Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta quinta-feira, dia 12, a

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qui, 12/07/2001 - 19h13 | Do Portal do Governo

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Pergunta: Mas São Paulo ainda precisa de muito mais metrô?

Alckmin: Não há dúvida, por isso que eu citei que há quase 20 anos São Paulo não começava uma nova linha de metrô, você só estendia as linhas já existentes. Pela primeira vez se inicia uma nova linha do metrô. Começa, termina e será entregue.

Pergunta: O metrô é caro!

Alckmin: É verdade, o metrô não é uma obra barata, essa obra aqui deve ficar em torno de R$ 1,6 bilhão, só essa linha. É mais de 600 milhões de dólares.

Pergunta: De onde tirar dinheiro para mais?

Alckmin: O Governo tem investido recursos do Tesouro do Estado, porque é uma prioridade do Governo, e recursos de financiamento externo, como é o caso do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Pergunta: Por falar em BID, o senhor tem uma reunião hoje no Palácio com o presidente do BID. O que será discutido?

Alckmin: Nós vamos conversar sobre dois projetos que já estão encaminhados. Um é o projeto dos cortiços, é um financiamento do BID para a erradicação de cortiços especialmente na região central e até em outras regiões de São Paulo. O outro é um programa de recuperação de rodovias estaduais, obras de recuperação da malha rodoviária. Mas nós vamos aproveitar para colocar nessa conversa a própria extensão desta Linha 5, porque o projeto como um todo sai de Capão Redondo, passa por Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, a Ponte de Santo Amaro até o Largo 13. Mas ele continua até interligar com a Linha 1 do metrô, que é a Norte/Sul, na estação de Santa Cruz. Aí você pode chegar a um milhão de passageiros a capacidade dessa linha. Nós vamos conversar sobre a possibilidade do financiamento dessa extensão.

Pergunta: Qual o cronograma de inauguração de obras até o ano que vem?

Alckmin: O Rodoanel fica pronto o ano que vem. Esperamos que fique pronta até o ano que vem a pista descendente da Imigrantes, é uma grande obra. Ainda este ano a Rodovia dos Bandeirantes, até Limeira e Cordeirópolis, no total serão 90 km de auto-estrada. Esta linha do metrô e muitas obras não vão ficar prontas até o ano que vem, vão continuar. Por exemplo, nós vamos começar a calha do Rio Tietê, que é uma grande obra, o rebaixamento da calha do Rio Tietê. Ela vai para 2003, começo de 2004, não tem nenhum problema. O importante é que elas não parem.

Pergunta: No ritmo da inauguração das obras e com a agenda intensa o senhor está ou pensa em se candidatar o ano que vem para o Governo do Estado ou para a Presidência da República?

Alckmin: As obras precisam andar com rapidez, porque elas são necessárias para a população. Uma obra dessa, por exemplo, quanto mais rápido e com qualidade você entregar, melhor para a população. Isso não tem nada a ver com questão eleitoral. Se nós pudermos, vamos começar outras obras. Nós estamos retomando os hospitais, retomamos Bauru, vamos retomar outras obras e elas não vão terminar no ano que vem, não tem importância. O importante é que elas são retomadas e devem terminar.

Pergunta: Hoje foi descoberto mais um túnel no Carandiru. O que de emergencial o Governo pode fazer? Ontem o senhor disse que tem estudos, mas não quis adiantar, para evitar uma fuga em massa no final de semana pela existência das visitas.

Alckmin: Só a Casa de Detenção tem 7.400 presos. No final de semana os presos têm direito a duas visitas, geralmente é a mãe e um filho. Dez mil presos e duas visitas, são 30 mil pessoas no Complexo Carandiru sábado e domingo. Evidente que esse não é o modelo correto. Existem soluções emergenciais que estão sendo tomadas, foram descobertos mais de 20 túneis nesse primeiro semestre, o prédio da Casa de Detenção é muito ruim… Então estão sendo tomadas desde medidas de segurança que a Secretaria da Administração Penitenciárias está tomando e eu não vou adiantar, até questão de fundo, estrutural, que é ter penitenciárias menores, descentralizadas, com oficinas para os presos trabalharem. Estão sendo construídas 11 penitenciárias simultaneamente, dentro do cronograma, até o começo do ano que vem as 11 vão estar prontas, cada uma delas com capacidade para 768 presos e o Governo vai economizar R$ 8 milhões por ano na comida, porque foi interditada pela vilgilância sanitária a cozinha do Carandiru. O Governo compra quentinha e gasta com café da manhã, almoço e jantar mais de R$ 5,00 por dia e vai passar a gastar R$ 2,00, porque dá o alimento e o preso cozinha.

