Unesp: Programa estimula raciocínio de alunos com cursos, jogos e oficinas

Alunos da rede municipal de ensino de São Vicente, na Baixada Santista, participam do programa desenvolvido pela Unesp

qui, 11/01/2007 - 13h56 | Do Portal do Governo

Um programa desenvolvido pela Unesp, que estimula o raciocínio de alunos do ensino fundamental com cursos, jogos e oficinas, foi oferecido à rede municipal de ensino de São Vicente, na Baixada Santista, no ano passado. O projeto Estimulando o Raciocínio, implantado pela Unesp em Botucatu há cinco anos, integra o Programa Permanente de Divulgação da Ciência na Universidade.

“Atualmente os alunos memorizam as informações, mas não sabem raciocinar”, afirma Iracy Lea Pecora, docente de Biofísica do Câmpus do Litoral Paulista, em São Vicente, e coordenadora do projeto.

O programa beneficia diretamente estudantes da 5ª a 8ª séries de uma escola da cidade.”O raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental em que o intelecto utiliza uma ou mais proposições para, através de mecanismos de comparação e abstração, chegar às respostas da questão colocada”, explica.

Segundo Iracy, a idéia do projeto surgiu quando ela perguntou, em sala de aula, sobre o funcionamento do aparelho auditivo. A resposta satisfatória dependia de informações que haviam sido passadas em disciplinas anteriores. “Um dos alunos me disse que o aprendizado dos outros anos era ‘deletado’, ou seja, as escolas não estimulam os estudantes a relacionar os conhecimentos, que acabam sendo mobilizados de forma estanque. A responsabilidade desta falha de ensino/aprendizagem não é dos professores, mas da atual falta de estrutura das escolas públicas”, conta Iracy.

No curso que ensina mecanismos de raciocínio, ministrado no Câmpus do Litoral Paulista, cerca de 120 professores da Rede Municipal de Ensino aprendem como utilizar, em sala de aula, jogos como Tangram, Origami, Poliminós, Rummikub, Othelo, Cilada, Corrida das Palavras, Senha, Klotsky e Torre de Hanoi. Além disso, eles aprendem a escolher os exercícios adequados para cada série, ordenados por grau de dificuldade.

Em São Vicente, cerca de cem alunos de 5ª a 8ª séries participam do curso uma vez por semana. Eles chegam a executar cerca de 20 problemas por dia. Os exercícios são resolvidos, mas muitas vezes solucionados em conjunto, envolvendo o restante da sala. O importante não é chegar à solução correta, mas o ato de raciocinar para chegar a ela.

Iracy conta que a primeira reação dos alunos ao conteúdo da aula é de aversão, visto que não estão acostumados a raciocinar. “Depois de algumas aulas eles passam a gostar e até a brincar com os problemas”, relata.

Um levantamento feito junto aos estudantes da escola de Botucatu que adotou a disciplina apontou que as notas melhoraram em 30%. “Constatamos também que os estudantes passaram a ter melhor postura na sala de aula, com mais interesse e participação”.

A docente calcula que mais de mil alunos fazem o curso por intermédio do projeto. Mas o objetivo é ampliá-lo para as turmas de 1ª a 4ª séries. A partir da inclusão no Programa Ciência na Unesp, o grupo passou a organizar um banco de jogos relacionados ao raciocínio-lógico e de exercícios dos mais variados graus de dificuldades na biblioteca do CLP. Iracy pretende promover um encontro sobre o tema e uma disciplina optativa para os alunos de graduação do campus.

Júlio Zanella – Do Jornal da Unesp

 

(AM)