Unicamp recebe eventos que discutem perspectivas para o meio ambiente

Entre 19 e 22 de agosto, especialistas participarão de diversos encontros que tratarão da superação de crises ambientais

sex, 17/08/2018 - 18h28 | Do Portal do Governo

A Universidade Estadual de Campinas recebeu, nesta semana, um seminário internacional que debateu a pluralidade de aspectos das crises ambientais. Nesse contexto, a Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (sob a sigla Ipbes, em inglês) alerta para a crise da biodiversidade.

A partir do próximo domingo (19), ecólogos participarão da Segunda Reunião da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (2ª Rabeco) e no Sexto Seminário de Ecologia Teórica (6º SET). Os dois eventos ocorrerão no Centro de Convenções da Unicamp e propõem a reflexão sobre como ser relevante em tempos de crise.

“Em um país com tamanha extensão e diversidade ambiental, avaliar as mudanças em curso e compreender suas consequências são tarefas monumentais”, ressalta Thomas Lewinsohn, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e presidente da Rabeco.

“Muitos ecólogos enfocam especialmente a crise da biodiversidade, mas ela não pode ser separada das consequências que essa crise traz também para as condições e a qualidade de vida humana, agora e no futuro cada vez mais iminente” explica o docente.

Encontros

Entre 19 e 22 de agosto, professores, pós-graduandos, analistas, comunicadores e membros de agências ambientais e representantes de ONGs apresentarão perspectivas durante os encontros.

“A pesquisa ecológica produzida no Brasil pode ser equiparada ao que hoje se faz nos países que lideram a ciência ecológica mundial”, afirma Lewinsohn. Os subsídios técnicos para aprimoramento de políticas públicas também integram os debates, de acordo com o professor Carlos Joly, do IB da Unicamp. “Embora tenhamos ciência ecológica de qualidade, vivemos um momento de retrocesso da legislação ambiental no País”, avalia.

“Não estamos conseguindo traduzir o nosso avanço do conhecimento em uma linguagem que possa ser utilizada por nossos tomadores de decisão ou porque lobbies de classe que têm impedido que esses avanços sejam de fato incorporados”, completa.

Integração

Vale destacar que o sentido de crise pode tomar dimensões diversas, inclusive de transição, o que pode conduzir a um estado mais desejável que o anterior, como analisa o engenheiro florestal Fabio Scarano, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e conferencista do debate de abertura. “Crise, na sua origem etimológica latina, significa ‘momento de mudança súbita’, enquanto na raiz grega significa ‘momento difícil, de decisão’”, afirma.

Segundo especialistas, um dos caminhos apontados para tornar a ciência ecológica mais relevante é apostar nas diversas formas de integração entre pesquisadores, professores, gestores e tomadores de decisão.

Biólogo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Alexandre Diniz Filho defende que um dos grandes desafios que a ecologia tem enfrentado é integrar os vários olhares sobre a natureza. “Na prática, o sucesso em efetivar essas várias integrações depende, em última instância, da habilidade para gerenciar grupos e redes de pesquisadores e estudantes”, diz o também palestrante da mesa de abertura, com eixo temático sobre as crises e suas implicações.

“Precisamos cada vez mais formar esses estudantes não só para desenvolver bem as suas atividades como pesquisadores e docentes, mas também formá-los como líderes, com melhor compreensão da complexa engenharia social envolvida no gerenciamento dessas redes e grupos”, sugere o conferencista.

Iniciativa

O Simpósio de Ecologia Teórica (SET) foi criado por um grupo de alunos de pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2004. A iniciativa se tornou um espaço único no Brasil para se expor e discutir ideia e teorias sobre ecologia. Em 2013, a Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação assumiu a continuidade. Quando a associação realizou sua primeira reunião (Rabeco), em 2016, o SET foi naturalmente incorporado.

A Rabeco é maior e tem um arco temático mais abrangente, mas duas características essenciais dos SET anteriores são sempre mantidas: a participação ativa dos alunos de pós-graduação na escolha de temas e palestrantes, e o reconhecimento da importância da teoria para alicerçar toda a pesquisa básica ou aplicada.

O encontro de três dias e meio busca promover a troca de experiências entre pesquisadores, docentes, pós-graduandos, analistas, comunicadores e membros de agências ambientais e ONGs. Serão 146 pôsteres com resultados de pesquisa em ecologia, que estarão expostos na tenda montada à frente do Centro de Convenções.

A inscrição poderá ser feita no balcão de credenciamento do evento, com desconto para estudantes. Preços, endereços, detalhes sobre a programação e outras informações podem ser consultados pela internet.