USP: Estação instalada na Cidade Universitária capta imagens do telescópio da região dos Andes

Telescópio Soar foi construído por meio de parceria entre universidades americanas e o Brasil

qui, 24/08/2006 - 11h04 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP começaram a utilizar o telescópio Soar (Southern Astrophysical Research Telescope), localizado no Chile. Foi inaugurada, no início do mês, a primeira estação remota do equipamento no País. Da Cidade Universitária, na capital paulista, é possível captar imagens e controlar o Soar, instalado na montanha de Cerro Pachón, nos Andes chilenos, numa altitude de 2,7 mil metros acima do nível do mar. Em funcionamento desde 2005, o telescópio Soar foi construído por meio de parceria entre universidades americanas e o Brasil. “É o melhor lugar do mundo para ver o céu, pois as noites são limpas e secas”, observa o professor Augusto Damineli, chefe do Departamento de Astronomia do IAG/USP.

Damineli diz que o equipamento tem um espelho formador de imagens baseado em óptica de superpolimento com 4 metros de diâmetro. “Por ser mais fino que o usual, o telescópio se equilibra rapidamente com a temperatura externa, o que resulta em melhor qualidade das imagens”, afirma. O controle mecânico do Soar é extremamente sofisticado, indica outro especialista da USP na ciência das estrelas, o professor João Steiner, que participou tanto do projeto no Chile como da estação remota.

Ele conta que vários equipamentos de ponta utilizados no telescópio foram construídos no Brasil, numa parceria entre o IAG e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LAN), do Ministério da Ciência e Tecnologia. Essa é a primeira das sete estações remotas previstas para serem instaladas no País ainda este ano. “Provavelmente, teremos outras no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Itajubá, Natal, São José dos Campos e Florianópolis. E isso deve se expandir ainda mais”, prevê o professor Damineli.

Participação dos estudantes – O Brasil é sócio majoritário do Projeto Soar, tendo arcado com 34% do custo total de sua construção e montagem, que foi de aproximadamente US$ 30 milhões. O financiamento partiu do Ministério de Ciência e Tecnologia, pelo LNA, que investiu US$ 12 milhões, e outros US$ 2 milhões vieram da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Esses 34% de participação refletem-se no tempo destinado aos pesquisadores brasileiros para utilização do telescópio. O professor Steiner conta que o Brasil tem direito a 110 noites por ano para realizar observações. Agora, prevêem os dois professores da USP, deverão mudar as condições de pesquisa do Departamento de Astronomia da USP, porque haverá economia de tempo e dinheiro e, acima de tudo, os alunos de graduação e pós-graduação terão contato direto com o telescópio.

Eles ressaltam a importância da participação dos estudantes de iniciação científica e pós-graduação nas pesquisas e manuseio do equipamento. A estação funciona no 3º andar do IAG, onde foi instalada sala com computadores conectados ao telescópio pela Internet 2 (rede da USP usada exclusivamente em projetos científicos), mesa de reuniões e janela de vidro fechada, que permite ao visitante ver o funcionamento dos equipamentos sem interferir no trabalho dos pesquisadores. O custo de montagem foi de R$ 50 mil.

O uso será permitido somente a partir do mês que vem, quando os pesquisadores começarão a fazer as primeiras observações remotas. O IAG contará com o suporte de três bolsistas de pós-doutorado do LNA, que permanecem no Chile. Mesmo antes do acesso remoto, o Soar gerava informações. De acordo com João Steiner, existem trabalhos publicados com dados observados em viagens ao Chile.

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