Unesp de Botucatu produz folhetos sobre ferimentos causados por peixes em rios do Pontal

Material servirá para orientar pescadores, turistas e profissionais da Saúde

sex, 05/11/2010 - 19h00 | Do Portal do Governo

Alunos e professores da Faculdade de Medicina (FM), câmpus de Botucatu, prepararam folhetos para alertar e orientar pescadores profissionais e esportivos dos acidentes causados por peixes nos rios Paraná e Paranapanema, entre as fronteiras dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. O material será distribuído este mês para as comunidades pesqueiras de toda a região dos rios e para turistas.

Os fôlderes trazem informações sobre os primeiros cuidados para os ferimentos causados por arraias fluviais, mandis, bagres e outros peixes, segundo o dermatologista Vidal Haddad Júnior, professor responsável pelo projeto. Eles também orientam os médicos da saúde pública local sobre intervenções cirúrgicas nos casos mais graves.

Os folhetos são o resultado da pesquisa coordenada por Haddad “Avaliação do impacto dos acidentes por animais aquáticos em pescadores e banhistas do município de Rosana (SP), na região do Alto Rio Paraná, Brasil: proposta de um programa de educação ambiental e em saúde para a população local”, realizada neste ano. Com apoio da Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex) e da Fundação para Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp), estudantes de Doutorado da FM entrevistaram os pescadores das comunidades ribeirinhas para saber das principais causas dos acidentes durante a pesca. Os professores Sérgio Domingos de Oliveira, do câmpus de Rosana, e Domingos Garrone Neto, da Universidade do Sagrado Coração, de Bauru, colaboraram na elaboração do folheto.

Nas visitas feitas nos últimos três meses, eles puderam verificar a ocorrência de vários ferimentos feitos por peixes, segundo o coordenador. Entre esses, houve um grande número de acidentes múltiplos por mandis, que são peçonhentos e causam dor intensa. Outro grande número de traumas está relacionado a peixes de valor comercial, como pintados, traíras, corvinas e piranhas. Esses animais ferem por suas estruturas corporais. Por exemplo, os raios de nadadeiras das corvinas e tucunarés, ou os dentes de piranhas e traíras.

Arraias

A escolha de Rosana para a realização das atividades, segundo Haddad, deveu-se por ocorrer ali o ponto de junção dos rios Paraná e Paranapanema. Os acidentes causados por arraias fluviais são ainda pouco comuns na região estudada, uma vez que elas foram detectadas na região há cerca de dez anos, não existindo anteriormente no local. Essa colonização no alto Rio Paraná está associada à usina hidrelétrica de Itaipu, que possibilitou a passagem desses peixes por barragens naturais.

As arraias não são animais agressivos, mas possuem ferrões com substâncias tóxicas para sua defesa. Quando pisadas, costumam dar ferroadas, pelas quais liberam as toxinas que podem causar inflamações e muita dor. Como ainda não existe nenhum tipo de antídoto para neutralizá-las, o local atingido deve ser imerso em água quente logo após o acidente, pois o calor neutraliza a ação das toxinas.

Entretanto, em um levantamento feito com 39 pescadores, 37 deles já tinham visto alguém ferroado e 6 pescadores (15,38%) já haviam se acidentado. As feridas foram tratadas em hospital ou posto de saúde, mas foram detectados também casos de imersão em água quente, urina e ervas, além de outras práticas.

“Existe uma enorme falta de informações sobre tratamento de primeiros socorros e das seqüelas”, enfatiza o médico. “Os folhetos, elaborados em uma linguagem simples, direta e ilustrada, podem contribuir decisivamente para resolução do problema na região, sendo a iniciativa aplicável em toda a Bacia do Prata”.

Da Unesp