Unesp: Teor de flúor em água mineral exige legislação

Estudo aponta que concentração indevida pode afetar os dentes

qui, 04/01/2007 - 11h13 | Do Portal do Governo

A água mineral engarrafada é cada vez mais consumida no País por se tratar de um produto considerado livre de impurezas e, por isso, bom para a saúde. Esse novo hábito tem sido favorecido pelo processo de engarrafamento em galões de 20 litros, fato que propicia seu barateamento.

No entanto, os rótulos de diversas marcas trazem informações incorretas sobre o teor de flúor contido na água, fato que preocupa o odontólogo Ronald Jefferson Martins, doutor em Odontologia Preventiva e Social pela Faculdade de Odontologia (FO), campus de Araçatuba.

Martins relatou em artigo publicado na Revista Paulista de Odontologia, edição número 2 de 2006, que o teor de flúor abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde pode contribuir com a incidência de cáries, principalmente em crianças. Por outro lado, se a quantidade de fluoreto for maior que a recomendada, abre a possibilidade de o consumir apresentar fluorose dentária, um distúrbio na formação dos dentes observado clinicamente quando o esmalte apresenta desde finas linhas brancas até, nos casos mais severos, aspecto totalmente opaco e quebradiço.

Segundo Martins, a quantidade recomendada do elemento químico varia conforme as médias das temperaturas mais elevadas do local de comercialização do produto. “Quanto maior a temperatura, menor deverá ser o teor de flúor na água, pois o consumo é maior”, esclarece.

Ainda de acordo com Martins, o maior problema enfrentado pelo consumidor brasileiro é a falta de uma legislação específica. Atualmente, a única exigência legal, do Departamento Nacional de Produção Mineral, é que as águas minerais que contenham flúor em sua composição, independente da quantidade, traga em seu rótulo a mensagem “fluoretada”.

Para Martins, algumas marcas se aproveitam da generalização da lei para salientar que seu produto possui flúor, mesmo que a quantidade seja ínfima. Como estudo de caso que comprove sua tese, Martins analisou os rótulos de 59 marcas de água mineral comercializada em Araçatuba, interior do Estado de São Paulo.

Na região, cuja média das temperaturas é de 27ºC, a concentração de flúor recomendada deve ser de 0,6 mg a 0,8 mg por litro de água. A pesquisa revelou que, daquele total, 44 marcas (74,6%) afirmavam conter flúor em sua composição.

O problema é que apenas duas marcas indicavam a concentração adequada. Entre as demais, 38 (86,4%) mostravam quantidades inferiores à mínima recomendada. Outras 4 (9,1%) apontavam concentrações superiores. “A falta de esclarecimento sobre a importância da quantidade de flúor na água para a prevenção de cáries preocupa a classe odontológica que deve lutar por uma legislação pertinente”, conclui Martins.

Do Portal Unesp

J.C.