Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após reunião com o secretariado em Pira

Final

sáb, 02/06/2001 - 17h44 | Do Portal do Governo

Final

Repórter: Com relação à extensão da Bandeirantes, que cortou 40 chácaras produtoras da cidade de Sumaré. Elas foram divididas ao meio e a desapropriação pagou só o traçado da rodovia. A Autoban pagou só o traçado da rodovia. Esses produtores ficaram com metade da chácara de um lado e metade do outro. Eles entraram na Justiça. Como é que o Estado se posiciona com relação a isso. E outra pergunta, a gente teve informação de que o senhor tem um encontro amanhã aqui em Piracicaba com representantes do PFL, eu queria confirmar esse encontro e o que será discutido?

Alckmin: Em relação à Bandeirantes, eu acho que essa é uma grande conquista não só para a região, mas para todo o Estado e até para o País. Nós teremos o prolongamento de Campinas até Cordeirópolis e na primeira fase, que é entregue amanhã, dentro do prazo, uma belíssima auto estrada, que é indutora de desenvolvimento. São Paulo não tem entrado na guerra fiscal para atrair investimentos porque entende que a guerra fiscal é predatória, e só beneficia o dono da empresa que você devolve o imposto para ele, mas todo mundo perde, o consumidor que pagou o imposto, o povo mais pobre, porque renúncia fiscal é feita é menos hospital, menos escola, menos saneamento; o mercado, porque você desorganiza o mercado. A logística de São Paulo para o desenvolvimento é investir na pessoa, é educação, ensino profissionalizante, as melhores universidades, por isso a presença hoje do Governo de São Paulo aqui na Esalq. É um reconhecimento à enorme contribuição que a escola deu ao ensino, à pesquisa, e ao desenvolvimento da agropecuária em São Paulo e no País. A rodovia é fundamental para o desenvolvimento do Estado, gera emprego e induz o desenvolvimento regional e do Estado. Agora essas questões tópicas são analisadas. O Governo tem por princípio a questão da Justiça. As indenizações têm que ser pagas, onde tiver que fazer uma ligação, uma passarela, elas são feitas, isso é normal e se tiver que indenizar, indeniza. A responsabilidade é da concessionária, mas o poder concedente é o Estado. A Secretaria dos Transportes vai verificar. O secretário dos Transportes está aqui presente… Sumaré, chácaras divididas pela auto estrada. Com relação ao PFL, aqui o compromisso é só agrícola. Não tem nenhum encontro marcado com o PFL aqui em Piracicaba.

Repórter: Governador existe uma expectativa na cidade de Limeira…

Alckmin: Aliás, deixa eu lhe responder completamente. Em Piracicaba não, mas provavelmente deva haver um café em São Paulo no domingo à noite com o presidente nacional do PFL e o estadual.

Repórter: (inaudível)

Alckmin: Não tem nenhuma pauta específica. É uma conversa.

Repórter: Recapitulando, existe uma expectativa na cidade de Limeira e nas cidades vizinhas também a respeito da proposta entregue à vossa excelência em Serra Negra para criação do novo curso de engenharia de produção na Unicamp. Haja visto existir uma área de 20 alqueires disponível para essa construção. E a população da região de Limeira sabe que há necessidade do curso porque atende a própria cidade e também as cidades vizinhas. O senhor teria alguma data ou alguma coisa sobre esse assunto?

Alckmin: Nós somos muito orgulhosos das nossas melhores universidades, a USP, a Unicamp, a Unesp. Agora elas têm autonomia, mas o Governo está cada vez mais próximo no sentido de trabalharmos juntos com a universidade, em benefício da nossa população. Hoje háuma reunião do Cruesp, da qual eu vou participar, e um dos temas da pauta é exatamente a possibilidade da ampliação de cursos para atendimento da nossa população estudantil.

Repórter: Nessa semana a Secretaria de Segurança desarticulou centrais telefônicas do PCC, uma delas em Campinas. Eu queria saber como o Governo vem conduzindo essa questão para que novas centrais não se instalem, uma vez que é uma tecnologia fácil e barata. E uma outra questão na área da Segurança também. Até o ano passado, os distritos policiais de Campinas tinham cadeias também. Elas foram desativadas. Apenas o 2º Distrito permanece com cadeia e ainda é uma cadeia que está em estado precário. O Poder Judiciário já pediu interdição. Eu queria saber como vai ser conduzida
essa questão 2º Distrito.

