Universidade paulistas assumem nova etapa do Programa Biota

Na prática, o acordo repassa às universidades a responsabilidade de manutenção e preservação dos produtos desenvolvidos pelo Biota

sex, 03/08/2007 - 7h01 | Do Portal do Governo

As três universidades estaduais paulistas assumiram, a partir deste mês, a responsabilidade pela manutenção da produção científica do Programa Biota-Fapesp, desenvolvido ao longo de oito anos de existência.

A institucionalização do Instituto Virtual da Biodiversidade foi formalizada hoje pela manhã em acordo assinado entre as instituições, representadas pelos reitores José Tadeu Jorge, da Unicamp; Suely Vilela, da Universidade de São Paulo (USP) e Marcos Macari, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

Também fizeram parte da cerimônia o presidente da Fapesp, Carlos Vogt, e o diretor-científico da entidade, Carlos Henrique de Brito Cruz, além de autoridades das esferas federal, estadual e municipal ligadas ao Meio Ambiente.

O professor Carlos Joly, membro da Comissão de Coordenação do Biota e um dos maiores incentivadores do Programa desde seu início, em 1999, acredita que a institucionalização encerra uma etapa, ao mesmo tempo que abre espaço para novos horizontes, como por exemplo articulações para sua internacionalização.

Para isso, a presença no Brasil de Michel Loreau, presidente do Comitê Científico Diversitas, uma das mais importantes instituições de pesquisa sobre biodiversidade do mundo, possibilitou a troca de informações fundamentais para se estabelecer intercâmbio com outros países.

Cerimônia – Carlos Vogt definiu o acordo como um “atestado de maioridade” do Biota. Para Brito Cruz, a nova etapa do programa só foi possível graças à capacidade de articulação e esforço da comunidade científica envolvida. “Encontrar um terreno comum de colaboração entre os pesquisadores da mesma área não é tarefa das mais fáceis. Tanto é que não se vê muitas comunidades que consigam interagir de forma tão espetacular quanto a que encontramos no Biota”, destacou.

O reitor da Unicamp, Tadeu Jorge, ressaltou o acordo como positivo para que as universidades cumpram seu papel na formação de recursos humanos e, também, a importância da produção científica acumulada para a formulação de políticas públicas.

Na prática, o acordo repassa às universidades a responsabilidade de manutenção e preservação dos produtos desenvolvidos pelo Biota, mas a porta de entrada para o programa continua sendo a Comissão de Coordenação, que terá como atribuição o encaminhamento dos projetos para os grupos afins. Pelo acordo, à Unicamp caberá a manutenção do Sistema de Informação Ambiental (SinBiota), ferramenta que disponibiliza dados de aproximadamente quatro mil espécies de plantas, animais e microorganismos encontrados no Estado.

Para isso, a Universidade contará com a estrutura do Centro Nacional de Alto Desempenho (Cenapad), que deverá receber equipamentos para isso.

O Atlas, que consiste em um mapa da vegetação paulista, e a revista científica eletrônica Biota Neotrópica, com periodicidade trimestral, também estarão a cargo da Unicamp. A USP e a Unesp se responsabilizarão pela Rede de Bioprospecção e Bioensaios, com informações sobre caracterização de moléculas, coleção de extratos e animais e a etapa final de clínica médica.

Imoseb – Outra boa notícia para os pesquisadores na área de biodiversidade foi o anúncio, por parte dos representantes dos ministérios do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, de uma possível consulta à comunidade científica sobre o interesse em se engajar ao Mecanismo Internacional de Conhecimento Científico em Biodiversidade (Imoseb). Segundo Joly, as discussões no âmbito internacional já ocorrem há três anos, enquanto no Brasil o assunto era considerado um tabu. “Estamos animados com a possibilidade da abertura de discussões. A idéia é criar uma rede semelhante à que ocorre com o IPCC de Mudanças Climáticas”, afirmou.

 Da Unicamp

C.M.