Pergunta: Até para tranqüilizar a população, pois ainda há presos fugitivos soltos, para este final de semana o que o Governo preparou?

Alckmin: Não é para o final de semana, o Governo permanentemente trabalha na questão da segurança. É você fazer um trabalho permanente no entorno do Carandiru, checar galerias, há uma série de métodos de segurança. E o principal: a cidade de São Paulo vai ganhar uma área verde de uso comum do povo de 200 mil m² na Zona Norte. Quando caírem aqueles muros a população vai ter uma surpresa, pois há cinco hectares de Mata Atlântica lá dentro que a população não utiliza.

Pergunta: O secretário Furukawa chegou a falar de um alambrado ali do lado de fora, tem essa possibilidade?

Alckmin: O que precisar ser feito para colaborar com a segurança, ele está autorizado a fazer. Aliás, quando nós anunciamos a desativação da Casa de Detenção foi por motivo de segurança. Pelo fato das novas penitenciárias serem menores e os prédios mais adequados, elas terão maior segurança.

Pergunta: (inaudível)… sobre o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa.

Alckmin: É um bom secretário, um homem sério, tem experiência e está comandando uma reforma histórica no sistema penitenciário de São Paulo. Em cem anos, o Estado de São Paulo abriu 18 mil vagas no sistema penitenciário. Nós vamos chegar até dezembro do ano que vem com 45 mil vagas novas e com novo modelo, que inclui os Centros de Detenção Provisória para tirar presos de Delegacia e as penitenciárias.

Pergunta: Os policiais continuam descontentes com o reajuste salarial e haviam prometido fazer manifestações em todas as aparições públicas do senhor. O esquema montado aqui hoje tem alguma relação com evitar o encontro com os manifestantes?

Alckmin: Eu não vou mudar nada o meu roteiro de trabalho.

Pergunta: O senhor teme uma greve?

Alckmin: Não, eu acho que não. A polícia de São Paulo é madura, responsável, certamente o índice não é o ideal, mas é o possível. O Governo fez um grande esforço, melhorou o piso, nenhum soldado ganhará menos de R$ 1.000,00, nas cidades maiores R$ 1.150,00, delegados, peritos médicos legistas, piso de R$ 2.500,00, todos os reajustes foram extensivos aos inativos, aposentados e pensionistas e se fez um reajuste de 6 a 10%.

Pergunta: Como o senhor vê essas manifestações?

Alckmin: É natural. Sempre que você anuncia um reajuste, as entidades dos servidores acham que poderia ser maior, pois quem reivindica pode pedir mais, mas quem concede tem um limite. O limite do orçamento e da responsabilidade.

Pergunta: (inaudível) fim dos policiais de trânsito, reivindicações dos policiais

Alckmin: A necessidade é aumentar o ostensivo da Polícia Militar, essa é a prioridade. Multa de trânsito, controlar o trânsito, pode ser feito por pessoal civil. Você vai ter 2.700 policiais militares a mais, aqui na cidade, fazendo policiamento preventivo e ostensivo, não de trânsito e também faz concomitantemente o trânsito, o policial não vai deixar de colaborar com o trânsito. Isso é de senso comum, você pode ter esse pessoal todo civil e ter os policiais colaborando. Qualquer lugar que você vai a população pede mais polícia, e vai ter mais polícia. Essa é a prioridade absoluta.

Pergunta: Hoje a tarde em Brasília tem uma reunião para reativar o Proácool. O Governo tem algum programa nesse sentido para este ano?

