Trechos da entrevista coletiva do infectologista David Uip, médico particular do governador, no Inco

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sex, 19/01/2001 - 14h49 | Do Portal do Governo

Trechos da entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira, dia 20, no Instituto do Coração, pelo infectologista David Uip, médico particular do governador Mário Covas:

David Uip – O governador acordou, tomou café pela manhã, mas ainda não conseguimos controlar tanto o edema (inchaço) como as alterações que falamos ontem para vocês. Os exames de laboratórios ainda estão alterados, continua com edema importante nos membros inferiores e superiores. Embora tenha feito um balanço negativo, que significa que ele perdeu menos líquido do que ingeriu, nós ainda não o temos clínica e laboratorialmente sob controle absoluto. Então, como isso não deverá ocorrer nas próximas horas, optamos por mantê-lo internado, já por definição, até segunda-feira quando ele será reavaliado e vai receber a segunda aplicação de quimioterápico. A idéia é mantê-lo aqui no hospital para que ele receba os cuidados clínicos e neurológicos adequados.

Pergunta – Como o governador está agora?
David Uip – Agora ele está repousando sob efeito de tranquilizantes. Por ele estaria trabalhando, mas queremos que ele fique calmo para podermos fazer todo o aparato de medicamentos necessários e colocá-lo no devido lugar, do ponto de vista clínico laboratorial.

Pergunta – Mas ele não está sedado?
David Uip – Não, ele tomou o café da manhã normal, depois ele deu uma volta com a D. Lila e, agora, ele está repousando com tranquilizantes.

Pergunta – Algum efeito colateral da aplicação?
David Uip – Não. Ele não apresentou vômitos, não apresentou dor de cabeça. Não teve nenhum efeito colateral da medicação.

Pergunta – Ele está em quarto normal?
David Uip – No quarto normal em que ele sempre fica.

Pergunta – Ele caminhou?
David Uip – Não. A pedido dele, D. Lila o levou para passear na cadeira de rodas.

Pergunta – D. Lila passou a noite aqui?
David Uip – Não.

Pergunta – O senhor diria que com a reação que ele teve após essa aplicação de quimio, a probabilidade de ele deixar o hospital na próxima segunda-feira é maior ou menor?
David Uip – Nós não falamos em probabilidade e isso tem alguns anos que não fazemos. Temos dados muito objetivos para avaliação. Então, é aquilo que comentei com vocês. Ele vai ser reavaliado e nós vamos dizer se ele vai sair ou não. Hoje estou afirmando que até segunda-feira ele não sairá do hospital.

Pergunta – E esse inchaço?
David Uip – A priori, é pelo uso do corticóide. Aliás, ontem vocês escreveram 12 miligramos de diurético e não é. São 12 miligramos de corticóide.E ele toma diuréticos à medida da necessidade. Então, nós fazemos um balanço de entrada e de saída (do líquido).

Pergunta – O que significa essa queda de eletrólitos que está no Boletim Médico?
David Uip – Quando você dá diurético, você tem outras decorrências do diurético. Cai o potássio, por exemplo. É preciso repor. Então é uma situação assim: o corticóide provoca inchaço, você dá diurético para diminuir, junto com a urina não sai só líquido, saem eletrólitos.

Pergunta – É a fraqueza?
David Uip – Não. Não é só fraqueza. A queda de potássio pode ser um evento importante se não monitorizado e não reposto.

Pergunta – O que acontece?
David Uip – Uma porção de coisas. Não vou dar aula de medicina aqui. Depois que cai o potássio, você repõe. Quem toma diurético todos os dias sabe que tem que tomar suco de laranja, sabe que tem que comer banana e tomar remédios para repor. No caso dele, esses medicamentos estão sendo dados por via venosa.

Pergunta – Devido ao tombo que ele teve, algum problema maior?
David Uip – Não. Ele teve arranhaduras no rosto e uma machucadura no dedo que a radiografia revelou não ser fratura. O dedo só está roxo.

Pergunta – Ele vai fazer quimio e radio?
David Uip – Essa decisão é do Dr. Brentani e do Dr. Milberto.

Pergunta – Qual o estado de espírito do governador? O senhor conversou com ele?
David Uip – Conversei e ele está bravo comigo. Porque ele não quer ficar no hospital. Ele quer trabalhar. Eu e equipe estamos tentando explicar que, neste momento, é oportuno ficar para que ele seja controlado clinicamente. É muito mais difícil em outro ambiente que não o hospital porque se usa controle muito claros. Tem que saber quanto perdeu na diurese, quanto líquido ingeriu, quanto remédio tem que ser tomado, exames para ver a glicose, exames só para ver o potássio. Tudo isso em outro ambiente é muito complicado.

Pergunta – Do ponto de vista médico, qual a possibilidade de o governador voltar a despachar nos próximos dias?
David Uip – Isso vai ser revisto na segunda-feira.

Pergunta – E a pressão intracraniana, como está?
David Uip – Tudo faz crer que já melhorou. Nós vamos ter os dados mais objetivos com o resultado final do líquor que foi colhido ontem. Os líquors vão servir de parâmetro de controle quimioterápico. Você mede pressão, mede celularidade e muitas coisas a partir desse líquor.

Pergunta – Outras ressonâncias foram feitas?
David Uip – Não. Nada.

Pergunta – Quais os exames que estão sendo feitos?
David Uip – Os que ele faz habitualmente. Os exames de sangue e não se prevê nenhum outro a não ser esse.

Pergunta – Ele reclama de alguma dor específica?
David Uip – Ele reclama que quer ir trabalhar.

Pergunta – Ele tem recebido telefonemas? Do Fernando Henrique, por exemplo?
David Uip – Não sei. Olha, quero dizer para vocês que a equipe médica não está interessada em política ou em governo. Nós temos preocupação com o cidadão Mário Covas que, felizmente para nós, é o governador do Estado de São Paulo. Só.