Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta segunda-feira, dia 9, a

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seg, 09/07/2001 - 14h15 | Do Portal do Governo

Seguem trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, concedida nesta segunda-feira, dia 9, após as comemorações da Revolução de 1932:

Sobre a Revolução de 1932

Alckmin: Este é um momento alto da vida de São Paulo, da vida do Brasil, um momento em que o povo participou, foi uma revolução com participação de toda a população paulista, homens, mulheres, jovens. Uma revolução que se fez pela liberdade, uma revolução que não venceu sob o ponto de vista militar, mas cujos ideais prosperaram, tanto que tivermos depois a Constituinte de 1934, um momento de muito orgulho para todos nós paulistas, onde o povo paulista deu um exemplo de amor à liberdade, à Constituição, portanto a nossa homenagem aos que tombaram na Revolução de 32, aos que participaram hoje aqui desse evento e aos seus familiares.

Sobre a presença do coronel Ubiratan Guimarães no desfile e as palmas recebidas de parte dos que assistiam o desfile

Alckmin: Ele está querendo criar polêmica e se passar por vítima e nós não vamos colaborar para isso. Esse é um problema da Justiça. É uma questão de opinião pública. Tem gente que é favorável, tem gente que é contra. O Governo não vai alimentar essa polêmica não, o problema dele é com a Justiça.

Sobre os protestos de associações de policiais

Alckmin: Isso é da democracia. Aliás, fizeram uma manifestação muito respeitosa, muito tranqüila, nenhum problema. O Governo fez um grande esforço, deu o reajuste que podia dar, chegamos muito perto do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, fizemos justiça na área de recursos humanos porque demos aumento maior para o piso, de 33,3%, que são os que ganhavam menos, também para os soldados, estabelecendo um piso maior, de R$ 1.000 até R$ 1.150,00 aqui na Capital, todo reajuste estendido aos inativos, então foi feito o maior esforço possível. Eu não acredito em greve, a Polícia de São Paulo é responsável, já deu inúmeras demonstrações de absoluta responsabilidade, sabem que o Governo fez o maior esforço no sentido de melhorar os salários, Não é o ideal, mas é o possível e a Lei proíbe e acredito que não vai acontecer. A estas manifestações como as de hoje, de faixas, de pleito, faz parte da democracia. As pessoas têm o direito de defender o que pretendem, mas esse é o limite do Governo. Interessante é que é o único Estado praticamente que está dando reajuste, nenhum outro Governo está fazendo neste momento, nenhuma Prefeitura, e o Governo do Estado deu o reajuste possível. Quem reivindica, não precisa ter limite, mas quem concede tem limite, o limite do orçamento e o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sobre a fuga na Casa de Detenção

Alckmin: Lamentavelmente isso aconteceu, o que vem provar a necessidade da desativação mais urgente do Carandiru. Não é possível ter um complexo com mais de 10 mil presos. Só a Casa de Detenção tinha ontem 7.438 presos. Só no local onde houve a fuga tinham 1.500 presos e 3 mil familiares. Eu já falei ontem à noite com o doutor Nagashi (Nagashi Furukawa, secretário da Administração Penitenciária) e agora cedo também, outras providências de segurança estão sendo tomadas, mas o mais importante é a reforma de fundo. Não é possível ter uma penitenciária desta. A primeira razão para a sua desativação é a segurança. Todas as 11 penitenciárias estão em construção simultaneamente, dentro do cronograma e estarão prontas no comecinho do ano que vem. Até a desativação a segurança vai ser reforçada, outros obstáculos vão ser colocados, nós não vamos adiantar pela imprensa, mas as providências estão sendo tomadas. Até esta manhã, 27 presos já tinham sido recapturados e acho que o número vai crescer. Hoje são 96 mil presos no sistema penitenciário paulista, todos pensando em escapar, todo dia você tem três, quatro episódios. Só do começo do ano até agora já foram descobertos mais de 20 túneis no Carandiru, que foram abortadas essas tentativas de fuga, vamos tomar outras providências e desativar a Casa de Detenção.

Sobre se os guardas de muralha ao invés dos policiais não vão prejudicar a segurança dos presídios

Alckmin: De jeito nenhum. O policial militar não é treinado para fazer guarda de muralha e sim policiamento ostensivo e preventivo para proteger a população e não para tomar conta de penitenciária. Então, esses agentes especiais penitenciários vão fazer só a guarda de muralha, ser treinados só para esse trabalho e os policiais militares vêm para a rua para reforçar o policiamento para o povo. Eles vão estar armados e preparados e treinados.

Sobre se a manifestação de policiais e a presença do coronel Ubiratan não foram uma saia justa para o governador

Alckmin: Nós devemos entender que democracia é assim mesmo. Ela é agitada, isso faz parte. Você acha que se dá um reajuste e todo mundo bate palmas? É claro que as entidades e as associações, é dever delas achar que é sempre pouco como é dever do Governo, que trata do dinheiro público, porque o dinheiro não é do governador é do povo de São Paulo, tem limites. Na ditadura que há a paz dos pântanos, a paz dos cemitérios, a democracia é isso mesmo, há controvérsias, polêmicas e nós devemos… para isso se fez a Revolução de 32 para acabar com uma ditadura, com a paz dos pântanos, para estabelecer a democracia.