Trechos da entrevista do governador Mário Covas após inauguração de duas estações de trem na Capital

Parte I

sex, 30/06/2000 - 15h17 | Do Portal do Governo

Parte I

Transportes

Repórter – Governador, estes investimentos que o Estado vem fazendo em novos trens é uma maneira de tirar mais carros da rua?

Covas – É uma maneira de você oferecer melhor qualidade de transporte. (incompreensível). O que há de novo é que você está melhorando a qualidade, algumas das características que o bom transporte precisa: confiabilidade, regularidade, segurança, velocidade, conforto. Tudo isto o transporte exige. Os trens são melhores, não se transita mais fora do trem, pendurado ou em cima do trem. Tudo isto melhorou. A velocidade aumentou, a freqüência aumentou. Com isso, você aumentou o número de horas de lazer. Tudo isto está sendo feito com este objetivo. Além do fato de que o transporte tinha uma oferta menor do que a demanda. Hoje, você tem uma demanda e uma oferta equilibrada. Você tem transporte para o total da população que necessita dele.

Repórter – É uma tentativa também de tirar mais carros da rua?

Governador – Sim, lógico. Por que que você está fazendo Rodoanel? Uma das razões é para tirar carros do centro da cidade. Parece que a Prefeitura de São Paulo nunca foi capaz de compreender isto, que o maior interessado no Rodoanel é a cidade de São Paulo. Por outro lado, o Brasil inteiro se beneficia do Rodoanel. Por quê? Porque qualquer transporte que saia do Rio Grande do Sul para ir ao Pará perde um tempão da viagem e gasta um bocado para passar por São Paulo. Vai passar por aqui a dez, doze quilômetros por hora, consumindo combustível demais, ajudando a poluir. Portanto, o Rodoanel tem esta mesma finalidade. O objetivo é o mesmo. Se a pessoa puder deixar o carro em casa, ela vai em menos tempo, com mais comodidade e lendo jornal, sem xingar o cara que está ao lado dele.
Nós todos viramos bicho quando estamos na direção do automóvel. Todos nós somos iguais, motorista é tudo igual. Homem, mulher, tudo igual. Você está encostado esperando o cara sair, de repente o cara sai e a mulher entra e põe o carro. E ainda sai de nariz empinado para você. E se for o contrário é a mesma coisa. O homem não tem a menor gentileza com a mulher. Todos nós quando guiamos, viramos bicho. Porque guiar em uma cidade que tem quase cinco milhões de automóveis transitando é uma loucura. Primeiro, porque não há sistema viário que agüente. Precisaria desapropriar metade da cidade para que se pudesse fazer um sistema viário para sustentar este trânsito. Não sustenta, mesmo. Então, você tem que procurar transportes coletivos alternativos. É a primeira regra do transporte: é que o transporte coletivo tem que ter prioridade sobre o transporte individual.

Repórter – Quanto o governo investe no transporte coletivo?

Covas – Quanto? Não sei de dizer o total. Mas é um bocado de gaita. Uma parte dela diretamente, outra por meio de financiamentos. Por exemplo, os trens espanhóis, os 48 primeiros trens espanhóis – que são três carros cada um – portanto são 132 carros, eles vieram pelo custo de manutenção. Já os seguintes são carros novos. São trinta trens com quatro carros. São mais 120 carros. Estes – dez alemães que estão para chegar de um consórcio internacional que está fazendo os trens – também são trens de última geração.
No Metrô, nós inauguramos duas estações na Zona Oeste. Nós inauguramos três estações e, consequentemente, o Metrô até o final da Zona Norte. E na Zona Leste, mais três estações. São doze quilômetros adicionais de Metrô. É quase 40% do que existia anteriormente. Estamos fazendo o trecho do Largo 13 de Maio até o Capão Redondo. E este trecho aqui é como se fosse o Metrô. Não há nenhuma diferença, nenhuma distinção em velocidade, em qualidade, em conforto. Este trem que anda aqui é o mesmo trem para Franco da Rocha, Francisco Morato e no Metrô. Portanto, você, paulatinamente, vai oferecendo alternativas não apenas para quem só pode usar o transporte coletivo, como também vai oferecendo alternativas para quem usa o veículo particular.