Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de viaturas para a Rota

Última Parte

ter, 25/01/2000 - 16h31 | Do Portal do Governo

Cidade de São Paulo

Covas: Isso não é patrimônio da cidade, os ônibus que estão aí? O secretário mandou para ele uma carta mostrando todos os atos ligados a perueiros em que a polícia interviu. Mas nós não podemos botar a polícia só cuidando de perueiro porque se fizer isso aqui em São Paulo, tem que fazer no Estado inteiro. Eu já recebi telefonemas. O prefeito de Jundiaí, que é do meu partido me telefonou desesperado. Mas escuta, onde é que eu ponho gente tomando conta do cidadão?

Repórter: …

Covas: Eu não sei se falta ou não. Não me venha ele com esse papo que isso é por conta da polícia. Eu nunca transferi para os outros as minhas responsabilidades, pelo contrário. A Febem vai mal? Vai mal sim e a culpa é minha. Agora, esses caras fazem as bobagens e depois transferem para os outros.

Repórter: O senhor foi prefeito, tem experiência administrativa. O senhor regulamentaria esses 4.500 perueiros na cidade se o senhor fosse prefeito?

Covas: Eu não sei. Em primeiro lugar, quem aumentou foi a Câmara. Não sei se foi ele que mandou esse projeto para a Câmara. Mas foi esse projeto que deu margem para isso. Não dá para fazer uma coisa dessas e dizer: ô polícia, fica aí de prontidão porque vai quebrar o pau e vocês vão ter de correr atrás disso. Não dá. A polícia tem o seu trabalho e faz o seu trabalho e com os perueiros já fez uma porção de coisas. Em todas as vezes. Houve um dia, na porta da Câmara municipal, que perueiros e motoristas de ônibus se pegaram e quem foi separar foi a polícia. No final, nós levamos paulada dos dois lados. Agora, eu não vi ninguém da polícia municipal lá. O que faz a polícia municipal? Toma conta de escola? Não, quem toma é a Polícia Feminina. Toma conta do que? Faz desfile no dia da cidade? Nem isso. Bota para resolver o problema dos perueiros. O problema dos perueiros é um problema eminentemente ligado ao fato de que se fez uma disciplina, não me importa julgar se está boa ou está ruim. O prefeito mandou uma lei para a Câmara, a Câmara aprovou a lei e ponto final. Agora, não dá para aprovar a lei e depois dizer: agora eu tiro o time de campo e vocês botam a polícia aí para enfrentar os caras. Não dá para fazer isso. Não é por enfrentar os caras, nós já enfrentamos várias vezes. Mas todas as vezes em que se fez necessária a ação da polícia. Agora, eu não posso destacar a Rota para ir tomar conta do que venha a acontecer com perueiro. Não pode fazer isso. O pessoal tem outras responsabilidades.
Repórter: Nas entrevistas o prefeito inclusive salientou o problema da segurança na cidade.

Covas: Mas quando o cara que o elegeu era governador, não tinha bala para eles treinarem. Se você quiser eu te dou o jornal da época. O pessoal não podia treinar porque não tinha bala.

Repórter: Esse investimento em Segurança que o senhor está fazendo vai ajudar o candidato do PSDB, o vice-governador, Geraldo Alckmin?

Covas: Espero que ajude e bastante. Embora não seja isso o que estou fazendo.

Repórter: O senhor acha que é por isso que o prefeito está criticando a Segurança, que já viu que pode ser …?

Covas: Não, não é por isso. Ele está criticando a Segurança por causa da eleição, mas não por causa do que eu estou comprando. Porque o que eu estou comprando, estou comprando desde o primeiro ano de Governo. O ano que eu menos comprei carro para a polícia, comprei mil. Teve um ano que eu comprei três mil. É que vocês não se interessam por isso. Para que interessa se ele comprou carro para a polícia? Isso não vale nada. O que vale é um ladrão entrar na casa de alguém. Aí é uma boa notícia.

Repórter: É uma questão mais política então o fato dele estar criticando a Segurança?

Covas: Não, fala para ele pagar o Rodoanel.

Repórter: Ele disse que depende de autorização da Câmara.

Covas: Para pagar o Rodoanel? Ele assina um convênio com o Governo Federal e com o Governo Estadual depois diz que depende da Câmara? Ele tem liberdade de mudar 15% da receita do orçamento. Não quer pagar mesmo. Uma obra, na realidade, não tem obrigação de pagar. Não quer não paga. Mas não precisava fazer todo aquele aparato. Ir numa reunião porque veio o presidente da República, assinar aquele negócio etc, para depois não pagar. O que é que o governo Pitta não aprovou na Câmara até agora, só isso? Se aprova o que quiser, por que não aprovou isso? Agora, botaram cento e tantos milhões para Fura-fila. E para essa obra que é para o Brasil, não é nem para São Paulo, é a obra mais importante do ponto de vista rodoviário. Para a cidade de São Paulo, então, é importantíssima. Para essa, parece que não tem grande interesse. Nem ele nem a Câmara, diga-se de passagem. Eu li uma declaração do presidente da comissão, que é do PT, dizendo que essa obra não era importante. Tem um colégio ligado ao quartel, para o qual tem oito milhões de verba. Para o Rodoanel não tem um. E o presidente da comissão, que é do PT, dizia pelo jornal que isso não é uma coisa importante.

Repórter: O Governo do Estado vai desistir da contrapartida da prefeitura?

Covas: O Governo do Estado está pagando o seu e o dele. Eu não vou insistir em nada. Eu considero ele fora da coisa. Não pagou até agora, não vai pagar mais.

Repórter: Ele está interessado na Sabesp.

Covas: Então manda correr atrás.