USP cria aparelho auditivo de baixo custo para usuários

Cerca de 10 milhões de brasileiros são portadores de perda auditiva incapacitante e podem usar a nova prótese auditiva

qua, 10/03/2010 - 17h00 | Do Portal do Governo

Em breve, aparelho auditivo digital projetado e produzido no Brasil poderá ser adquirido a baixo custo. Sua manutenção também custará pouco ao bolso dos brasileiros. Essa é a expectativa dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que desenvolveram o equipamento denominado Manaus.

Pacientes com deficiência auditiva nos dois ouvidos já testaram a nova prótese e a avaliaram como satisfatória. Enquanto o equipamento nacional da FMUSP custa cerca de R$ 250, o importado (com tecnologia similar) pode chegar a R$ 9 mil no varejo. O brasileiro oferece autonomia de 440 horas com única bateria e quatro programas de adaptação. “Numa produção seriada, o custo desse aparelho deve chegar a R$ 179”, informa o engenheiro eletrônico Sílvio Penteado, do Laboratório de Investigações Acústicas (LIA) da FMUSP.

Larga escala

Assim que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) conceder a patente brasileira, o produto será submetido às etapas de avaliação regulatória da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aprovado, o aparelho deverá estar disponível no mercado para produção em larga escala em breve.

O engenheiro informa que a Portaria 587, do Ministério da Saúde, classifica a prótese auditiva como tecnologia A (básica), B (intermediária) e C (avançada), de acordo com o recurso eletroacústico oferecido e que os modelos disponíveis no mercado no varejo custam até R$ 12 mil (tecnologia C). Já para o Sistema Único de Saúde (SUS), os valores são de R$ 525,00 (tecnologia A), R$ 700,00 (B) e R$ 1,1 mil (C). “O modelo que desenvolvemos atende às especificações das tecnologias A e B. Isso representa 85% da demanda de aparelhos auditivos do SUS”, completa.

Decibéis

Dez por cento da população mundial sofre de perda auditiva. No Brasil, a deficiência está presente na vida de cerca de 18 milhões de brasileiros. São pacientes com perda auditiva discreta, moderada, moderada/severa, severa ou profunda. Esta última é considerada surdez, não corrigida com nenhum tipo de aparelho auditivo.

O aparelho Manaus atenderá a pacientes com perdas auditivas até o grau de moderadas/severas – 56 a 70 decibéis, o que ajudaria cerca de 10 milhões de brasileiros portadores de perda auditiva incapacitante (acima de 41 decibéis).

No Brasil, de cada dez aparelhos auditivos vendidos, seis são adquiridos pelo SUS. Em 2007, o País importou 214 mil próteses auditivas, cada uma em torno de R$ 1.090. Em 2005, as importações atingiram 172 mil próteses, ao custo médio unitário de R$ 1.678. “Um dos objetivos do projeto é oferecer também manutenção mais barata”, destaca Penteado, uma vez que o custo de manutenção das próteses auditivas importadas é muito alto para os pacientes do SUS.

Outros aparelhos

Além do Manaus, os pesquisadores desenvolveram outros aparelhos a partir de componentes padronizados: o Florianópolis (tecnologia C), o Rio de Janeiro e o Sabará (tecnologia B). Os componentes são o microfone, o processador digital de sinais e o receptor – uma espécie de alto-falante – que funcionam com programa de computador.

Do Portal do Governo do Estado com informações da Agência Imprensa Oficial e da USP