Unesp: Residentes mantêm atividades práticas durante pandemia de COVID-19

Pós-graduandos engrossam as fileiras de equipes de saúde no combate e prevenção à doença causada pelo novo coronavírus

sex, 17/04/2020 - 13h51 | Do Portal do Governo
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A Universidade Estadual Paulista (Unesp) tem 59 Programas de Residência ativos. São 48 na área médica e 11 na área profissional da saúde, que mobilizam 738 estudantes, auxiliando as equipes multiprofissionais da Atenção Básica às Urgências e Emergências, relacionadas e não relacionadas à doença COVID-19 (causada pelo novo coronavírus), na instituição de ensino e nas secretarias da Saúde nos municípios em que a Unesp possui campus com cursos ligados à área.

Os Programas de Residência constituem uma modalidade do ensino de pós-graduação e estão vinculados à Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG). “A Unesp, como instituição pública, tem sempre contribuído para a solução de problemas da sociedade. Os Programas de Residência nas áreas de saúde estão cumprindo um papel fundamental, tanto no atendimento aos pacientes quanto na pesquisa e na inovação, visando a prevenção, o diagnóstico e o controle da COVID-19”, afirma a pró-reitora de pós-graduação da Unesp, professora Telma Teresinha Berchielli, ao Portal da Unesp.

“Nenhuma atividade prática dos Programas de Residência em Área Profissional da Saúde da Unesp foi suspensa, apesar das medidas de isolamento social determinadas pelo governo estadual para combater a pandemia de COVID-19. As atividades práticas foram mantidas por serem essenciais para a população e para o ensino e seguem em conformidade com as orientações dos Ministérios da Saúde e da Educação. As atividades teóricas foram mantidas de forma não presencial, por meio do uso de plataformas digitais”, diz ao Portal da Unesp a professora Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, coordenadora da Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde e em Área Profissional da Saúde (COREMU) da Unesp.

Atendimento

Para os médicos residentes da Faculdade de Medicina da Unesp, do campus de Botucatu, a única alteração nas atividades práticas realizadas no Hospital das Clínicas (HC) foi a suspensão de consultas e cirurgias eletivas. O atendimento de urgência relacionado aos pacientes de doenças que não seja a COVID-19 continua ocorrendo, já que o HC de Botucatu é referência para uma grande região do interior paulista.

“É fundamental que os médicos residentes continuem atendendo neste momento grave de saúde pública, tanto no acolhimento à COVID-19 quanto em relação a outras doenças respiratórias que continuam aparecendo nas unidades hospitalares. Para o residente, é uma oportunidade de aprendizado, de se colocar na linha de frente para o enfrentamento dessa doença ainda pouco conhecida e enfrentar os desafios de atender pacientes nesse contexto. Ações são realizadas, sempre sob a supervisão de preceptores”, salienta o professor Pedro Lourenção, coordenador da Comissão de Residência Médica (COREME) da Unesp, ao Portal da Unesp.

A professora Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli lembra que todos os coordenadores dos Programas de Residência foram orientados para fornecer orientações específicas em relação à pandemia de COVID-19, além do treinamento realizado por cada Secretaria Municipal da Saúde com os residentes.

Especialidades

Dentro do Hospital das Clínicas, duas especialidades, em destaque, dedicam total atenção à prevenção e ao combate ao novo coronavírus, que são a Infectologia e a Clínica Médica. Elas compõem o Grupo Técnico Médico (GTM), responsável por toda a ação de assistência realizada no ambulatório, na enfermaria e na Unidade de Terapia Intensiva do HC, em relação à COVID-19. Sob a coordenação do GTM, 30 residentes avaliam pacientes nos três níveis de atendimento.

“Os nossos médicos residentes têm uma atuação fundamental porque são os primeiros na linha de frente. Os pacientes demandam muita atenção, não só pela patologia em si, mas também pelo cuidado na hora da avaliação presencial. O médico que examinar o paciente com a doença precisa ter muito cuidado com toda a paramentação e desparamentação necessárias, com os Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs [máscara, capote, óculos, gorro, luva], pois estão em constante risco. Daí a necessidade de uma força de trabalho tão grande dos médicos”, explica ao Portal da Unesp Alexandre Barbosa, docente e coordenador do Programa de Residência Médica em Infectologia.

Comprometimento

Para a residente do primeiro ano de Infectologia Daniela Anderson da Silva, a Residência Médica, neste momento de pandemia, mais do que ser uma extensão de conhecimento que os estudantes adquirem durante a faculdade, é um momento de comprometimento com toda a sociedade, no qual os residentes aprendem o valor da vida, como profissionais e como seres humanos.

“Nós nos expomos diariamente a infecção, claro que com toda proteção necessária, mas quando chego em casa não penso em todo risco que posso ter corrido, e sim nos pacientes que ajudei a salvar, na gratidão que eles têm, essa é a maior recompensa de tudo isso. Maioria dos residentes, assim como eu, mora longe de suas famílias. Não os visitamos há tempos, por medo de levar a infecção até eles”, afirma Daniela Anderson da Silva, médica residente do primeiro ano de Infectologia da Faculdade de Medicina, do campus de Botucatu, ao Portal da Unesp.

“Porém, conseguimos superar isso, com esse carinho diário que recebemos dos nossos pacientes. Nós nos alegramos de ver eles bem depois de terem enfrentado uma infecção tão imprevisível e com tantos desfechos trágicos”, completa a residente.

No último ano da Residência, Marina Reis Oliveira é uma das seis alunas do Programa em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia da Unesp, do campus de Araraquara, que, mesmo durante a pandemia, continua seus atendimentos, hospitalares e ambulatoriais, para a população.

São casos de traumatismos faciais (fraturas de face), infecções de origem odontogênicas que acometem a face, hemorragias, além dos pós-operatórios dos procedimentos cirúrgicos.

“Ao mesmo tempo em que existe o receio pelo risco da contaminação, eu me sinto feliz em poder continuar exercendo minha profissão, ajudando os pacientes que não podem ficar sem o atendimento e melhorando minhas habilidades na especialização que escolhi. Acredito que atuar nesse momento de pandemia, mais do que exercer a nossa função, é minha obrigação como profissional da saúde e eu também cresço como ser humano”, salienta Marina Reis Oliveira.

Orientação

A supervisão do trabalho de Marina e dos outros cinco residentes é feita pelos preceptores do programa, como o professor Valfrido Antonio Pereira Filho, que orientam os alunos sobre medidas de biossegurança, bem como sobre os procedimentos técnicos. Todos realizados sob supervisão.

“Dessa forma, alunos e pacientes obtêm resultados satisfatórios e seguros, principalmente em um momento tão delicado para o sistema de saúde, como este que estamos passando. A vida continua frente à pandemia, por isso, mantivemos o nosso compromisso social: atender a população. Como todo ser humano, nós também temos medo”, ressalta o docente.

“Porque temos familiares, muitos estão longe dos parentes e, associado ao distanciamento social, isso torna o momento ainda mais difícil. Acredito que seja uma oportunidade de aprendizado incrível, uma experiência que trará amadurecimento profissional aos residentes, inclusive do ponto de vista psicológico e emocional. Também acredito que se fortalecerá a importância do cuidado com o paciente e do cuidado com os profissionais de saúde”, diz o professor Valfrido Antonio Pereira Filho.