Bruno Brandão Quaresma foi, na segunda-feira, um dos primeiros alunos a concluir a Prova de Aptidão em Música do Vestibular Unicamp. A prova foi realizada no Instituto de Artes (IA). Mas, com certeza, a idade não foi parâmetro para medir a experiência de Bruno em relação a outros concorrentes. Apesar de ter 18 anos, o candidato sabe muito bem o que quer. “Há quatro anos, decidi-me pelo curso de Regência e não me vejo em nenhuma outra profissão que não a música. Determinei isso para mim”, afirma.
Bruno conta que a prova foi rigorosa, “mas não estava impossível”, acrescentou. Reconhece, porém, que impossível é ingressar na Unicamp sem ter um bom conhecimento teórico, afinação vocal, conhecimento de piano, no mínimo, e muita percepção. Na prova, ele enfrentou avaliação em proficiência instrumental, afinação, capacidade de redução ao piano e interação entre canto e a linha melódica ao piano. No ano passado, prestou USP e Unesp, comentando que esta é a primeira vez que presta Unicamp. Pelo que viu, para ser aluno de música na Universidade de Campinas é imprescindível ter um bom conhecimento prévio. “Não se trata de iniciação musical. É preciso ter passado por uma escola antes. Eu estudo no Conservatório Nossa Senhora de Fátima, em SP”, destaca.
O candidato não quis mencionar o regente a quem tem como modelo, a fim de não diminuir a importância de nenhum deles. Acredita que observá-los é algo inevitável e considera pré-requisitos básicos, para tal, ter capacidade de interpretação, originalidade na interpretação e uma significativa interação com os músicos. Bruno relata que, em São Paulo, onde reside, faz questão de “bater cartão” na maioria dos concertos. Participou, inclusive, da última temporada da Sociedade de Cultura Artística e acompanha atento o desempenho de diferentes corais. “Se puder juntar coral e orquestra, melhor ainda”, diz.
Avaliação – Para os professores de piano Mauricy Martin e Eduardo Garcia, examinadores das Provas de Aptidão em Música, os candidatos deste Vestibular, a julgar pelas primeiras provas, constituem o melhor grupo dos últimos três anos, graças também a um melhor preparo. Eles avaliaram conhecimento de um vasto repertório envolvendo diferentes períodos históricos, como por exemplo o Barroco, além de um sólido conhecimento do aspecto físico do instrumento.
O professor Mauricy, que está na Unicamp há 21 anos, atribui ainda o bom desempenho musical à passagem pelos tradicionais Conservatórios de Tatuí, Piracicaba e, em Campinas, Carlos Gomes e a Pró-Música. Fala que hoje a procura da Unicamp por alunos de outros Estados tem ocorrido com maior freqüência, vindos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Góias, etc. O professor aconselha que a opção por esta área deve ocorrer desde cedo, por exigir muita dedicação. Revela que atualmente 90% dos músicos atuam como intérpretes e como docentes. “Existem muitos nichos para serem explorados. A música eletrônica é uma possibilidade”, informa. “E, por incrível que pareça, hoje avaliamos mais rapazes na prova de piano. Anteriormente, a grande maioria eram mulheres.”
Eduardo é sergipano e está na Unicamp há dois anos e meio, como professor. Para ele, o candidato deve encarar o curso de Música com bastante seriedade, disciplina, perseverança e certeza de ter feito a escolha correta. “Para passar na Unicamp, o candidato deve ter como base um estudo diário de pelo menos três horas”, sugere.
A prova de aptidão na segunda-feira não durou mais de dez minutos para cada candidato. Eles foram acompanhados por dois avaliadores da área. No exame, foram verificados itens como musicalidade, interpretação e desempenho técnico das obras de Bach, obras contemporâneas brasileiras e uma sonata clássica. Devem fazer as provas de aptidão obrigatórias 1.019 candidatos para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais, Dança, Música e Odontologia. As Provas de Aptidão, iniciadas na segunda-feira, prosseguem até o dia 25 (quarta-feira) em Campinas, a exceção de Odontologia, que acontecerá no campus de Piracicaba. Veja no site da Comvest mais informações sobre as provas de aptidão.
Do Portal Unicamp
