USP cria arquivo digital sobre o Holocausto

Universidade estréia portal no próximo semestre

ter, 15/07/2008 - 9h15 | Do Portal do Governo

No próximo semestre, o Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP, em conjunto com o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, promoverão a apresentação pública, na capital carioca, do Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo (Arqshoah). O projeto reunirá em um portal na internet diversos materiais, entre eles cópias de documentos oficiais que revelam o posicionamento do governo brasileiro e de seus diplomatas diante do Holocausto e dos refugiados judeus do nazi-fascismo.  

Esta apresentação pública dá continuidade à apresentação ocorrida no último mês de abril, no Clube Hebraica, em São Paulo, durante o lançamento do livro O Anti-Semitismo nas Américas (Edusp; Fapesp, 744 pp.) organizado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenadora do projeto Arqshoah.

Na ocasião, foram distribuídos folders sobre o Arquivo Virtual contendo formulários para serem preenchidos por pessoas que conhecem sobreviventes dos campos de concentração nazista ou por refugiados do nazi-fascismo que moram no Brasil. “A idéia é localizar quem possa contribuir com a construção do Arqshoah, seja por meio da indicação de depoimentos desses sobreviventes ou da doação de documentos relacionados com as suas trajetórias de vida”, explica Maria Luiza.

Entre os documentos já identificados por Maria Luiza e sua equipe de pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) estão várias circulares editadas entre 1938 e 1944 pelo então chanceler Osvaldo Aranha. “Uma delas é a Circular 1.249, datada de 27 de setembro de 1938, que exigia a apresentação de passagem de ida e volta para a concessão de visto de entrada de judeus na categoria turista”, conta Maria Luiza. “Outros documentos comprovam que, mesmo após o final da Segunda Guerra, o governo brasileiro manteve restrições quanto à entrada de judeus e estrangeiros no País. Porém, no exterior, — na ONU, por exemplo — o Brasil apresentava, na época, uma imagem ‘humanitária’.” 

Da USP