Trabalho de mestrado em engenharia mecânica elaborado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deu origem à invenção que pode facilitar a vida dos usuários de cadeiras de rodas: um módulo de locomoção motorizado para ser acoplado a cadeiras comuns. Antes de desenvolver o seu projeto, a pesquisadora da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) Flávia Bonilha Alvarenga fez pesquisa com o público-alvo de sua linha de estudo. Ficou sabendo que os usuários sentiam falta de produto motorizado economicamente acessível e que possibilitasse o exercício dos braços.
O resultado foi o novo equipamento, formado por um motor elétrico recarregável, acoplado a duas pequenas rodas. O conjunto, acionado por controle remoto, deve ser colocado embaixo da cadeira. “Uma das vantagens do módulo de locomoção é a independência que o usuário tem para inserir e retirar a motorização quando necessário”, explica a autora, que teve a colaboração de colegas na criação do projeto. “Outra vantagem, sem dúvida, é o custo reduzido”, ressalta.
Segundo Flávia, o preço de uma cadeira motorizada é em torno de R$ 5 mil, contra R$ 120 de uma manual. Como o custo do módulo está estimado em R$ 600, o invento permite a aquisição de uma cadeira com o motor por menos de R$ 800. “Por causa dos altos preços da cadeira motorizada, a maioria dos portadores de necessidades especiais no Brasil usa a manual”, diz Flávia. “Com o novo invento, o usuário pode motorizá-la para subir uma rampa extensa, por exemplo, e continuar a fazer exercícios com os braços em locais planos ou em trechos menores”, sugere.
Patente obtida
O projeto que originou o equipamento resulta da dissertação de mestrado de Flávia, apresentada ao Departamento de Projeto Mecânico da FEM, sob orientação do professor Franco Giuseppe Dedini. A pesquisa propõe ainda a utilização do equipamento em locais públicos, como universidades, parques ou centros comerciais. A idéia é que esses estabelecimentos forneçam temporariamente o módulo aos cadeirantes visitantes.
A patente da tecnologia do equipamento foi obtida neste ano no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Agora, a pesquisadora e o departamento avaliam o interesse de empresas em fabricar o produto. “Pretendemos que esteja disponível para o maior número de interessados possível”, avisa. Desenvolvido em 2002, o invento só foi divulgado agora por causa do processo de registro da patente, que é sigiloso.
Simone de Marco
Da Agência Imprensa Oficial