Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas após desfile de 7 de Setembro

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qui, 07/09/2000 - 14h50 | Do Portal do Governo

Bombas

Repórter: Hoje é dia da Independência e nós estamos com um monte de problemas. Independência do que hoje?

Covas: Estamos comemorando a Independência institucional que o País teve, desde 1822, e que alguns respeitam e outros fazem tudo possível para que a gente a perca. Mas eu acho que nós já ganhamos maturidade suficiente para mantê-la. Eu acho que há muito a comemorar. Só não tem a comemorar quem não tem apreço por esse País, quem não gosta dele, quem afinal vive aqui como se estivesse cumprindo uma obrigação.

Repórter: Numa semana em que foram descobertos dois pacotes-bomba, como o senhor vê essa situação?

Covas: Como é que eu vejo essa situação? Como todo mundo vê. Em primeiro lugar eu não creio que São Paulo seja o primeiro lugar do mundo onde tem pacote-bomba. Aliás, lá nos Estados Unidos demoraram quatro anos para pegar um cara que fazia isso. Agora, é dramático, mas é mais um desses fanáticos do qual o Estado está cheio. Muito mais cheio do que precisava e que acabam tomando atitudes doidas como essa. Às vezes o próprio período ajuda a fazer isso, o clima que se cria, tudo isso ajuda que alguém mais tendente a fazer esse tipo de maluquice e, às vezes, até por exemplos que ele assiste em filmes, uma série de coisas, se tiver a cabeça meio avariada acaba fazendo esse tipo de loucura.

Repórter: O secretário de Segurança Pública fez algum tipo de esquema contra isso aqui no desfile de hoje?

Covas: Como esquema?

Repórter: Algum esquema especial?

Covas: Mas o que é esquema especial? No dia de hoje? Ah, no dia de hoje, o secretário anunciou isso no jornal ontem. Hoje tem grandes aglomerações, uma aqui outra no Parque da Independência, portanto há um policiamento ostensivo, prático, maior do que nos outros. Mas a Secretaria não precisa de nenhum acontecimento desse tipo para fazer nada de especial.

Repórter: Existe um temor maior?

Covas: Não. Você tem uma crise nascida de um fato que aconteceu há dois dias atrás. E, portanto, é óbvio que esse fato cria. A quantidade de perguntas que vocês fazem a respeito mostra isso.

Repórter: O senhor acha que é necessário pedir ajuda à Polícia Federal por conta dessa ameaça de atentado à bomba?

Covas: Eu gostaria que a Polícia Federal impedisse o contrabando de tóxico na divisa ou de arma. Isso nos ajudaria muito aqui e isso é papel da Polícia Federal.

Repórter: O senhor acha que a Polícia Federal falha nisso?

Covas: O armamento que você vê aqui na mão de bandido não é fabricado no Brasil, entra de contrabando. O tóxico, eu não tenho conhecimento que heroína seja produzida aqui. Entra de contrabando. E contrabando quem trata é a Polícia Federal, de forma que se ela fizer esse serviço, dá uma ajuda para São Paulo enorme, porque você acaba com a droga aqui e se você acabar com a droga, você acaba com grande parte da violência. Agora, para ir atrás de alguém, a Polícia Federal não está em São Paulo mais habilitada do que a Polícia paulista.

Repórter: O senhor acredita na necessidade da criação de uma polícia anti-terrorista em função dessas bombas ou ainda não é o momento?

Covas: Não, não vejo necessidade de fazer uma polícia anti-terrorista. Isso ou é uma ação individual ou é uma ação política.

Racionamento de água

Repórter: Com a volta das chuvas, já dá para suspender o racionamento?

Repórter: Quando, governador? Qual a data? Quando termina?

Covas: Nós vamos suspender o racionamento no Alto Cotia a partir do dia 11 e no sistema Guarapiranga a partir do dia 15. Significa que quem é abastecido pelo Sistema Guarapiranga deixa de ter rodízio. Em outras palavras, não sobra nada de racionamento em São Paulo. Nada, nada.