Alckmin: São Paulo tem o maior canavial do mundo. Do PIB agrícola de São Paulo, o setor sucroalcooleiro é o primeiro, a frente do setor de laranjas. Então, para São Paulo é absolutamente importante a questão da cana-de-açúcar e do álcool. Eu tenho uma reunião agora a tarde com os líderes dos trabalhadores, força sindical, CUT, CGT, líderes dos empresários, FIESP, Federação do Comércio, cujo tema é energia, discutir a questão da energia e além disso uma notícia boa. Hoje está entrando em operação a décima turbina de Porto Primavera, mais 100 megawatts, isso equivale a iluminar uma cidade com 400 mil habitantes.

Pergunta: Um deputado petista entrou com pedido na Vara da Fazenda de São Paulo contra o aumento da tarifa do metrô. O senhor tem alguma previsão quanto a tarifa?

Alckmin: Não vejo razão para entrar na Justiça. O reajuste é menor que a inflação, o reajuste médio é de 12,8%, faz dois anos que o metrô não tem reajuste. A inflação acumulada no período, pelo IGP-M, vai dar 22%. Pelo menor índice, vai dar em torno de 13%, então é menor do que a inflação. Foi estabelecido critério de Justiça, o trabalhador não compra o bilhete único, ele não vai apenas, ele vai e volta. Então ele usa o bilhete duplo e o múltiplo de dez. O duplo aumentou 12,5% e o múltiplo de dez, 8,9%. O que aumentou 14% foi o bilhete único, que geralmente é pago pelo empresário.

Pergunta: (inaudível)

Alckmin: Pela primeira vez na história o metrô é mais barato que o ônibus, porque a tarifa de ônibus é R$ 1,40, o múltiplo de dois R$ 1,35, o múltiplo de dez será R$ 1,25 e mais de 30% dos usuários do metrô usam a integração, quando você usa o ônibus e pega outro ônibus você paga de novo. Para manter o padrão de qualidade do metrô, você tem que fazer investimentos e manutenção e ele está há dois anos sem reajuste.

Pergunta: Deputados do PT se envolvem em problemas do Estado, vereadores do PSDB se envolvem em questões da prefeitura, quando vai ter fim essa briga?

Alckmin: Não há briga nenhuma. Nosso relacionamento é institucional e desse ponto de vista o que pudermos trabalhar juntos, vamos trabalhar.

Pergunta: O senhor acha que vai haver redução dos usuários do metrô em uma linha como essa que atende periferia?

Alckmin: Eu acho que não diminui e pela primeira vez o metrô tem a tarifa mais baixa que o ônibus.

Pergunta: O Governo do Estado não se importa de investir dinheiro necessário para comprar fardamento, viaturas, coletes… para montar os policiais de trânsito que vão para o policiamento ostensivo?

Alckmin: O Governo tem que aproveitar os seus recursos humanos da melhor maneira possível, você não tem o contingente policial ideal, embora tenha aumentado. Quando o Governador Mário Covas assumiu, havia 73 mil PMs, homens e mulheres, hoje tem 83 mil, dez mil a mais, homens e mulheres. Nós temos que ter o máximo de polícia na rua, polícia combatendo bandido. Nós temos quatro mil policiais militares em cima de muralhas olhando presos, esses policiais vão para as ruas, para enfrentar a criminalidade. Tem policial militar no trânsito, você pode substituir por civis, essa é a prioridade.

Pergunta: O senhor não acha que falta motivação, já que eles vão ter um salário menor?

Alckmin: Ninguém gosta de ganhar menos, mas esse é um fato excepcional, acabou de haver um reajuste, pode compensar um pouco. O importante não são essas questões pontuais, o importante é a filosofia e o princípio que é proteger a população, você ter o máximo possível de policiais nas ruas para proteger a população enfrentado a criminalidade.

Pergunta: A semana passada o ex-prefeito Paulo Maluf apareceu em cena e fez diversos ataques ao senhor, dizendo que o senhor é responsável pelos apagões, pedágios, etc… O senhor acha que é o alvo eleito pelo doutor Paulo para a campanha de 2002?

Alckmin: Eu só vou me preocupar se um dia for elogiado por ele.

Pergunta: Por quê?

Alckmin: O Maluf é um fujão. Onde ele está hoje? Toda hora que é apertado pela polícia ou pela justiça, vai para Paris. É fujão.