Práticas de ensino voltadas para jovens e adultos serão debatidas no 1º Congresso de Educação de Jovens e Adultos, que será realizado entre os dias 25 e 27 de outubro, no câmpus de Marília. Com inscrições até 18 de outubro, o evento apresentará mais de 60 estudos produzidos em diferentes estados brasileiros. Especialista em educação, o inglês Timothy Ireland, da representação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, participará da abertura do encontro.
“Dar aula para esse público não é o mesmo que ensinar crianças nem se resume à alfabetização tardia”, afirma o matemático José Carlos Miguel, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências, de Marília, e um dos coordenadores do encontro. Ele também está à frente do Programa Unesp de Educação de Jovens e Adultos (PEJA), entidade realizadora do evento, juntamente com a Pró-Reitoria de Extensão.
Cursos profissionalizantes, preparatórios para concursos, supletivos e aulas extracurriculares são algumas das formas mais comuns de educação para jovens e adultos. Segundo o pesquisador, houve poucos avanços científicos na procura por métodos apropriados para esses estudantes. Essa inadequação contrasta com o conceito cada vez mais difundido de que a educação não termina com a maioridade, mas se desenvolve ao longo da vida. “As poucas pesquisas que existem sobre o tema estão concentradas na pedagogia, mas as demais áreas da licenciatura precisam se engajar.”
A escolha de uma carreira na educação passa muitas vezes por uma identificação com as crianças. O estudioso ressalta que a maioria dos cursos de graduação não está preparada para mostrar que o ensino de hoje é mais diversificado do que isso. Sem uma formação abrangente, os profissionais adotam métodos da educação infantil que se mostram ineficazes. Os alunos desse segmento educacional, em geral, trabalham, constituem família e estão sob pressões de diferentes naturezas. Para Miguel, é preciso encontrar formas de trazer para a sala de aula esse contexto social e cultural.
Formação de leitores
Entre os destaques do congresso, está Leôncio Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), autor de Aprendendo com a Diferença (Editora Autêntica, 2003) e de outros livros sobre o tema. Também estará presente a pedagoga e bióloga Jane Paiva, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e integrante da Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação (MEC). Ela comporá uma mesa-redonda com o professor do câmpus de Marília, Dagoberto Buim Arena, especialista em formação de leitores.
Serão oferecidos minicursos sobre educação em matemática, artes, história, literatura, utilização de jogos e de novas tecnologias, interação cultural e a inclusão de estudantes com deficiência. O ato de contar histórias como ferramenta didática também será tema de diferentes aulas, além de conceitos sociológicos sobre a educação, como, por exemplo, a Pedagogia da Libertação, teorizada pelo educador e filósofo Paulo Freire.
Também coordena o evento, o mestrando João Carlos Venâncio, da Faculdade de Ciência e Tecnologia, câmpus de Presidente Prudente. Os organizadores esperam a participação de pesquisadores universitários, professores da rede básica de educação e estudantes de licenciaturas. As inscrições poderão ser realizadas no site do evento e custam R$ 50 para graduandos, R$ 60 para professores da educação básica e alunos da pós, e R$ 70 para os demais interessados.
Da Unesp
