Trechos da entrevista do governador Mário Covas após anúncio de investimentos da Basf no Estado

Parte II

seg, 17/07/2000 - 20h53 | Do Portal do Governo

Parte II

Repórter: O fato novo seria a participação do ex-secretário do presidente Fernando Henrique, Eduardo Jorge, nessa empresa que teria firmado …

Covas: Qual empresa?

Repórter: A Meta.

Covas: Em primeiro lugar, não se firmou nenhum contrato com Meta nenhuma.

Repórter: E operação de corretagem?

Covas: Nem operação de corretagem. Em primeiro lugar o que se fez foi um contrato com a Sul América transferindo para ela uma carteira que era deficitária para a Cosesp: a carteira de seguro de automóveis. Mas, enfim, se está errado, muito bem. Está tendo um encaminhamento normal. Só que volta o assunto exatamente para a gente ser obrigado a falar sobre ele de novo. E isso vai realimentar a coisa, vai realimentar o senhor Eduardo Jorge, que é para a gente dar paulada no presidente da República. É incrível isso, é incrível. Porque o pior de tudo isso é a tática. A gente fica se sentindo como se fosse safado, como se fosse um sem-vergonha. Quando na realidade o Pitta acabou de ser absolvido na Câmara Municipal. Mas isso não é tema. Saiu nos jornais no dia seguinte e já desapareceu. Tema é transferir para a coisa um contrato que era deficitário para a Cosesp. Não, não, ela deveria ficar perdendo dinheiro, seria muito melhor. É dinheiro de vocês. Era dinheiro do povo e dinheiro do povo ninguém liga.
É por isso que eu encontrei o Estado na situação que eu encontrei. Mas eu não vejo ninguém dizer uma palavra hoje a respeito do governo do Fleury, do governo do Quércia, ou do governo do Maluf. E eu continuo pagando contas do governo Maluf, mas isso não interessa. Safado é o cara que trabalhava na Cosesp, tinha um seguro que dava prejuízo e passou essa carteira para outra seguradora. E agora descobriram que o tal homem, o tal de Eduardo Jorge, que, tendo trabalhando com Fernando Henrique, automaticamente bota o presidente no crime. E aí vem: “caixas tucanos sob investigação”. Qual é o caixa da minha campanha que está sob investigação? Olha, está muito difícil fazer política neste País, está muito difícil, uma coisa exasperadora.

Repórter: O senhor acredita então que essas acusações não têm o menor cabimento …

Covas: Não foi uma acusação. Foi feita uma denúncia por um cidadão chamado Erasmo Dias. Muito bem, já se devia qualificar a acusação por conta de quem fez. Mas não, foi para o Ministério Público e está lá até hoje. Eu acho que vocês deveriam fazer uma pressão no Ministério Público para ele resolver. Eu não me aborreço não. Vou fazer o contrário.

Repórter: Nesse jogo político, a quem interessa esses conflitos?

Covas: Eu sei para quem não interessa. Não interessa para nós que estamos no Governo. Mas não é para todos os governos que não interessa. Porque tem governo que faz uma porção de coisas e não se fala nisso. Agora, o meu é perseguido diariamente. O meu… parece que tem um bando de criminosos aqui dentro.

Em seguida, acompanhe mais um trecho da entrevista.