Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas concedida após entrega de uniformes escolar

Parte final

qua, 11/10/2000 - 16h14 | Do Portal do Governo

Parte final

Pergunta: Governador, em relação à CPTM. Um delegado da Polícia Civil disse que essa semana vai indiciar um diretor operacional da CPTM no caso da tragédia de Perus e, possivelmente, pode indiciar o presidente da empresa. O que o senhor acha disso? O senhor pretende afastar o presidente?

Covas: Eu não acho nada. Acho que nesse episódio a Polícia agiu rápido.

Pergunta: O senhor vai afastar alguém?

Covas: Não, ninguém. Quem é que foi julgado? Quem é que foi condenado por alguma coisa? Amanhã fazem uma denúncia no teu jornal sobre a tua maneira de atuar. Você acha que devem te demitir para discutir depois? Não. Por isso, vou mandar apurar, vou mandar verificar. Bem, o delegado está dizendo que vai mandar apurar. Agora, o que é o laudo da polícia técnica é no sentido de que: faltou calçar o trem e nisso não difere do laudo da CPTM. O laudo culpa a empresa por não ter calços dentro do trem. Embora hoje instrumentos disponíveis na própria natureza pudessem fazer o calço. Mas culpar a CPTM por não ter regras escritas a respeito e não ter os calços dentro do trem. Mas concorda que foi a falta de calço, muito provavelmente, que levou ao acidente.

Pergunta: Governador, sobre aquela questão do Artigo 20, da Lei de Responsabilidade Fiscal, que está em discussão agora. O senhor acha que ele deve ser mantido ou não?

Covas: Olha, isso é a mesma história que determinar que a tua família, o seu conjunto só pode gastar R$ 1 mil por mês. Dividido assim: o seu pai pode gastar R$ 200, a sua mãe R$ 300, você R$ 250 e os teus irmãos R$ 250, totalizando R$ 1 mil. Só que aí se diz em casa: a mãe e o pai não podem passar disso, agora você e teus irmãos podem ultrapassar aquele valor, vai chegar um instante que você irão passar dos R$ 1 mil disponíveis. Além disso, a Lei Camata diz que você não pode gastar mais que 60% dos recursos com pessoal. Bom, então quem não pode gastar? Os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e mais o Ministério Público. Mas aí você só fixa uma regra global. Se todos esses poderes têm liberdade, é lógico que só quem vai fazer economia é o outro! O outro vai ser sempre imprensado para ficar nos 60%. Você fixou o teto e não fixou as partes… Se as partes variam o que se vai gastar, uma delas se estrepa.
A Lei de Responsabilidade Fiscal fixou o máximo que cada poder pode gastar. Mas, na minha opinião, não vai prevalecer. É preciso dar resposta a isso. Se só um pode aumentar, o outro tem que diminuir senão o total não bate. Eu acho que deve prevalecer isso. Agora, estou dando a minha opinião: não vai prevalecer.

Pergunta: A Lei então deve manter esse artigo ou não?

Covas: Eu acho que deve manter, é lógico que sim. Até agora o que aconteceu foi o contrário: você vai subindo o de todo mundo e o Executivo vai diminuindo. Então, hoje nós temos a declaração procedente do presidente do Tribunal. Ele diz: Ah! nós temos Juntas para abrir. Eu também tenho estradas para fazer, tenho polícia para contratar, tenho carro para comprar e tenho que dar resposta a isso. Se só um poder pode aumentar, então o outro tem que diminuir, senão o total não bate. Eu acho que deve prevalecer, mas estou dando a minha opinião: não vai prevalecer.