Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, concedida nesta quarta-feira, dia 30,

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qua, 30/05/2001 - 15h33 | Do Portal do Governo

Pergunta: Governador, queria repercutir com o senhor a série de reportagens que a Rede Globo está fazendo a respeito da Segurança Pública no Estado. No primeiro dia, segunda-feira, eles colocaram os policiais falando sobre o atendimento à população, que eles não atendiam às chamadas de rádio, que eles não queriam entrar em confronto com os bandidos e que eles preferiam prender traficantes porque a possibilidade de propina é grande. E ontem um policial disse que se sentia abandonado pela corporação. Que providência o Governo paulista pode tomar com relação a isso?

Alckmin: Acho lamentável que se coloque em horário nobre da TV gente escondida. Porque o policial que diz querer pegar dinheiro, propina, tem que ser demitido a bem do serviço público. Nós precisamos saber quem é esse policial para colocá-lo na rua, para mandá-lo ao Ministério Público e para ele ser preso. Como vamos responder à pessoas anônimas, escondidas, pessoas clandestinas que não sabemos quem são? Isto é um absurdo! Precisamos saber quem são para demiti-los. Isto depõe contra uma corporação que tem 83 mil homens e mulheres trabalhando, cumprindo seu dever e que se autodepura. Quando há caso de corrupção, a corporação demite esse policial. Se há uma corporação que é respeitada por sua disciplina e por sua seriedade é a PM paulista. Aliás, eu posso lhe dar depois o número de policiais demitidos a bem do serviço público. Se é pego um caso de desvio de função: rua. Demite-se a bem do serviço público, encaminha-se ao Ministério Público. O Governo investiga. Para isso tem uma Corregedoria. Não é possível, com denúncia anônima, que ninguém sabe quem é, macular toda uma instituição, uma corporação centenária, respeitada, que está trabalhando. A Polícia de São Paulo trabalha. Tínhamos 55 mil presos e hoje são 95,6 mil. Foram presas mais de 40 mil pessoas em seis anos em todo o Estado de São Paulo. Isso representa que, nesse período, prendemos toda a população carcerária do Estado do Rio de Janeiro (que não chega a 26 mil pessoas) mais 50%. Hoje, para entrar na Academia do Barro Branco é preciso passar pelo vestibular da Fuvest, não tem nenhuma interferência política, assim como é para vestibular de Medicina ou de Engenharia. A Tropa de Choque da Polícia de São Paulo é de elite. Você vê o profissionalismo da Polícia. Nós tivemos 29 rebeliões simultâneas alguns meses atrás, em dia de visita, com mais de 20 mil pessoas. A polícia entrou nos presídios, ninguém morreu e nenhum preso fugiu. Foi uma ação exemplar. O Corpo de Bombeiros é uma das instituições mais respeitadas entre as instituições públicas. Como é que vem agora um anônimo escondido e encapuzado, sem ninguém saber quem é, fazer uma denúncia tão grave, maculando uma corporação? Isso é uma irresponsabilidade absoluta.

Pergunta: Não se deve dar crédito, governador?

Alckmin: Claro que não. Acabamos de ver um ato positivo da PM junto com a Prefeitura de Santo André, junto com a sociedade civil, com a Polícia Comunitária. Isso não tem o menor sentido.

Pergunta: O senhor vê algum tipo de interesse?

Alckmin: Não. Eu acho um desserviço o que se presta com estas reportagens.

Pergunta: Governador, hoje está havendo uma reunião da PM com o secretário Petreluzzi. Vai haver aumento?

Alckmin: Nós estamos fazendo o caminho correto, que é o caminho do diálogo. Reconheço que o salário deles não é o ideal, apesar de no Governo Mário Covas não ter havido perdas, porque os reajustes foram – de janeiro de 1995 a maio de 2001 – maiores que a inflação do período, mas nós reconhecemos que não é o ideal. E o Governo, podendo, vai reajustar. Isso se faz com diálogo, é uma prova de maturidade.

Pergunta: Governador, 41,04% é o que eles querem com aumento emergencial, fora a reestruturação salarial. É possível?

Alckmin: É evidente que o valor é alto. Mas, nós podemos buscar outras soluções.

Pergunta: O senhor acha que SP pode repetir a situação de Palmas?

Alckmin: Não, imagina! Isto não tem o menor cabimento. Aquilo lá é exemplo do que não deve ocorrer.