Unicamp: Seminário debate propostas de cooperação com cidade amazônica

Grupo que participou do Projeto Rondon apresenta resultados de pesquisas com moradores de Eirunepé

qua, 15/03/2006 - 12h00 | Do Portal do Governo

Grupo que participou do Projeto Rondon apresenta resultados de pesquisas com moradores de Eirunepé sobre alimentação, saneamento básico e plano diretor

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realiza, no dia 22, seminário para debater programas de cooperação com a cidade de Eirunepé, no Estado do Amazonas. O evento foi idealizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, após a volta da equipe da universidade que esteve por 11 dias naquele município, em fevereiro, participando do Projeto Rondon. Na Amazônia, acompanhando os seis estudantes (dos cursos de Medicina, Geografia e Biologia), estavam os professores Francisco Ladeira, do Instituto de Geociências, e Sérgio Resende Carvalho, da Faculdade de Ciências Médicas. Carvalho diz que a intenção do encontro deste mês é encontrar propostas de capacitação técnica dos gestores públicos de Eirunepé – funcionários municipais e outras pessoas que trabalham em contato com a população.

O grupo avalia ter ultrapassado o objetivo determinado no projeto, que era apurar questões relativas à segurança alimentar. “Acabamos nos envolvendo com outros problemas da cidade, como saneamento básico e plano diretor”, revela Ladeira. A equipe percorreu a cidade de 30 mil habitantes, situada na divisa com o Acre, e aplicou questionário sobre segurança alimentar. Ladeira diz que o resultado dessas visitas derrubou o mito de que não falta o que comer na região, devido à abundância de peixes. O grupo constatou que nem toda população tem acesso à caça e pesca e muitos dependem de programas assistencialistas dos poderes públicos. O resultado final do levantamento ainda está sendo tabulado.Sem assistencialismo – Um ponto preocupante ressaltado pelos dois professores está relacionado ao plano diretor de Eirunepé. A equipe da prefeitura não tinha conhecimento da obrigatoriedade da elaboração do plano. “Se isso não for feito, a cidade deixa de receber verbas do governo federal. Diante desse quadro, estamos preparando o envio de material necessário para que o município elabore esse documento e o encaminhe aos órgãos competentes”, informa o professor Ladeira.

A questão do saneamento básico também é fundamental na região amazonense. A equipe da Unicamp constatou que o nível do Rio Juruá está subindo e se aproxima do lixão da cidade. Se as águas atingirem o local, o rio será contaminado, principal fonte de captação de água e de alimentos da cidade. Juntamente com a prefeitura, o grupo identificou nova área para a instalação do depósito. “Não é a melhor solução, mas deverá impedir a contaminação do Juruá”, conta Ladeira.

O desafio, no entender do professor Sérgio Carvalho, é contribuir sem que haja assistencialismo. Considera que a participação da Unicamp deve ultrapassar os limites do Projeto Rondon. “Seria muito interessante, do ponto de vista da formação de recursos humanos, estabelecer parcerias com essa comunidade. Também é importante que a Unicamp tenha a sua visão sobre a Amazônia”, declara. Além dos dois professores, participaram da viagem os alunos Alexandre Paiva Júnior, Cristiane Oliveira de Barros, Camila Donini, Thiago Marinho Del Corso, Milena Brolesi e Bruno Mariani Azevedo.

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial