Unicamp: Projetos promovem integração entre residentes da Universidade e comunidade

São cerca de 30 iniciativas que englobam áreas da educação, artes e meio ambiente direcionadas à população dos arredores

qui, 18/05/2006 - 13h48 | Do Portal do Governo

Mais que um simples dormitório ou alojamento, a Moradia Estudantil da Unicamp deve permitir que o conhecimento vivenciado na universidade seja compartilhado entre os estudantes e a comunidade dos arredores. Essa é, de forma geral, a proposta que os alunos buscam pôr em prática. A iniciativa recebeu apoio da Unicamp, por meio do Programa de Moradia Estudantil (PME), com quase 30 projetos coletivos. O conjunto residencial, situado em área de 55 mil metros quadrados (22 mil de área construída), a seis quilômetros do câmpus Barão Geraldo, abriga mil alunos. Alguns dos projetos executados ou previstos são cursos de idiomas (inglês, espanhol e francês), dança de salão, educação musical infantil, capoeira para mulheres, gerenciamento de recursos sólidos (tratamento dado ao lixo produzido na moradia) e o cineclube CineMoras.

As atividades ocorrem na moradia ou em alguns de seus espaços, como centros de vivência e salas de estudo. O compartilhamento de informações e experiências não se limita, porém, aos cursos ou às atividades programadas. Está presente também no dia-a-dia e nos momentos de lazer da moradia. A proposta é promover, de forma lúdica, das manifestações artísticas e de outros meios de expressão, maior interação dos que vivem no espaço residencial.

Qualidade de vida

Para Kátia Stancato, professora da Faculdade de Ciências Médicas, também coordenadora do PME, essas ações têm grande importância, em termos educativos, profissionais e socioculturais. O objetivo é ampliar a qualidade de vida e formar acadêmicos de referência e excelência, comprometidos com a comunidade. A idéia de promover a interação com o entorno vem da época em que os alunos reivindicavam casa na universidade, afirma o estudante Edy Carlos Souza, do último ano de Ciências Sociais. Logo que os primeiros alunos se mudaram para o local, em 1989, prepararam macarronada coletiva, extensiva à comunidade vizinha. “Um dos primeiros eventos ocorridos aqui foi uma tentativa de promover a integração”, analisa Edy.

O cursinho pré-vestibular e o supletivo Vivência Educacional de Jovens e Adultos (Veja) foram os primeiros projetos criados, aos quais se juntou, a seguir, o Movimento Abrindo Portas, direcionado à alfabetização de adultos. Os dois cursos iniciais, segundo o estudante de Ciências Sociais e morador Euzébio Luiz Pinto, “surgiram a partir da discussão que se travava na moradia a respeito da construção do conhecimento na universidade e de como é passado para a comunidade externa”.

Papel transformador

Além das iniciativas na área educacional, há as ligadas às artes, questões ambientais, eventos e outros. Inserido na parte de eventos está o Festival Artístico-Cultural Virada da Lua, ocorrido em dezembro. “Queríamos construir um paradigma de convivência”, explica Fabi Jesus, pós-graduanda em Lingüística. Realizado das 9 às 22 horas, nele se apresentaram 12 bandas e foram servidas mais de 800 refeições (preparadas sob a orientação de nutricionistas). Além dessas atividades, houve exposição de trabalhos artísticos e acadêmicos, debates a respeito de questões sociais, oficinas e o concurso Miss Gatinho. A previsão é que o evento, neste ano, dure dois dias.

Fazem parte da iniciativa a biblioteca comunitária (que surgiu como forma de dar suporte aos cursos da área de Educação), o Programa Moradia Ativa (voltado à prática de atividades físicas), Jornal da Moradia, canteiro medicinal comunitário (onde se cultivam plantas medicinais e aromáticas), aulas de violão, canto-coral, laboratórios de informática e fotografia em preto-e-branco, projeto educação e saúde (relacionado à orientação e prevenção de doenças, visando à qualidade de vida), creche para os filhos dos moradores, entre outros.

Fabiano Crespilho, estudante de Economia e residente do local, enfatiza que “os projetos não devem ser entendidos como assistencialistas ou atos de caridade dos alunos, mas como avanço na adequação dos três elementos que compõem o tripé da universidade: ensino, pesquisa e extensão e entendimento do papel transformador que tem na sociedade o estudante de instituição de ensino público”.

Paulo Henrique Andrade

Da Agência Imprensa Oficial