Urucum: 1ª Reunião Nacional da Cadeia Produtiva será em Campinas

O urucum, corante mais utilizado no mundo, é usado em alimentos como laticínios, doces, massas, salsicha, sorvetes, bebidas e desidratados

ter, 04/12/2007 - 22h00 | Do Portal do Governo

Com o objetivo de disponibilizar tecnologias que apóiem o setor produtivo de urucum, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e o Pólo Alta Paulista da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo vão realizar a 1ª Reunião Nacional da Cadeia Produtiva de Urucum nos dias 5 e 6/12 (quarta e quinta), em Campinas. Incentivar o crescimento da produção de estudos e o intercâmbio de informações são os principais objetivos.

Durante o evento, os participantes terão acesso a informações sobre manejo da cultura, controle de doenças e pragas e adoção de tecnologias para melhorar a qualidade, além de colheita e pré-processamento. Os usos do produto também serão debatidos. Além da utilização do urucum como colorífico, serão abordadas as aplicações na alimentação animal, em laticínios e massas. O público terá acesso, ainda, ao resultado da análise de pigmentos em sementes.

Os pesquisadores irão abordar também a situação atual e perspectivas do urucum nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. “Vamos unir todas as regiões produtoras e trazer os grandes pesquisadores da área para a discussão. Todos os elos da cadeia vão estar reunidos”, diz o pesquisador do Ital e um dos coordenadores da reunião, Paulo Eduardo da Rocha Tavares.

O urucum, corante mais utilizado no mundo, é usado em alimentos como laticínios, doces, massas, salsicha, sorvetes, bebidas e desidratados. O progresso da sua produção requer pesquisa científica que melhore o manejo da cultura e as características do produto. Os produtores, por sua vez, precisam de melhor suporte tecnológico.

Com pesquisas na área de fitotecnia, melhoramento e agregação de valor para a cadeia de produção do urucum, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria (Apta) objetiva oferecer melhores condições ao produtor da região da Alta Paulista, onde está a maior parte da cultura no Estado de São Paulo, com cerca de um milhão de plantas da variedade piave, a principal utilizada pelas indústrias de corantes.

Estimativas da Apta apontam que no interior do Estado existem, no mínimo,  1,7 mil hectares de plantações de urucum, distribuídos em propriedades de 300 pequenos produtores. A cultura surgiu como alternativa para o desenvolvimento da região, principalmente das pequenas propriedades, após a decadência do café.

Na Alta Paulista, a Apta tem o pólo de pesquisa sediado em Adamantina, onde os estudos relacionados com o urucum são desenvolvidos em parcerias com produtores de diversos municípios de abrangência, como Lucélia e Monte Castelo.

Segundo a pesquisadora e coordenadora da reunião, Eliane Gomes Fabri, os principais obstáculos para a cultura no Estado estão relacionados ao manejo da cultura e condições de solo e clima, associados à falta de pesquisa na área de fitotecnia, melhoramento genético e morfologia e fisiologia de plantas. Por isso, a Apta, no Pólo Alta Paulista, e o Ital têm realizado estudos nessas áreas, a fim de disponibilizar tecnologias que apóiem o setor produtivo.

Segundo Tavares, o trabalho que a Apta e o Ital desenvolvem é pioneiro. “O urucum nunca foi estudado dessa forma e mesmo os estudos existentes eram bem escassos. As pesquisas foram retomadas com toda a força e, agora, temos equipamentos mais sofisticados para conhecer o urucum”, relata.

Entre os projetos futuros e em andamento pode ser destacado o estudo de diferentes acessos da semente em busca de material com melhor rendimento de corante. O melhor ponto de maturação para a colheita e o tempo correto de secagem também serão identificados.

Segundo os pesquisadores, a otimização dos processos de análises do teor de corante na semente, realizadas pelas indústrias na aquisição do produto, está sendo estudada. Isso vai permitir uma uniformização e maior poder de negociação para os produtores, já que, por se tratar de um processo simples, pode ser feita no local de produção para comparação dos resultados.

O estudo envolve também um pré-processamento para ser feito pelos produtores, que utiliza água como solvente. “O produtor vai extrair o corante e obter uma massa ou um pó que vai ser comercializado para a indústria, ao invés de vender a semente. Isso evita o problema de ter que descartar a semente na cidade, promove uma economia com transporte e permite que o produtor armazene o produto e comercialize na entressafra, conseguindo agregar valor”, exemplifica o pesquisador do Ital, Paulo Roberto Nogueira Carvalho, que também compõe a coordenação da reunião.

MERCADO – A perspectiva é de ampliação no mercado, principalmente com a busca de novas alternativas ao uso de corantes artificiais e sintéticos em alimentos, já que há uma imposição, por parte do consumidor, da utilização de ingredientes naturais na formulação dos produtos. Além disso, na indústria de cosméticos, farmacêutica, têxtil e de tintas, entre outras, seu uso é bastante difundido. A utilização de urucum não é permitida em carnes e em óleos.

O urucum também é um alimento funcional, com elementos que podem trazer benefícios adicionais à saúde, abrindo outra perspectiva de mercado. Sabe-se, por exemplo, que sua semente contém um alto teor de antioxidantes, que combatem a formação de radicais livres. Outro componente – cerca de 2% da semente – é uma sustância chamada geranil-geraniol, que está sendo usada como coadjuvante no tratamento do câncer, juntamente com outras drogas.

SERVIÇO:

1ª Reunião Nacional da Cadeia Produtiva de Urucum

Data: 5 e 6/12, a partir das 9 horas

Local: Auditório Central do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital/Apta)

Av. Brasil, 2.880 – Jardim Chapadão – Campinas/SP

Informações: www.ital.sp.gov.br/quimica e 19 3743-1782

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento

(M.C.)