Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após lançamento dos Programas Pura e Re

Parte II

ter, 15/05/2001 - 16h12 | Do Portal do Governo

Parte II

Violência

Pergunta – O senhor acha que o governador do Rio de Janeiro não conhece a realidade da Polícia de São Paulo?

Alckmin – Ele não conhece o Estado de São Paulo, quanto mais a Polícia.

Pergunta – A comparação é de que em São Paulo ocorreram 50 seqüestros este ano e no Rio apenas um e que foi solucionado, e que a Polícia do Rio estaria ajudando a Polícia paulista nos casos de seqüestro.

Alckmin – Eu não tenho essa informação, não sei se a Polícia do Rio está ajudando em alguma coisa. Eu acho muito bom que haja parceria entre os Estados. Se um Estado pode dar uma informação, os Estados devem trabalhar de maneira integrada.

Pergunta – O senhor disse que isso era história de pescador, por quê?

Alckmin – Eu acho que nessa área da Segurança Pública não é para fazer bravata e sim para trabalhar de maneira séria. Esse é um problema grave, é um problema do País inteiro, é um problema latino-americano característico dos grandes centros que só vai ser resolvido com uma forte ação do Governo junto com a sociedade civil organizada, junto com os municípios e com o Governo Federal trabalhando essa questão.

CESP Paraná

Pergunta – Governador, como está a situação da Cesp Paraná hoje?

Alckmin – Nós adiamos o leilão. O leilão marcado para amanhã (16/5) não vai acontecer. O Diário Oficial de hoje já publicou esse fato relevante e o adiamento do leilão. Por quê? Porque não estão muito claras ainda as questões que vão acontecer em razão da crise energética, as medidas de racionamento. Isso cria uma insegurança tanto por parte do Governo como por parte do mercado. É uma medida de cautela, uma medida de precaução, que eu acho correta. Vamos aguardar um momento melhor.

Pergunta – O adiamento aconteceu antes ou depois da concessão da liminar?

Alckmin – Não, não tem nada a ver com liminar. Liminar todo leilão tem. Aliás, independente de termos adiado o leilão nós já entramos com uma ação no Tribunal pedindo a cassação. Liminar é normal. No primeiro leilão, que foi da CPFL, houve 22 liminares. O Governo está acostumado com isso. Já entramos até com ação para cassar a liminar. Independente da liminar, que acho que podemos cassá-la rapidamente, está adiado o leilão até que a gente tenha, de maneira mais clara, o que vai acontecer em termos de racionamento, qual o impacto que isso vai ter e ter clareada essa questão.

Pergunta – Já tem uma nova data?

Alckmin – Não, não tem nenhuma nova data marcada.

Pergunta – Mas ainda pode ser este ano?

Alckmin – Eu acho que se pode fazer ainda este ano. Pode se fazer até mais rapidamente, mas nós não vamos marcar uma nova data enquanto não tivermos todas as informações e todas as medidas que o Governo Federal pretende adotar.

Pergunta – Isso vai evitar prejuízos?

Alckmin – Eu acho que sim. Eu acho que isso é uma medida de precaução, de prudência. Nós não temos todas as informações. O Governo Federal, que ontem fez uma reunião do Comitê, adiou para sexta-feira o anúncio do conjunto das medidas. Então, a precaução recomenda que a gente aguarde todas essas medidas, possa avaliá-las com mais cautela e aí marcar uma nova data.

Pergunta – Mas, governador, ainda ontem o senhor afirmou que o Governo já tinha feito toda a sua parte, tinha se preparado para o leilão e que ele iria acontecer e que as liminares seriam contestadas. O que mudou para o senhor ter decidido adiar o leilão?

Alckmin – E o que eu disse é verdade. O Governo, se quiser fazer o leilão a semana que vem, ele pode. Está tudo preparado, as questões jurídicas, independente do leilão, elas são enfrentadas. Já entramos com o pedido de cassação da liminar. O que mudou é que há uma insegurança em relação às medidas que vão ser tomadas quanto ao racionamento. Não está ainda muito claro quais vão ser, o tamanho desse racionamento. Eu acho que vale a pena a gente aguardar um pouco mais. Não precisa ser demorado isso, aguardar um pouco mais e ter um quadro um pouco mais claro em relação ao problema de energia.

Pergunta – Não foi falta de comprador?

Alckmin – Não, comprador você sempre tem, independente de… Isso não é o problema. O problema é o momento que estamos vivendo, que não é o mais adequado.

Pergunta – (inaudível)

Alckmin – Primeiro, nós vamos privatizar. O Governo não abre mão de privatizar. O Programa Estadual de Desestatização de São Paulo prevê a privatização do setor de distribuição e de geração de energia e o Governo mantém a transmissão. Nós vamos privatizar. Esse momento é que não é o mais adequado e não tem nada a ver a falta de energia com privatização, porque quase 90% das geradoras de energia elétrica do Brasil é toda estatal. Itaipu é estatal, Furnas é estatal, Chesf é estatal, Cesp Paraná é estatal, é tudo estatal. Então, ninguém pode responsabilizar a privatização por falta de energia. Ao contrário, trazer o setor privado é que vai garantir investimentos em infra-estrutura para amanhã não ter falta de energia.

Pergunta – Hoje se fala que o modelo de privatização estaria equivocado. Deveria ser privatizado primeiro a geração e depois a distribuição. O senhor concorda com isso ou mantém o modelo adotado?

Alckmin – Não, nós vamos manter o modelo adotado pelo Governo paulista. Só não vamos privatizar a transmissão, até porque a lei estadual diz que tem de ser mantida com controle estatal. Na realidade, na área de infra-estrutura, se for esperar que o Governo tenha dinheiro para investir tudo que é necessário em termos de infra-estrutura, vai levar muito tempo. A lógica da reforma do Estado é exatamente o Estado, no setor de infra-estrutura, ter uma ação mais reguladora e fiscalizadora e você trazer o setor privado para investir mais rapidamente para ampliar a infra-estrutura. O segredo de tudo é a regulação, ter um bom sistema regulador, um bom contrato de concessão que você possa cobrir. Eu acho que a questão da falta de energia não tem um fato isolado, ela tem um conjunto de fatos. Por exemplo, é inegável a falta de água. Se a redução das chuvas fosse só 20% abaixo da média histórica, não haveria racionamento. É que está havendo uma redução de chuvas 40% abaixo da média histórica. Qual o segundo problema? É o problema de investimentos. Você tem de ter investimentos maiores nesse setor. O terceiro problema, que não é problema, é uma coisa boa, é que o País está crescendo mais a sua atividade econômica, teve um aumento de demanda na área de energia pelo crescimento industrial. Então, você somou: o Brasil não está em recessão, está com economia crescente, que é muito bom, e você tem uma demanda maior. Por outro lado, você tem água de menos e 90% da matriz energética do Brasil é hidrelétrica, as termoelétricas andaram muito pouco para frente e por quê? Inclusive por problemas judiciais. Você pega aqui Cubatão. O Consema aprovou, está tudo certo, aí entram na Justiça, tem liminar, não consegue fazer. Então, hidrelétrica você não tem, no caso de São Paulo, como ampliar mais porque os recursos hídricos se esgotam com Porto Primavera. A possibilidade de novas hidrelétricas é pequena, o caminho é a termoelétrica e você tem gás natural para poder fazê-las, agora você tem problemas jurídicos, o Governo não manda no Poder Judiciário.

Pergunta – Então o senhor acha que iniciar a privatização pelas distribuidoras não está errado?

Alckmin – Eu acho que não.

Em instantes mais um trecho da coletiva.

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