USP de Ribeirão Preto inicia compras sustentáveis

Primeiro produto adaptado ao conceito, lápis deverá ser feito com madeira de reflorestamento

qui, 01/10/2009 - 20h00 | Do Portal do Governo

Critérios de sustentabilidade passaram a ser oficialmente exigidos nos processos de compras e contratação de serviços da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP), da Universidade de São Paulo (USP). O lápis foi o primeiro item a ter a venda condicionada a uma exigência do gênero no sistema de compras da universidade. Para a aquisição do produto, tem de ser comprovado que é integralmente feito com madeira de reflorestamento. 

Um dos coordenadores da iniciativa, o professor Roberto Calia, do Departamento de Administração, explica que a ideia surgiu a partir da constatação da necessidade de transformar o discurso em ação. “Teremos mais chances de formar a cultura profissional de um futuro administrador se, além de falarmos sobre responsabilidade social, tivermos computadores com autossuficiência energética e lápis com origem na produção ecologicamente correta, e não de madeira que vem do desmatamento da Amazônia, por exemplo”, enfatiza. 

Segundo ele, não existe conceito nem critério absoluto para a distinção dos produtos sustentáveis. “No geral, são aqueles que, em relação aos convencionais, reduzem algum impacto ambiental ou social, ou a soma dos dois”, ensina. Um dos primeiros passos para ingressar no caminho da ação sustentável foi a realização de treinamento teórico e prático, para os funcionários da unidade que atuam nos processos de compras e contratos. 

A abordagem teórica abrangeu a importância da responsabilidade social, as mudanças econômicas decorrentes, o aquecimento global e a necessidade de coerência entre discurso e ação. Na parte prática, houve a simulação de uma compra verde, com uso do site Catálogo Sustentável, da Fundação Getulio Vargas. Nele, foram selecionados produtos dessa linha, para a comparação de seus desempenhos energéticos e de sustentabilidade aos dos que são adquiridos normalmente. 

Boas práticas  

Os próprios funcionários estão desenvolvendo, também, estudos de viabilidade para a adoção dos requisitos de responsabilidade social de cada produto. Segundo a chefe da seção de material da FEA-RP, Fernanda Aline Desidério, ainda há poucos que atendem aos critérios de baixo impacto ambiental. O lápis é um deles. “Solicitamos à divisão administrativa da reitoria, que cuida do sistema de cadastro de materiais, que incluísse esse item e, após análise, fomos atendidos”, comemora. 

Outro pedido do departamento de compras é a inclusão no sistema da exigência de que só possam ser adquiridos aparelhos de ar-condicionado com o selo A-Procel (de baixo consumo de energia) e sem o gás HCFC-22, que tem alto impacto no aquecimento global. Os produtos de limpeza também estão na mira do grupo. A copa e a limpeza terceirizadas estão usando, em fase de experiência, produtos concentrados que não agridem o meio ambiente. Para alavancar o processo, Calia elaborou roteiro de compras sustentável e busca, agora, outras iniciativas na universidade. “Queremos conhecer casos de compras públicas ecologicamente corretas para trocar experiências e replicar boas ideias. Não podemos ter maus exemplos, eles não combinam com a imagem da USP”, finaliza. 

Da Agência Imprensa Oficial