Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas, após inauguração do Centro de Detenção Pro

Parte I

ter, 17/10/2000 - 16h16 | Do Portal do Governo

PARTE I

Repórter – O senhor acha que a construção desses centros é a principal medida para resolver o problema carcerário em São Paulo?

Covas – O volume de obras é de tal ordem que já entregamos um total 10% superior ao que foi feito nos últimos cem anos. Eu acho a idéia do Centro de Detenção muito bem desenvolvida, o projeto é bom e de boa qualidade. Outro dia, visitei um deles com o presidente do Tribunal de Justiça e ele ficou surpreso pela qualidade e pelo que oferece de comodidade. Aqui não há necessidade do preso ir ao fórum para ser ouvido. O juiz pode vir porque tem sala para fazer audiências. E tem um fator adicional. Esse não é um presídio e sim um centro onde quem ainda não foi julgado fica provisoriamente. Depois, ou volta para casa ou vai para a penitenciária.

Repórter – O senhor acha que com a liberação desses R$ 80 milhões pelo presidente Fernando Henrique já para o próximo ano, vai continuar liberando essa verba… (Covas interrompe)

Covas – Não conto com isso. Conto com o dinheiro que a gente tem. Tudo que foi feito até agora foi com o nosso dinheiro. Portanto, o resto também será feito. Se vier algum do Governo Federal, ótimo. Faz-se mais ou usa-se para outra finalidade. Mas estamos contando com a nossa força mesmo. Contando com São Paulo. Outro dia, li num jornal que os investimentos do Governo Federal aqui em São Paulo são inferiores aos feitos no Rio Grande do Sul. Menos da metade dos da Bahia, de Pernambuco e de Minas Gerais. É verdade que o governador de lá (Minas) é mais chegado ao Governo Federal que o daqui.

Repórter – Qual a boa notícia que o senhor recebeu hoje?

Covas – Ora, não estão dizendo que vêm aí R$ 80 milhões?

Repórter – Em relação à sua saúde, alguma boa notícia?

Covas – Não. Embora eu tenha recebido visita dos médicos não tenho nenhuma notícia, não. Os exames ainda não terminaram.

Repórter – Governador, quanto tem disponível para construção dos CDPs?

Covas – Quanto precisar.

Repórter – Quando vêm os R$ 80 milhões ?

Covas – Não sei. Eu já falei que não estou contando com esse dinheiro. Se vier, muito bom, a gente faz mais. Se não vier, a gente faz do mesmo jeito.

Repórter – E o Estado tem quanto?

Covas – Quanto for preciso, já falei. Tem uma limitação. Não podemos fazer mil CDPs. O que dá para fazer num ano? Seis? Oito? Bem, oito CDPs a gente faz com um pé nas costas.

Repórter – Então os doze devem ser entregues até o final do ano que vem?

Covas – Ah! Eu não sei o cronograma. Qual é o cronograma? (pergunta ao secretário de Administração Penitenciária)

Nagashi Furukawa – Cinco que estão em concorrência. Um já publicado e outros para publicar.

Covas – Bem, então temos concorrência para cinco. Além dos dez Centros de Ressocialização que são para 200 presos. Nós temos um programa de R$ 97 milhões, de forma que se vier R$ 80 milhões a gente faz R$ 170 milhões. Ou colocamos os 80 noutra coisa. E se não vier, o dinheiro para fazer está aí.

Repórter – Vai vir de onde, governador?

Covas – De onde vem tudo.

Repórter – Do ICMS?

Covas – Do ICMS e IPVA também. Vem de umas taxinhas, menos da Polícia.

Repórter – A prefeitura disse que ainda vai tentar interditar o Cadeião aqui, mesmo depois de inaugurado. O senhor acha que, na Justiça, eles podem ter algum sucesso?

Covas – Eu acho que não. Mas se acontecer a gente pode levar os presos lá para o Palácio das Indústrias. A gente pode por todos lá na porta. Só falta isso: virem fechar essa unidade. Para atrapalhar não tem mais nada que ele possa fazer, só falta isso. Mas, enfim, ir à Justiça é direito de qualquer um. Eu não acredito que tenha sucesso não. Essa é uma instalação razoável, bastante boa, muita segurança, boa qualidade. Não vejo porque suspender isso. Eu vi durante a campanha um tal de Venturelli rodar aqui com uma perua com propaganda eleitoral dele, dizendo que iria fechar etc. Mas não conseguiu não. Se fechasse naquele dia, eu prendia ele. Tanto que ele andava com habeas corpus no bolso. Mas, se ele viesse aqui fechar, eu mandava prendê-lo. Está pensando que é brincadeira, não ter lugar onde por os presos. Só irresponsáveis agem dessa maneira.

Repórter – O senhor acha que o problema dos presos nos distritos será equacionado em quanto tempo ainda?

Covas – Ah, demora bastante tempo ainda. Só aqui na Capital (de acordo com o secretário Furukawa) temos 13 mil presos nos distritos e cadeias. No Estado inteiro são 34 mil. Mas, concomitantemente, devemos fazer mais penitenciárias também. Se esse dinheiro vier, ou parte dele, é possível que apliquemos uma porcentagem em novas penitenciárias.