Unesp: Docente de Araraquara é premiada por invento

Câmara de flotação substitui antigas centrífugas

qui, 18/05/2006 - 17h46 | Do Portal do Governo

Pelo desenvolvimento da câmara de flotação de microorganismos, a pesquisadora Cecília Laluce, do Instituto de Química, em Araraquara, recebeu no último 10 de maio, o Certificado de Honra ao Mérito conquistado em 1996, no XXII Concurso Nacional de Inventores – Prêmio Governador do Estado, realizado há dez anos. “É muito mais gratificante receber uma homenagem como esta, numa competição nacional de criatividade”, ressalta a professora.

Após dez anos de espera e de sucessivos chamados, o certificado com a assinatura do ex-governador de São Paulo, Mário Covas, finalmente foi entregue à pesquisadora. Não houve cerimônia. Ela recebeu a láurea pelo correio. Segundo Laluce, o concurso previa um cerimonial de premiação em homenagem aos pesquisadores, que teria sido adiado – e posteriormente, cancelado – devido ao falecimento do então governador Covas. “Recebi várias ligações que solicitavam a minha presença no evento, que na semana seguinte era sempre desmarcado”, lembra Laluce.

O invento – A câmara de flotação de mircroorganismo substitui as antigas centrífugas. As câmaras são utilizadas nos processos de fermentação nas usinas de cana-de-açúcar, com redução no consumo de energia. O invento de Laluce também pode ser adaptado para a despoluição de águas, tanto na indústria, como em laboratório.

O princípio da flotação se baseia na separação de partículas por diferença de grau de afinidade entre as bolhas de ar (hidrofobicidade), processo muito conhecido e utilizado em mineração. Proteínas, algas, bactérias, leveduras e outros microorganismos podem ser extraídos de seus meios de cultura com a utilização do sistema.

A câmara de flotação se diferencia da centrífuga pelo seu caráter contínuo. Induz-se um fluxo de ar no interior da câmara, fazendo com que os microorganismos responsáveis pela flotação sejam separados na forma de espuma e reconduzidos ao meio de cultura, sem perda de atividade e sem contaminação. “É uma pesquisa que faz a interface da Bioquímica com a Físico-química, atendendo a interdisciplinaridade exigida aos profissionais de hoje” comenta Laluce.

O concurso anual é promovido pelo Sedai (Serviço Estadual de Assistência aos Inventores). Premia inventos comprovadamente originais, para os quais já tenham sido feitos os pedidos de patente. Para a professora, a originalidade deve ser pré-requisito de qualquer invento.

Segundo ela, a banalização das patentes prejudica a visibilidade dos verdadeiros inventos. “Só deveriam ser concedidas patentes para invenções que atendam os interesses industriais, sendo desencorajados os pedidos para pequenas modificações em processos já estabelecidos”, diz. “Um invento que sensibiliza as indústrias é conseqüentemente revertido em benefício da sociedade, ao contrário daquele que gera gastos com a manutenção dos direitos autorais”. Os pesquisadores Willian Greenhalf e Maurício César Palmieri foram colaboradores no desenvolvimento do projeto.

 Átila Soares

Da Unesp