USP: Dieta e exercício diminuem pressão arterial e melhoram condição física de crianças obesas

Estudo envolveu 39 crianças obesas.

qui, 22/12/2005 - 17h56 | Do Portal do Governo

A prática de exercícios físicos, aliada a uma dieta de baixas calorias (hipocalórica), diminui a pressão arterial e aumenta a capacidade cardiovascular de crianças obesas. O tema foi pesquisado pelo professor de educação física Maurício Maltez Ribeiro, que comparou dois grupos: no primeiro, 18 crianças faziam apenas dieta; no outro, com 21 integrantes, além do controle alimentar havia também a prática de atividades físicas.

Nos dois grupos houve uma perda de 10% a 20% do peso total, mas a diminuição da pressão arterial e a melhora na capacidade física só aconteceram nas crianças que se exercitaram. Ribeiro pesquisou o tema em seu doutorado, apresentado recentemente na Faculdade de Medicina (FM) da USP. Os participantes tinham entre 8 e 11 anos e eram todos caracterizados como obesos, segundo o índice de massa corporal (IMC), que é o peso dividido pela altura ao quadrado.

A prática de atividades físicas, como caminhada, corrida e jogos, aconteceu por um período de cinco meses, três vezes por semana, durante uma hora, na Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz, da FMUSP, entre os anos de 2000 e 2003. Antes, as crianças passaram por testes de avaliação física para medir a capacidade funcional máxima para a realização de exercícios. Com base nesse teste, os pesquisadores podiam encaminhá-las para as atividades mais adequadas, de acordo com a capacidade de cada uma.

Ribeiro afirma que todas as 39 crianças que participaram do estudo se mostraram bastante interessadas em participar das atividades. “Como todas eram obesas, elas não se sentiam constrangidas”, diz. Ele conta que esse tipo de trabalho tem melhores resultados quando é feito em grupo de obesos. “Se ela for a única criança gorda da turma, pode se sentir constrangida, porque não vai ter a mesma capacidade física de uma magra, ou então pode ser simplesmente excluída da atividade por não conseguir acompanhar o ritmo das outras.”

Supervisão profissional

Além disso, tanto os pais como os educadores devem incentivar essas crianças na prática de exercícios. Porém, Ribeiro alerta que toda atividade física deve ser feita com a supervisão de um profissional capacitado, que vai indicar qual é o melhor tipo de exercício. “As 39 crianças que participaram da pesquisa passaram por testes que indicaram o tipo de exercício mais adequado para cada uma.”

A pesquisa de Ribeiro faz parte de um projeto vinculado à Disciplina de Endocrinologia, Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (Incor) e também do Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP e do Laboratório de Nutrição Humana e Doenças Metabólicas (LIM-25) do HC. O trabalho foi gerado a partir de um grupo multidisciplinar de profissionais como cardiologistas, nutricionistas, endocrinologistas, psiquiatras e psicólogos. Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista Circulation na edição de abril de 2005.

Agência USP