Unesp pesquisa controle natural de praga de seringais

Laboratório de São José do Rio Preto estuda fungos e ácaros

sex, 17/10/2008 - 14h29 | Do Portal do Governo

Em pesquisas realizadas no Laboratório de Acarologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), de São José do Rio Preto, o biólogo Reinaldo Feres observou a ocorrência de duas espécies de fungos parasitas naturais do ácaro-plano-vermelho-da-seringueira (Tenuipalpus heveae). A praga é motivo de preocupação de produtores de borracha, pois ela se alimenta de folhas de seringueira. Em busca de alimentos, elas provocam o desfolhamento prematuro e a conseqüente diminuição da produção de látex.

Os microorganismos foram captados nos seringais da empresa Plantações Edouard Michelin, situada no município de Itiquira (MT). “Esse fungo é considerado um inimigo para certas espécies de ácaros pois ao contaminá-los provoca sua morte”, diz Feres.

Um dos fungos, da espécie Hirsutella thompsonii, foi encontrado em cerca de 24% dos ácaros analisados. Segundo Feres, que também coordena o Laboratório, eles podem ser utilizados como método alternativo para o controle destas infestações. “Na maior parte dos ácaros infectados, o Hirsutella thompsonii foi o responsável por sua morte”, disse. O pesquisador afirma que os filamentos vegetativos do fungo, chamados de hifas, acabavam por provocar o rompimento do corpo da praga. Registrada em menor freqüência, o estudo atesta, ainda, que a espécie Neozygites sp também provoca a extinção da praga.

De acordo com Feres, a presença desses fungos costuma ser mais comum em regiões de clima úmido. Como as plantações do Mato Grosso estão localizadas em região de clima seco, o período chuvoso do ano favorece a ocorrência do Hirsutella thompsonii. “A constatação da infecção natural de ácaros pelo seu parasita Hirsutella thompsonii, incentivou o cultivo do fungo em laboratório”, relata o docente.

Ácaros benéficos – Mas nem todas as espécies de ácaros são consideradas pragas. Feres assinala que nas plantações avaliadas também foram verificadas algumas espécies de ácaros predadores, que se alimentam dos ácaros maléficos. “A presença de ácaros predadores nas plantas é benéfica, uma vez que eles comem a praga e de seus ovos”, esclarece.

“Por conta disso, há empresas especializadas em produzir e vender ácaros predadores para combater os ácaros-praga, principalmente em plantas ornamentais e frutíferas”, afirma.

Nos seringais do Mato Grosso, mostrou o estudo, predomina o predador da espécie Euseius concordis. Feres adverte, no entanto, que antes de utilizar o predador no controle das infestações é necessária a realização de uma série de pesquisas para testar sua eficiência e melhor forma de reproduzí-los em laboratório, antes de liberá-los nos seringais. “Cada espécie tem características e necessidades próprias”, explica Feres.

Da Unesp