Alckmin: Primeiro em relação ao crime organizado: o que o Governo fez no começo do ano? Ele pegou os líderes do crime organizado que estavam na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, e tirou todos de lá. Um, até, foi para o Rio Grande do Sul. Depois o juiz mandou de volta e não voltou para São Paulo, foi para Brasília. Nós desarticulamos o comando do crime organizado. E a ação foi tão necessária, tão correta e tão eficaz, que a reação foi imediata, no sentido de chantagear o Governo. Foi feita uma mega-rebelião, no mesmo dia, fato inédito em dia de visita. Vinte mil familiares, crianças, mulheres, visitando as penitenciárias. Em 29 penitenciárias simultaneamente. Quais eram as exigências? A volta dos líderes para São Paulo, para a Detenção; a desativação da Penitenciária de Segurança Máxima de Taubaté; e, evidente, fuga. O que aconteceu? Nenhum líder do crime organizado voltou para São Paulo. Pelo contrário. O Governo retirou mais 200 desses líderes do crime organizado de São Paulo. Segundo, a Penitenciária de Taubaté não foi desativada e mais uma penitenciária está ficando pronta, de segurança máxima, em Presidente Bernardes. Terceiro, nenhum preso fugiu nessa mega-rebelião. E nenhum familiar de preso morreu. Tinha 20 mil pessoas dentro das penitenciárias. O que mostrou que a Polícia Militar, a Tropa de Choque, agiu com absoluto profissionalismo, firmeza, mas ao mesmo tempo, cautela. Essa luta não termina. São organizações criminosas que aqui fora assaltam, matam, querem controlar o sistema penitenciário, corromper a administração pública. O que tem que fazer o Governo sério? Não é fechar os olhos para esse problema. É enfrentar o problema. Que é o que está sendo feito. O problema tem sido enfrentado com absoluta firmeza. A Polícia, mais uma vez foi bem sucedida ao descobrir, desarticular e estourar 12 locais de centrais telefônicas do crime organizado. E esse trabalho vai continuar. Isso é um trabalho permanente, absolutamente eficiente. Em relação aos Distritos Policias, o Governo está fazendo Centros de Detenção Provisória, os CDPs. Cada Centro de Detenção Provisória que você faz, você vai desativando as carceragens de distritos policiais. Campinas já tem CDP, nós estamos fazendo mais um em Hortolândia que vai atender Campinas. Esse de Hortolândia vai ficar pronto em outubro ou novembro. Quando ficar pronto, o 2º Distrito de Campinas fica sem presos. Acaba a carceragem. Você não terá mais em Campinas nenhum preso em cadeia ou Distrito Policial. Todos em Centros de Detenção Provisória. Com isso, você tem três benefícios. O primeiro benefício para a população, porque a Polícia Civil, que está tomando conta de preso, vai fazer o seu trabalho de polícia investigativa e polícia judiciária. Em São Paulo, nos distritos em que se tirou presos, aumentou 300% a eficiência da Polícia Civil em investigação e elucidação de casos. Segundo, de novo para a população, segurança. Distrito Policial não tem revista, é local público, tem rebelião, é mais fácil ter fuga. Centro de Detenção Provisória tem muralha, tem ‘N’ sistemas de segurança. Então, ter rebelião, fuga é muito mais difícil. Melhora muito a segurança. Terceiro, também é mais humanitário, porque um Distrito Policial às vezes cabe 40 e tem 180 presos. Nos CDPs não tem superlotação. Eles têm capacidade para 768 presos e os presos ficam nesses centros aguardando julgamento e depois, se forem condenados, vão cumprir pena nas penitenciárias, onde vão trabalhar. Todas as novas penitenciárias têm oficina e cozinha. E trabalhando, cada três dias de trabalho reduz um dia de pena.

Repórter: O senhor deve estar recebendo hoje, das mãos de um órgão de imprensa da cidade, um dossiê sobre Carealba II endossado por 64 mil assinaturas. Eu queria saber se o senhor como chefe do Executivo estadual tem condições de interferir ou de influenciar a decisão do Consema, que eu já sei que é soberana também sobre o …?

Alckmin: Evidente que uma manifestação tão expressiva como essa tem que ter um tratamento de absoluta relevância. Nós vamos encaminhar à Secretaria do Meio Ambiente e à Cetesb, que vão fazer toda a análise quanto a essa questão. Eu acho que essas questões precisam ser extremamente debatidas. Agora, quanto a decisão final, não é do governador. Existe uma lei, existe um trabalho que é todo feito pelo Consema. O Consema tem Governo e tem sociedade civil. Isso vai ser extremamente discutido, debatido, antes de ir para o Consema.

Osvaldo Martins: Governador, deseja fazer mais alguma consideração?

Alckmin: Só agradecer e dizer que é com satisfação que o Governo de São Paulo vem hoje à Piracicaba, especialmente à Esalq.