A preocupação com a escassez e a qualidade da água tem mobilizado o governo do Estado de São Paulo e a sociedade paulista, como ocorre nos Estados Unidos e na França. Há exatos dois anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou oficialmente a “Década Internacional Água para a Vida – 2005-2015”, com objetivo de promover e desenvolver métodos que assegurem o abastecimento às pessoas e ao ecossistema.
De acordo com o relatório elaborado pela ONU, vinte e seis países com cerca de 232 milhões de pessoas sofrem com a falta de água. O documento aponta que cada pessoa precisa de 100 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene. No entanto, no Brasil, a utilização por pessoa pode chegar a 200 litros.
O governador José Serra também demonstrou preocupação com o tema na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água. “Num país que tem a maior disponibilidade de água doce do mundo, somos um Estado com pouca água. São Paulo tem somente 2,4% do território nacional, cerca de 20% da população brasileira e mais de um terço do PIB, no entanto tem apenas 1,6% da água do Brasil”, afirmou o governador, durante o lançamento do Programa Operação Natureza para recuperação de córregos no município de São Paulo.
O país possui 13,7% da água doce do planeta e um terço do maior aqüífero subterrâneo do mundo, com um volume de 50 bilhões de metros cúbicos, mas a distribuição dessa água é realmente desigual, conforme destacou Serra. Para atender a população da capital, estimada em 11 milhões, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem de captar e bombear a água dos mananciais e conduzi-la até as Estações de Tratamento por meio de adutoras. A captação é feita há cerca de 100 quilômetros da cidade em complexos sistemas que envolvem túneis e adutoras.
Os números da empresa impressionam: a Sabesp produz 100 mil litros de água por segundo para abastecer 25 milhões de clientes nos 367 municípios atendidos, o que corresponde a 60% do total da população do Estado de São Paulo e o dobro de habitantes da Bélgica. A extensão de redes de distribuição de água e de coleta de esgoto da companhia, se unidas linearmente, seriam suficientes para dar duas voltas no globo terrestre.
A conscientização das pessoas sobre a importância desse recurso natural é fundamental para reverter o problema da escassez. Quem desperdiça água desconhece que trata-se de um recurso natural, finito e que a cada dia torna-se mais caro e raro. Por conta disso, a economia de água tem sido objeto de sucessivas campanhas educativas. É senso comum que sem a educação ambiental e a colaboração da população nenhum programa para assegurar o abastecimento de água no futuro será bem-sucedido.
André Muniz
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