Trechos da entrevista do governador Mário Covas após abertura do 1º Fórum do Agronegócio Paulista

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ter, 25/07/2000 - 13h10 | Do Portal do Governo

Seguem trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas concedida na manha desta terça-feira, dia 25, no Palácio dos Bandeirantes, após a abertura do Agro-2000 – 1º Fórum de Agronegócio Paulista:

Repórter – O governo do Estado tem uma linha de crédito especial para quem sofreu com a geada?

Covas – Nós temos seguro. Ainda outro dia, passei na região sudeste que foi muito atingida pelas geadas. Por sorte, parece que deles já tinham acabado de colher toda a cana, mas o milho foi todo embora. E é engraçado porque só recebi solicitações de quem tinha seguro porque aquela área está praticamente toda coberta por seguro. Bem, o prazo máximo é de 30 dias para quem teve perda total. A perda parcial é avaliada depois da colheita, mas também no mesmo prazo. Na região sudeste você tem uma grande cobertura de seguro. Para certos produtos a coisa é mais complicada como o café, por exemplo. E com o café o desastre é grande porque, como você sabe, o café com quatro anos está exatamente começando a produzir e se vem uma geada tem que começar o ciclo todo outra vez. Estamos vendo de que maneira a gente pode auxiliar aqueles que não estão incluídos entre os segurados. Os segurados têm sua posição garantida. A carteira de seguro rural tem um fundo pelo qual, metade do resultado todo ano é depositado nesse fundo exatamente para enfrentar circunstâncias como essas que foram dramáticas e praticamente distribuídas pelo Estado inteiro. Em qualquer região do Estado que você for, você constata. Ontem, lá no Pontal você via tudo queimado na mata que ainda sobrou. E o pior é que parece que vamos ter ainda outras circunstâncias de baixa temperatura podendo, portanto, repetir o fenômeno.

Repórter – Para quem não é coberto pelo seguro, tem algum caminho que pode ser feito?

Covas – Caminho sempre tem, mas é preciso verificar se você procura um organismo de financiamento tradicional tem que obedecer as regras. Eles não podem alterar o sistema por conta própria, emprestar o que quiser para quem quiser, da forma que quiser, eles têm que obedecer regras do Banco Central. Mas alguma forma de ajudar vamos encontrar. Vamos ver como é que se pode operar nessa linha, pelo menos para auxiliar alguns setores que tenham sido mais atingidos.

Repórter – O governo tem alguma estimativa de quanto perderam os agricultores não segurados?

Covas – O secretário tem isso muito claro. Em alguns setores, como por exemplo no hortifrutigranjeiros o problema é menor porque se recompõe rapidamente. O prejuízo é apenas em cima do que já tinha plantado. Outras culturas são muito mais demoradas. O café é um exemplo dramático disso e é uma coisa que eu escuto desde pequeno porque meu pai a vida inteira trabalhou com café. Embora não trabalhasse com o plantio, trabalhava com o comércio de café, no agronegócio do café.

Repórter – E esse documento que o senhor assinou hoje, governador. O senhor pode explicar?

Covas – Esse documento é uma modificação do Feap (Fundo Expansão da Agropecuária e da Pesca), um fundo que nós criamos para atender inicialmente, pequenos agricultores porque tem teto de financiamento e a pesca, sobretudo a pesca artesanal. Com isso, foi possível recuperar vários pescadores. Esse fundo que já atendeu cerca de seis mil empréstimos, começou a funcionar com taxas bastante baixas. Para cada tipo de empréstimo tem um teto e com até zero por cento de juros como o empréstimo para combater a erosão. O fundo foi evoluindo, o seu Conselho foi aumentado e, hoje assinamos a modificação. O Fundo de Aval. O Feap vai ser um dos agentes propiciadores do Fundo de Aval que é um mecanismo pelo qual o cidadão pede dinheiro emprestado em qualquer banco. O Governo do Estado, através do Fundo de Aval, dá 80% do valor do empréstimo e garantias. Isso se fará de duas maneiras. No primeiro instante são R$ 10 milhões que constituem um fundo de reserva, porque nós podemos dar aval oito vezes o que tiver nesse fundo portanto, hoje estamos habilitados imediatamente a dar R$ 80 milhões de fundo de aval. A segunda coisa é que, eventualmente, o Feap paga a diferença da taxa de juros entre a que é cobrada pelo banco e a que o Feap dá tradicionalmente que é em torno de 4%.