Unesp de Sorocaba cria software para ajudar no tratamento de inflamações oculares

Com a telemedicina, regiões afastadas poderão enviar imagens para centros mais desenvolvidos

ter, 10/08/2010 - 18h00 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do câmpus da Unesp de Sorocaba desenvolveram um software de baixo custo que poderá auxiliar no acompanhamento e no tratamento de inflamações intra-oculares. O programa de computador poderá ser empregado nos consultórios oftalmológicos. Com a telemedicina, imagens captadas em locais de difícil acesso, como a Amazônia e o sertão nordestino, poderão ser enviadas para análise em centros mais desenvolvidos.

“O software está pronto para utilização e seu custo é muito inferior ao do equipamento que geralmente é usado para analisar a imagem interna do olho, o flarefotômetro”, relata o professor Galdenoro Botura Júnior, idealizador do programa.

Orientado pelo professor, Alison Batista da Silva, do curso de Engenharia de Controle de Automação do câmpus de Sorocaba, ele apresentou no mês passado um trabalho de conclusão de curso que resultou na criação do programa de computador.

De acordo com a empresa japonesa Kowa, que fabrica o flarefotômetro, poucos aparelhos estão disponíveis em todo mundo – no Brasil, há duas unidades e uma terceira será enviada ao País este mês. O valor do equipamento é de cerca de US$ 60 mil, sem as taxas de importação, segundo a Kowa.

Por meio do software criado pela Unesp, é possível avaliar quantitativamente a inflamação no olho do paciente. O sistema analisa uma imagem gerada por uma câmera acoplada ao biomicroscópio ocular – equipamento usado por oftalmologistas para examinar o olho – e identifica as áreas mais afetadas pela inflamação.

O software processa as informações recebidas das partículas em suspensão no líquido que preenche a cavidade do olho, como explica o médico Ricardo Soares, co-orientador do estudo. A presença dessas partículas indica inflamação da úvea, que corresponde à parte interna do olho. 

A incidência anual de uveíte (inflamação da úvea) no mundo varia de 17 a 52 casos por 100 mil habitantes, conforme o Ministério da Saúde. Cerca de 35% dos pacientes com o problema relatam baixa visão ou cegueira.

Acompanhamento 

Segundo Soares, com o uso do software, o médico pode criar um banco de dados para o paciente e acompanhar, por exemplo, a resposta da inflamação intra-ocular ao tratamento. “Assim, o médico pode tomar decisões com base em evidências.”

O pesquisador ressalta que a telemedicina permitirá que o sistema seja utilizado em rincões do País, como a Amazônia – onde a oncocercose, doença parasitária que pode atingir os olhos, é uma ameaça à população local – e Erechim (RS), uma região endêmica de toxoplasmose, enfermidade que pode afetar a visão. Nessas áreas de difícil acesso, que geralmente não dispõem de médicos especialistas, as imagens poderão ser tiradas por agentes de saúde e enviadas para que sejam processadas e analisadas por médicos de centros mais desenvolvidos.

Em animais 

O programa de computador também poderá beneficiar animais, acrescenta o engenheiro Alison. “O software vem, na verdade, atender a uma necessidade dos médicos veterinários, que não têm como saber se o animal apresentou melhora”, diz ele. “É muito difícil quantificar a inflamação intra-ocular em um cavalo, por exemplo.”

Da Unesp