de locação do telescópio. Segundo Steiner, o país tem 110 noites por ano para realizar suas observações. “E agora nós vamos poder observar o céu com esse telescópio daqui e, nesse sentido, vai mudar as condições de pesquisa do Departamento de Astronomia”, explica o docente. “Vai nos poupar custo de tempo e dinheiro, mas, acima de tudo, vai proporcionar aos alunos de graduação e pós-graduação um contato direto com o telescópio”, concorda Damineli. Os dois docentes ressaltaram a importância da participação dos alunos de iniciação científica e pós-graduação nas pesquisas e manuseio do equipamento.

Observação remota

A cerimônia marcou a inauguração de uma sala do terceiro andar do IAG, que tem computadores conectados ao telescópio pela Internet 2 – usada exclusivamente em projetos científicos -, uma mesa de reuniões e uma janela de vidro fechada, que permite que visitantes vejam o funcionamento dos equipamentos sem interferir no trabalho dos pesquisadores. O custo de montagem da estação remota foi de R$50 mil.

O uso da nova estação do IAG será permitido somente a partir de setembro, quando os pesquisadores começarão a fazer as primeiras observações remotas. O IAG ainda contará com o suporte de três bolsistas de pós-doutorado do LNA, que permanecem no Chile. “Eles trabalham junto com o astrônomo da estação de observação remota para otimizar o trabalho e ter mais controle do equipamento”, afirma Albert Bruch, diretor do LNA.

Mesmo antes do acesso remoto, o SOAR já produzia dados desde sua instalação. De acordo com João Steiner, já há trabalhos publicados com dados observados em viagens ao Chile.

Giulia Camillo

USP Online